Pedro
Passos Coelho
esconde
invulgar arte
talvez
inventada por ele
Brasilino Godinho
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Passos Coelho terá sido fotografado quando afirmava: “Não vou aqui cenarizar”
Pedro
Passos Coelho é um cidadão dotado de vários, estranhos, dons artísticos. Dir-se-á
serem todos de natureza política; por sinal, nada apreciados por milhões de
portugueses.
Ultimamente
tem havido indícios de possuir outras capacidades que nem terão exposição ou
divulgação pública.
Ainda
hoje deu ensejo a que se suscitasse grande curiosidade relativamente a uma vaga
capacidade artística envolta num intrigante segredo ou numa obscura precaução.
Passos
Coelho prestando declarações a uma jornalista da televisão, sobre matérias da
actualidade política, pronunciou a seguinte afirmação: “Não vou aqui cenarizar”.
Devo
confessar: Fiquei perplexo. Angustiado. E mais convencido da minha grande
ignorância.
A partir
desta data fico devedor a Pedro Passos Coelho da mercê, concedida de través, com
longa distância a separar-nos geograficamente e facultada num instante, de
levar-me ao rápido convencimento de que “só
sei, que nada sei” – socorrendo-me, num momento de tão dolorosa
introspecção, das palavras de Sócrates - o sábio grego (anotação importante,
não fosse alguém confundir com o Sócrates português...).
Mas
deixando de lado o meu desagradável problema, suscitado pela citada afirmação
da coelhal figura, importa encarar o caso numa perspectiva de interesse
público, de avaliação gramatical, de interpretação semântica, de apuramento da essência
artística.
Certamente
que tenho de formular algumas interrogações.
A
primeira interrogação tem a ver com a definição do termo cenarizar. O que será cenarizar?
Será verbo? Será substantivo? Será um conceito? Será uma acção? Uma atitude
objectiva? Uma inovadora forma de exercitar a dialéctica? Maneira sofisticada de
cultivar a retórica? Será a imitação/repetição dos paradigmáticos diálogos das
quintas-feiras com o inexcedível presidente Cavaco? Uma encenação do
teatro/circo exibido todos os dias na capital alfacinha? Será dança folclórica
inspirada nos usos e costumes do Cavaquistão? Será um novo ritual de iniciação
esotérica? Ou uma habilidade artística de uma arte desconhecida, porventura
descoberta por Passos Coelho? Ou expediente de artes mágicas congeminadas pela
dupla Coelho/Portas? Quiçá função prática de misteriosa cenarização a que Passos Coelho aludiu na noite de 27 de Novembro
de 2014, durante uma entrevista à RTP1?
Para
mais complicar a serena análise deste imbróglio, Passos Coelho foi prevenindo
que “Não tenho por hábito fazer cenarização
política”.
Ora
se não lhe é habitual cenarizar por
que haveria de prevenir a jornalista de que ali não iria cenarizar? E noutro lugar ou com outra jornalista, ou noutro dia, mês,
ano, já iria cenarizar? Neste ponto,
é gritante a contradição. Até deu a impressão contrária. Isto é: Passos Coelho
costuma cenarizar. Tanto assim bem
subentendido que ali e naquele momento, não estava disposto a condescender na cenarização ou melhor explicitando: em cenarizar.
E
que razão importante foi causa decisiva para, naquele momento, Passos Coelho
não cenarizar? Perdeu-se soberana
ocasião dos portugueses conhecerem o que é essa coisa de cenarizar. Além de inoportuno, o procedimento de Passos Coelho
traduziu-se numa lamentável desfeita feita ao povo português. E, outrossim, ao
cronista Brasilino Godinho que ficaria mais enriquecido com a demonstração do
artista/mestre, decerto cenarizado, Passos
Coelho. Também por isso, estou aqui a queixar-me. É que com esse enriquecimento,
agora, muito mais agradecido estaria ao cidadão Pedro Passos Coelho…
Por
outro lado, afirmando que não tem por hábito fazer cenarização política (seja lá isso o que for), Passos Coelho está a
convencer-nos que fará outras cenarizações
de diversas naturezas mui preservadas da devassa do público. Curiosidade
inevitável: Quais serão elas? Em que locais são levadas à prática?
Porquê,
escondê-las? E, nesta complexa matéria, haver tanta discrição?
Tudo
isto parece uma charada. Muito difícil de resolver sem a ajuda do próprio
inventor da arte(?) de “cenarizar”:
Pedro Passos Coelho.
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