Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
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SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

sábado, agosto 08, 2015



Pedro Passos Coelho
esconde invulgar arte
talvez inventada por ele

Brasilino Godinho

                     económico.sapo.pt
                                 Passos Coelho terá sido fotografado quando afirmava: “Não vou aqui cenarizar

Pedro Passos Coelho é um cidadão dotado de vários, estranhos, dons artísticos. Dir-se-á serem todos de natureza política; por sinal, nada apreciados por milhões de portugueses.
Ultimamente tem havido indícios de possuir outras capacidades que nem terão exposição ou divulgação pública.
Ainda hoje deu ensejo a que se suscitasse grande curiosidade relativamente a uma vaga capacidade artística envolta num intrigante segredo ou numa obscura precaução.

Passos Coelho prestando declarações a uma jornalista da televisão, sobre matérias da actualidade política, pronunciou a seguinte afirmação: “Não vou aqui cenarizar”.
Devo confessar: Fiquei perplexo. Angustiado. E mais convencido da minha grande ignorância.
A partir desta data fico devedor a Pedro Passos Coelho da mercê, concedida de través, com longa distância a separar-nos geograficamente e facultada num instante, de levar-me ao rápido convencimento de que “só sei, que nada sei” – socorrendo-me, num momento de tão dolorosa introspecção, das palavras de Sócrates - o sábio grego (anotação importante, não fosse alguém confundir com o Sócrates português...).

Mas deixando de lado o meu desagradável problema, suscitado pela citada afirmação da coelhal figura, importa encarar o caso numa perspectiva de interesse público, de avaliação gramatical, de interpretação semântica, de apuramento da essência artística.

Certamente que tenho de formular algumas interrogações.
A primeira interrogação tem a ver com a definição do termo cenarizar. O que será cenarizar? Será verbo? Será substantivo? Será um conceito? Será uma acção? Uma atitude objectiva? Uma inovadora forma de exercitar a dialéctica? Maneira sofisticada de cultivar a retórica? Será a imitação/repetição dos paradigmáticos diálogos das quintas-feiras com o inexcedível presidente Cavaco? Uma encenação do teatro/circo exibido todos os dias na capital alfacinha? Será dança folclórica inspirada nos usos e costumes do Cavaquistão? Será um novo ritual de iniciação esotérica? Ou uma habilidade artística de uma arte desconhecida, porventura descoberta por Passos Coelho? Ou expediente de artes mágicas congeminadas pela dupla Coelho/Portas? Quiçá função prática de misteriosa cenarização a que Passos Coelho aludiu na noite de 27 de Novembro de 2014, durante uma entrevista à RTP1?

Para mais complicar a serena análise deste imbróglio, Passos Coelho foi prevenindo que “Não tenho por hábito fazer cenarização política”.
Ora se não lhe é habitual cenarizar por que haveria de prevenir a jornalista de que ali não iria cenarizar? E noutro lugar ou com outra jornalista, ou noutro dia, mês, ano, já iria cenarizar? Neste ponto, é gritante a contradição. Até deu a impressão contrária. Isto é: Passos Coelho costuma cenarizar. Tanto assim bem subentendido que ali e naquele momento, não estava disposto a condescender na cenarização ou melhor explicitando: em cenarizar.

E que razão importante foi causa decisiva para, naquele momento, Passos Coelho não cenarizar? Perdeu-se soberana ocasião dos portugueses conhecerem o que é essa coisa de cenarizar. Além de inoportuno, o procedimento de Passos Coelho traduziu-se numa lamentável desfeita feita ao povo português. E, outrossim, ao cronista Brasilino Godinho que ficaria mais enriquecido com a demonstração do artista/mestre, decerto cenarizado, Passos Coelho. Também por isso, estou aqui a queixar-me. É que com esse enriquecimento, agora, muito mais agradecido estaria ao cidadão Pedro Passos Coelho…

Por outro lado, afirmando que não tem por hábito fazer cenarização política (seja lá isso o que for), Passos Coelho está a convencer-nos que fará outras cenarizações de diversas naturezas mui preservadas da devassa do público. Curiosidade inevitável: Quais serão elas? Em que locais são levadas à prática?
Porquê, escondê-las? E, nesta complexa matéria, haver tanta discrição?

Tudo isto parece uma charada. Muito difícil de resolver sem a ajuda do próprio inventor da arte(?) de “cenarizar”: Pedro Passos Coelho.