164.
APONTAMENTO DE
BRASILINO GODINHO
27 de Julho de 2018
BRASILINO GODINHO
27 de Julho de 2018
PARE!
ESCUTE! OLHE!
TODO O
CUIDADO É POUCO
NA
PSSAGEM DE DESNÍVEL DEMOCRÁTICO
A primeira ligação ferroviária
construída em Portugal foi inaugurada em 1856 entre Lisboa e o Carregado. E
desde então as linhas de caminho ferro foram providas de passagens de nível.
Nos últimos anos elas têm sido
extintas, por estarem há muito tempo desacreditadas, devido ao facto de algumas
vezes falharem na sua função de proteger e acautelar as vidas dos utentes das
linhas ferroviárias.
Entretanto, neste nosso
atribulado tempo, está sobressaindo a necessidade de um espaço de transição de
nome semelhante, que seja factor de advertência dos pacatos e indefesos
cidadãos que se aventuram em mergulhar no pântano eleitoral apontado pelo
famoso Guterres.
A esses espaços de transição
entre faixas do campo dito democrático, pode dar-se a designação de passagens de desnível democrático. Elas
colocadas nas famigeradas linhas do combóio da absoluta maioria (autárquica ou parlamentar)
e nelas também devidamente colocados, em postes, os avisos: PARE! ESCUTE! OLHE!
PARE! Para bem pensar e ajuizar do espectáculo circense
eleitoral que lhe é apresentado.
ESCUTE! a voz da razão com repúdio da vozearia e confusão
estabelecida pelos vendedores de banha da cobra.
OLHE! Apure a
visão e tenha os olhos bem abertos para descortinar no horizonte:
os fogos ateados por maldosos
incendiários; as nuvens de poeira; e os tornados devastadores que o obrigarão
a, prudentemente, se resguardar e prevenir das pressentidas devastações.
Esta necessidade de bem
acautelar a segurança das populações acentua-se com a aproximação das datas das
eleições.
Tanto mais em evidência quanto
mais ardilosa é a forma como os chamados amigos da onça - ocupando com o maior
destrambelho e atrevido protagonismo, a passagem de desnível democrático - evocam
a Democracia e a subvertem escandalosamente.
Desde logo, a maior
desvirtuação do sentido democrático associado aos actos eleitorais, incide na
obsessão pela maioria absoluta e exercício autoritário da gestão da
Administração Pública.
O eleitor tem de tomar
consciência que quem se obstina em proclamar o intuito de conseguir maioria absoluta
na Câmara dos Deputados, no Governo e nas Autarquias está, implicitamente, a
enaltecer os hipotéticos benefícios da ditadura.
Quem assim procede é, sem
dúvida, um potencial ditador, que não se conforma com o escrutínio dos
eleitores.
Mais: compenetrem-se os
eleitores de que com a maioria absoluta o governo que lhe corresponde governa
como quer, sem quaisquer obstáculos e pode à-vontade cometer as maiores
arbitrariedades, visto que os seus apoiantes lhe dão total cobertura.
E se assim é, onde está a
diferença de um governo da ditadura de Salazar e um governo apelidado de
democrático, como foi o de Pedro Passos Coelho? Ou de outros que venham a ser
eleitos como fingidamente democráticos, mas que, atingida a maioria absoluta,
serão ipso facto retintamente
governos de ditadura embora rotulados de democráticos.
Além de que o governo de
maioria absoluta não é expressão da vontade soberana da esmagadora maioria da
Nação. Geralmente assim acontece. E os eleitores deveriam fazer estas contas de
apuramento de dados abrangentes sobre a significação realista das eleições.
Uma última anotação: sempre
que me chega a vozearia dos pregões publicitários da maioria absoluta, dá-me
vontade de gritar: Ó da guarda! Acudam! A Democracia está pela hora da morte.
Igualmente, convocar o
ditador Salazar: Volta Salazar! Tu que foste o criador da Democracia Orgânica,
volta que estás perdoado. Tu és agora a figura tutelar dessa gente que anda
enfarpelada de democrata… Ela te saúda! Ela te venera!
Por enquanto,
disfarça!...
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