Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

terça-feira, outubro 30, 2012


04. O obscuro caso
da licenciatura arrelvada
Configura um quadro de abrangentes anormalidades mui lesivas das imagens do Ensino Particular e dos respectivos docentes e discentes que, sobremodo, confrange e preocupa.
Considerações finais
Por: Brasilino Godinho

01. Licenciatura arrelvada. Esta, a nódoa existente no pano de fundo do Ensino Superior.
E algures, (pasme-se!) esboçando-se em sede governamental, a perspectiva de um redentor(?) branqueamento.
Actualmente, vão transparecendo indícios que apontam no sentido de que, em Lisboa, se providencia a constituição de um grupo de pressão conotado com o governo, com o objectivo de desencadear um processo de branqueamento da nódoa do grande pecado a que chamamos a licenciatura arrelvada – a qual, foi atribuída ao ministro dos Assuntos Parlamentares.
Permitimo-nos opinar que a estapafúrdica tarefa da limpeza de uma mancha tão entranhada no tecido arrelvado, concernente ao aludido processo, terá uma dimensão hercúlea - o que, à primeira vista, parece ser, de todo, incompatível com quaisquer artes manipuladoras e malabarismos usualmente utilizados em casos semelhantes pelos agentes especializados que integram o específico mercado político que se dedica a tais aliciantes actividades…

02. A incontestável realidade
Mais acreditamos que, obviamente, essa peculiar tarefa especializada, sobrevinda de um despudorado sonho, tido em manhã de denso nevoeiro, pairando sobre a zona ribeirinha do Terreiro do Paço, da alfacinha cidade, está irremediavelmente condenada ao insucesso. Uma nossa crença que se baseia na incontroversa realidade; a qual - é de sublinhar - se configura em cada uma das componentes do obscuro processo de atribuição da licenciatura arrelvada, a saber: a natureza da fraude, os termos das classificações das disciplinas e da atribuição do grau, os inconcebíveis créditos, os vários ilícitos praticados, a estranha anormalidade de todo o currículo, o escândalo da atribuição do diploma e, finalmente, a indiscutível nulidade da referida licenciatura arrelvada – que o é, por que convenientemente adornada e formatada de pedaços de relvas, entrelaçados à medida das conveniências e das insuficiências académicas do sujeito de compleição arrelvada que é, definitivamente, um licenciado falso. Se, acaso, o leitor preferir… uma designação mais sonante, digamos: um falacioso licenciado. Ou seja: um licenciado de coisa nenhuma. Os dados conhecidos são expressão visível e convincente dessa realidade insofismável; a qual, está bem à vista de toda a gente. Por certo, um caso único em Portugal; eventualmente, sem análogo nos chamados países do terceiro mundo.

03. A falácia da perseguição (dita pessoal) a Miguel Relvas
Num mundo português tão heterogéneo, abrangente, subterrâneo, minado, confuso, poluído, corrupto, pantanoso, onde germinam e se desenvolvem meios poderosos, múltiplos interesses, inúmeros tráficos de influência, mil e uma manobras de subversão de valores e de princípios e, até (veja-se ao ponto extremo a que chegámos) formas ignóbeis de destruição do tecido social, é possível que - sendo o caso Relvas, ora posto em causa, um exemplo de todo o quadro tenebroso já aqui, nos antecedentes textos, exposto na sua crueza - também nele esteja incluída alguma perseguição pessoal. Lá diz o ditado:”Quem anda à chuva, molha-se”, apesar dos cuidados de protecção.
Mas, uma perseguição a Miguel Relvas movida por interesses poderosos? Quais serão? E estes, serão mesmo mais fortes do que aqueles que movem Relvas? Que sabemos nós de uns e de outros? Porém, a hipotética perseguição a Relvas nada tem a ver com a essência da questão da licenciatura arrelvada. Tal ideia maquiavélica, com acentuada marca intencional de dar a volta por cima, visará desviar a atenção para algo pessoal, abstracto, marginal, absolutamente irrelevante na sociedade portuguesa. Outrossim e sobretudo, tentando desvalorizar o aberrante tema da falcatrua académica; esta, sem margem para dúvidas, uma anomalia que, inegavelmente, tem implicações de extrema gravidade a diversos níveis e que, afinal, desqualifica, subverte e descredibiliza o Ensino Superior.
  
