Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

quinta-feira, agosto 16, 2018




166. APONTAMENTO DE                                                                  
BRASILINO GODINHO

15 de Agosto de 2018    
QUEBRANDO SILÊNCIO
SOBRE O PAÍS ARDENTE

01. Tenho mantido silêncio sobre a panorâmica incendida que brilha no vasto horizonte de Portugal e que as televisões se comprazem em mostrar aos portugueses, como se tratasse de um atractivo, luminoso, espectáculo folclórico ou, alternando, como se transmitissem uma peça de teatro dramático, explorando a angústia das vítimas até à exaustão da repórter e do público espectador; forçado, mas contemporizador.
E assim procedendo por não alinhar em tais celebrações, mas, também, para não me acusarem de estar lançando mais achas para a fogueira e assim incrementar as ardências que eclodem no perverso campo político que marginaliza o famoso pântano desvendado in illo tempore pelo não menos afamado António Oliveira Guterres.
Porém, este verão atingiu-se o cúmulo da inoperância e da intolerável condescendência para com situações bastante dramáticas em Monchique, em linha de continuidade da tragédia de Pedrógão Grande, ocorrida no ano passado.
Por tudo isso, sinto obrigação cívica de abordar esta premente questão dos fogos florestais que parecem estar encomendados à cadência da sucessão dos anos. Estando por apurar e exigir responsabilidades a quem faz tais encomendase delas extrai chorudos proventos, com a mais incrível r obscena impunidade.
02. O parque florestal do país todos os anos é atingido pelos chamados fogos florestais.
Com imensas áreas de floresta e de matagais ardidos nas épocas estivaisl, interrogo-me como ainda existem matas em Portugal e como é possível que prevaleça a ameaça dos incêndios florestais que já estão consagrados na esfera governamental como uma tradição imutável. 
Os fogos florestais, ao correr do tempo, cada vez mais atingem maior amplitude e elevados danos materiais, a que se junta o crescente aumento de perdas de vidas de pessoas e de animais.
03. As variações climatéricas, as desordenadas plantações de espécies arbóreas, os matos que envolvem as plantas e as casas indevidamente construídas em locais dispersos pela floresta, a impreparação dos abnegados soldados da paz e dos respectivos comandantes (alguns deles encartados com licenciaturas arrelvadas e socráticas) a escassez de meios e instrumentos de combate nas áreas onde lavram intensamente as chamas, são factores de primária justificação para a frequência de tragédias como foram os incêndios de Pedrógão Grande e de Monchique. 
04. Mas outras implicações graves estão associadas aos fogos nas florestas. Tais como: as acções criminosas de quantos provocam ignições; as intervenções pirotécnicas nos festejos populares; e as queimadas de searas e silvados efectuadas clandestinamente. Também de ter em atenção as causas naturais com origem no intenso calor.
05. Igualmente de notar que a água necessária para apagar fogos é elemento preponderante a que recorrer num fogo, seja ele no meio rural ou no meio urbano. Dá que pensar como se irá apagar um fogo em tempo de seca em que ela não existe nos rios e nas lagoas. Nestas previsíveis situações que, ao correr do tempo, se vão acentuar não serão só as chamas a prosseguir a destruição do meio ambiente, mas também as elevadas temperaturas atmosféricas e o fumo a envenenar e a matar os animais racionais e irracionais. É uma ameaça que vai permanecer, sem fim previsível. Uma pergunta: o que teria acontecido em Monchique se não houvesse água para apagar a corrente de fogo? Os detentores dos órgãos do Poder e os vulgares cidadãos, nalguma ocasião, pensaram nesta hipótese horrível?
06. E por vir a talho de foice há que afirmar o seguinte: perca-se a veleidade de, perante tão negro quadro de desleixo, hipocrisia, incompetência e destruição, procurar na classe dos governantes da era democrática, pós 25 de Abril, quem seja virgem, isento de responsabilidades pelas graves situações que se têm sucedido e assim considerado por, notoriamente, se ter envolvido responsavelmente na resolução da complexa problemática da floresta e dos respectivos fogos. Se alguma avaliação tiver que ser feita ela nos indicará que tem havido a prevalência dos chamados maus da fita, repartidos por todos os quadrantes políticos; os quais, se distinguiram pela omissão, pela negligência e pela incompetência.
07. Permito-me formular algumas observações pertinentes quanto á forma/padrão como actualmente se combatem os fogos florestais em Portugal.
Chega a ser caricato e estarrecedor ver os bombeiros de mangueira em punho a direccionar a água para o cimo das chamas, quando o jacto devia ser orientado para a base da matéria incendiada, onde se concentra o maior potencial de fogo. Também impressionante é ver aviões e helicópteros a lançar quantidades de água, não em jacto, mas em dispersão ao longo do percurso aéreo, dando como resultado que ela não chega ao solo, porque entretanto se evaporou ou foi absorvida, dada a concentração das chamas e as elevadas temperaturas que atingem e que irradiam pelas áreas adjacentes.
E as consequências são desastrosas: ineficácia do combate enquanto o incêndio alastra, desperdício da preciosa água e custos elevados com os aluguéis das aeronaves e os consumos do combustível nos percursos de ida e volta entre as fontes de abastecimento de água e a largada expansiva sobre as chamas. Tudo a correr por conta do contribuinte e com agravo de quantos cidadãos carenciados, sem recursos para sobreviverem.
08. Uma grave anomalia quanto à extinção de incêndios nas florestas é a de ter sido abandonada a utilitária prática dos antifogos. Consta que os bombeiros actuais a desconhecem em absoluto. Muitos deles nem sequer conhecerão que era usada nos meados do século XX. Claro que desconhecendo-a, não sabem como aplicá-la. Dado concreto: não vai havendo notícia de ela ter sido exercida em qualquer lugar de Portugal, neste século XXI. Aliás os jornais e televisões não lhe dão acolhimento nas suas extensas reportagens, em que mais se preocupam em explorar a angústia das pessoas aterrorizadas pela imensidão da tragédia que as atingiu abruptamente. 
09. Necessidade prioritária é fazer intensivamente a limpeza dos matos, sobretudo em redor das casas – o que até nos centros urbanos das cidades não se faz.
Como referência importante deixa-se a informação de que, em alguns países, já se começam a usar eficazes expedientes de dominar os fogos. Por exemplo: na Suécia. Este verão o exército sueco tomou a seu encargo combater um incêndio florestal utilizando o processo que se usa na extinção dos fogos nos poços de petróleo. Provocou explosão na mata que ardia. Teve êxito total.
Acção tão simples quanto isto: Ocorreu a explosão. Simultaneamente gerou-se o vácuo.
E onde há vácuo não há fogo. Sem oxigénio não há combustão.

10. Permito-me uma última observação:
Não é prática correcta de combater qualquer fogo lançar jactos de água para a atmosfera, na vertical das chamas. É desperdício do precioso líquido. Se era suposto ser a água a acabar com o fogo é o fogo que acaba com a água. Desperdiça-se bastante água, pois que muita mais é utilizada, atrasa-se a extinção do fogo e facilita-se a propagação e incremento do mesmo - o que também se traduz em maior esforço de quem o combate e mais custos operacionais e de mobilização de pessoal e equipamentos. A que acresce o prolongamento do terror e sofrimento das populações ameaçadas.