VIDA UNIVERSITÁRIA
DE
BRASILINO GODINHO
ADENDA
UM FENÓMENO DE NATUREZA ÍNTIMA
Brasilino Godinho
01. O livro
O livro VIDA UNIVERSITÁRIA DE BRASILINO GODINHO foi escrito num
abrir e fechar de olhos.
Decidido a escrevê-lo impusera-me a obrigação de o lançar no dia 02 de
Junho de 2018, coincidindo com a data de entrega do meu diploma de Doutor. O
prazo disponível para o efeito pretendido era muito curto. E a tarefa da
escrita era suficientemente absorvente para não me facultar a calma e
ponderação de decidir sobre a hipótese que se me colocava de, na obra, relatar
um fenómeno de natureza íntima que ocorreu logo no final do meu primeiro ano
lectivo, na universidade aveirense (2008/2009).
Em conformidade, a obra é omissa quanto ao apontado fenómeno.
O cuidado posto em tal opção teve a ver com a essência e expressão do
fenómeno que sucedeu em circunstâncias invulgares; foi vivido intensamente por
Brasilino Godinho; por que dizendo-lhe directamente respeito; e, ainda, com o
facto de não ter sido testemunhado por ninguém.
Por isso, se o livro foi escrito num abrir e fechar de olhos, a decisão
de relatar o fenómeno, na presente ADENDA, releva de ela ter sido determinada
com os olhos fechados e eu aquietado em profundo recolhimento e meditação.
Agora, que apresento a Adenda por julgar que tem interesse dar público
conhecimento de uma invulgar ocorrência que esteve intimamente associada à
minha vida académica, reservo a consolação de crer que muitos mais olhos vão
estar abertos e atentos na leitura da peça aqui em foco. Referente ao fenómeno
que passo a relatar.
02. O fenómeno
Minha mulher, Luísa Maria Albernaz Tapia Godinho, precedendo um namoro
de quase dois anos, compartilhou a vida comigo durante 51 anos. Foi esposa de
nobre carácter, dotada de forte personalidade, dedicadíssima ao marido e aos
filhos. Deixou gratas recordações a todos os familiares, pessoas amigas e
conhecidas.
Morreu no dia 02 de Junho de 2008, pelas 17 horas.
Brasilino Godinho, entrou pela primeira vez (na sua vida, que à data
contava 77 anos), a frequentar a universidade no dia 20 de Outubro de 2008.
Assinalo que a partir do meio da tarde do dia 02 de Junho de 2009,
estava em plena aula da disciplina de Espanhol, a fazer um teste final. A prova
decorria normalmente, sem dificuldades. Eis senão quando chego ao penúltimo
item do questionário. O que está escrito e me é solicitado?
Isto:
Escreva um pequeno texto de exaltação da pessoa amada.
Nem queria acreditar no que estava a ler. Fiquei em
estado de choque! As lágrimas corriam-me pelas faces. Durante dez minutos não
as contive. Nem fui capaz de escrever uma palavra. Entreguei a prova sem fazer
qualquer revisão sobre o que houvera preenchido.
Durante aquela eternidade, sem me aperceber do que realmente fazia para
encobrir a conjuntura aflitiva, ter-me-á valido a circunstância de estar
sentado na fileira da frente da sala de aula e ao canto da parede, sem
companhia ao lado.
Por sorte, nem a professora, Dr.ª Beatriz Moriano, nem os colegas, se
aperceberam daquele transe de grande sofrimento. Dias após e já sabendo a
classificação da prova, informei a professora do que se tinha passado. Ficou
bastante surpreendida.
Até nem tinha conhecimento da minha viuvez.
03. Caracterização do fenómeno
Minha mulher morreu às 17 horas, do dia 02 de Junho de 2008.
Na condição de viúvo, pelas 17 horas do dia 02 de Junho de 2009 (um ano
depois e à mesma hora) em plena prova escrita, na universidade, sou solicitado
a escrever um texto amoroso sobre a pessoa amada (a minha falecida, linda e
saudosa mulher).
Permito-me a liberdade de fazer chamada de atenção para os seguintes
dados: mesmo dia, mesma hora, e invulgar tema, sua especificidade e relativa
pertinência.
Também surpreendente a escolha do tema da redacção que era solicitada.
Enfim, tantas coincidências que me suscitam a designação de ter sido um
fenómeno.
Para o qual não tenho explicação. E que ainda hoje me conserva
impressionado.
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