04. Alguém já sugeriu: “Retirem a licenciatura a Relvas e acabe-se com a história”.
Interrogamos: como assim?
De facto, seria a justa e apropriada punição para quem se presta a tamanha indignidade. Porém vaticino que isso nem se verificará, devido às protecções de que Relvas dispõe no governo e em meios poderosos e influentes que lhe são adjacentes ou fraternais.
E ainda, assinale-se, porque os ditos amparos estão implícitos na dupla premissa da lógica e manipuladora funcionalidade, que inspirou (melhor dito, motivou) a criação de algumas universidades particulares: a de proporcionar bastantes facilidades de branqueamento de capitais e a de facultar aquisição expedita, rasteira, de diplomas universitários, por parte dos meninos e meninas das jotas dos partidos do arco governamental. Pelo que hoje se sabe, tem sido uma grande bagunça, associada a um invulgar regabofe. Com as previsíveis e brilhantes(…) consequências que se vão conhecendo. De que são exemplos emblemáticos os numerosos casos de “especialistas” em várias áreas, com a provecta(…) idade de 25 anos (ou um poucochinho mais) que, actualmente, enxameiam, decoram, animam e cobram balúrdios nos gabinetes ministeriais.
Apesar dos aspectos negativos e deploráveis deste patético e indecente quadro, festivamente e irresponsavelmente criado e mantido ao correr do tempo, não se desvie a atenção do grande problema suscitado pela licenciatura arrelvada do político Miguel Relvas: o mau precedente e o péssimo exemplo de quem se dispensa do esforço e procura meios equívocos e condenáveis pelo senso comum, para obter benesses de vária ordem, inclusive graus académicos.
No caso Miguel Relvas, acresce o descrédito da Universidade Lusófona e a descredibilização das graduações de tantos estudantes genuínos que se aplicaram e trabalharam na aprendizagem, julgando que as licenciaturas seriam factores de válido suporte às suas carreiras profissionais. Mais: assim agressivamente expostos à colagem da vergonhosa imagem a que ficarão sujeitos, concernente à marca ignominiosa da licenciatura arrelvada, por certo que se sentirão deprimidos, envergonhados, traídos e, sobretudo, frustrados nas suas legítimas aspirações e expectativas. E isto – não esqueçamos – traduz-se em desastrosas consequências (materiais e psíquicas) para as vidas de muitos jovens e dos seus familiares.   

05. Todavia, interpelamos:
Quem alimentará ilusões no que se refere aos resultados da “investigação oficial” sobre o caso Relvas? O mais provável é que no patamar decisório se engendre uma jeitosa forma de assegurar ao ministro Miguel Relvas a manutenção da imerecida, vergonhosa, licenciatura arrelvada – o que será mais um inequívoco reflexo do estado de degradação moral, de menoridade cívica e de perversidade política, deste desfigurado país.
Aliás, o despacho do ministro Nuno Crato, ao estabelecer um prazo de 60 dias para a Lusófona reavaliar a atribuição das licenciaturas nos moldes da de Relvas, já deixa antever qual será o fim de tão estranho expediente. Ademais, o ministério do Ensino Superior não teria outra maneira de actuar?

06. Ponderar, é necessário!
Face às conclusões da Inspecção-Geral da Educação e Ciência (IGEC), impunha-se agir de imediato, com severidade, anulando o grau concedido a Miguel Relvas e sancionando a Universidade Lusófona. Confiar à prevaricadora universidade o benefício da “mera advertência, a mais baixa que pode ser feita” (expressão depreciativa do futuro alcance da decisão do ministro Nuno Crato, que foi utilizada, com ênfase, pelo ministro Miguel Relvas) e, ainda, a prerrogativa de a Lusófona, por mera casualidade, corrigir o procedimento, só pode representar um perturbante expediente, assaz indiciador de contemporização para com a situação fraudulenta criada e até agora persistente.

07. Anotamos:
O despacho ministerial, de imediato, inculca a ideia de fingimento do rigor na resolução do problema. Com uma insuportável correspondência: a de iludir os portugueses. Como se todos fossemos uns patetas que, facilmente, se deixam intrujar. Isto (no que diz respeito ao fingimento), a concretizar-se, é um abuso de confiança e de autoridade. Imoral! Repulsivo! Intolerável!

08. A hipótese de se estar preparando apetecido manjar para Relvas…
De modo que, tudo ponderado no seu apropriado contexto, se pode admitir que os 60 dias concedidos pelo ministro Crato darão tempo a algum gabinete de advogados, especializado na específica culinária, confeccionar o apetecido manjar que será servido ao colega, debilitado ministro Relvas… Então, este, pós repasto com final apropriadamente assinalado com serviço de champanhe, e já num estado de euforia, poderá proclamar: como sempre recomendei, cumpriu-se a lei. Igualmente, segundo a lei das probabilidades, levado pelo entusiasmo, até dirá: agora, posso dizer, que estou em cima da lei!... Eventualmente, suscitar-se-ão muitos aplausos da parte dos radiantes parceiros confraternais.

09. Dando sequência à antecedente e desafiante interrogação “Como assim?”
Tem sentido a seguinte pergunta: Quem acredita que o ministro Crato vai exarar um despacho a impor a anulação da licenciatura arrelvada do seu colega de governo, Relvas? E logo, sendo este - para além de outros antecedentes relacionais de alguma relevância - um ultra-protegido do chefe do governo.

10. Pertinentes observações que nem são de implicância.  
Porque me revejo em valores e princípios que desde a infância me esforço por respeitar e deles, por palavras, atitudes e actos, tenho dado testemunho público, sem desvios e tergiversações, encontro-me frequentemente na primeira linha do combate pelas grandes causas que dão consistência à vida do colectivo dos cidadãos.
A série de quatro textos sobre o caso da licenciatura arrelvada elaborados nos últimos dias, cinge-se ao normal exercício dos deveres e direitos de cidadania que, nos termos constitucionais, me são facultados. Igualmente, se enquadra no âmbito da minha habitual actividade de cronista atento ao evoluir da sociedade portuguesa.
Por isso, estou à-vontade para aqui expressar as maiores reservas quanto à personalidade de Miguel Relvas. Elas têm base de suporte no longo historial de trapalhadas em que, ao longo dos anos, tem estado envolvido.
Nem sequer, da minha parte, há qualquer animosidade pessoal com a pessoa Miguel Relvas, que só conheço de nome e de figura profusamente exposta na montra pública dos órgãos de comunicação social.
Aqui, abro o seguinte parêntesis: quem é figura pública expõe-se e fica sujeito aos juízos dos concidadãos. Terá, forçosamente, de conviver com essa contingência e modelar a sua existência com redobrados cuidados no cumprimento dos deveres da cidadania e das funções que desempenha e, ainda, na afirmação da sua impoluta personalidade; prevalecendo-se, a todos os momentos, da valorização pessoal e do correlativo, decorrente, benefício da grei.

11. A obrigação cívica que se nos impõe
Por todas as múltiplas razões que se poderiam evocar ou intuir no contexto desta nossa intervenção cívica, uma obrigação se nos impõe: lutar em prol não só da instauração da seriedade e da ética na Política e na Administração Pública; como, igualmente, em favorecimento da imprescindível exigência da Nação acompanhar com rigor (ao nível da tolerância zero) as actuações dos detentores do Poder.
Os agentes que se envolvem na esfera de acção dessas estruturantes componentes da sociedade portuguesa, têm de ser pessoas sérias, dignas, competentes, sem sombras de pecados desonrosos e ofensivos das obrigações cívicas e morais inerentes aos exercícios de funções oficiais. Isto, entendido como uma norma impositiva que, direccionada à consciência de qualquer cidadão, tem de prevalecer sobre tudo e sobre todos quantos têm responsabilidades concretas ou fictícias na sociedade.

12. Um combate que é imprescindível por uma razão básica:
O futuro de Portugal está na EDUCAÇÃO autêntica
e no ENSINO qualificado e credível.
Um futuro que, insistimos, não se alicerça com gente que, sem estudar e frequentar as aulas, obtém os diplomas académicos recorrendo a expedientes pouco abonatórios, traficados por trás da cortina (localizada em recantos sombrios), inteiramente à mercê ou por mercê de amigos, compadres e correligionários.

Concluindo
Tomemos consciência de que a situação actual do país decorre, em grande medida, da clamorosa impreparação dos governantes e das suas práticas oportunistas e malfazejas.
O estado de decadência e de extrema miséria generalizada em que Portugal está mergulhado é prova concludente da pouca valia da maior parte da classe política, que desgraçadamente tem manipulado, a seu bel-prazer, o desgoverno de Portugal.
Fim