Em tempo de compasso...
ORÇAMENTO
A DERRADEIRA ARMA LETAL
PARA ANIQUILAR PORTUGAL
Brasilino Godinho
O conselheiro de Estado, ex-secretário geral do Partido
Social Democrático (PSD), dr. Marques Mendes, designou o Orçamento, ora apresentado
pelo governo, como “um assalto fiscal à mão
armada ao contribuinte” e uma “brutalidade,
para matar a classe média”. Outros comentadores deram-lhe os mais
diversos nomes; todos convergentes num ponto: é um documento iníquo, que sobressai
da impreparação, da incompetência, da imaturidade, do autismo doentio, e da
cegueira ideológica, dos actuais governantes.
Pela nossa parte, dizemos o óbvio: é a derradeira arma
letal a que o governo recorre para concretizar, de imediato, o aniquilamento de
Portugal.
Esta, segundo todas as evidências, é a sonhada meta de
Passos Coelho e dos seus colaboradores e amigos.
Esse desígnio governamental vem sendo prosseguido meticulosamente
desde a tomada de posse do executivo, que tem como membros mais destacados:
Pedro Passos Coelho e Paulo Portas; respectivamente, os grandes chefes do PSD e
do CDS-PP.
As sucessivas medidas de austeridade, aparentemente
justificadas como necessárias para cumprir o memorando do acordo com o FMI,
Comunidade Europeia e Banco Central Europeu, ultrapassaram todos os limites
impostos em tal documento, por abusivo arbítrio de Passos Coelho e dos seus
companheiros da aventura governamental, desejosos de se apresentarem como bons (melhor
dito: excepcionais) alunos, inteiramente devotados ao propósito de exercitarem
total fidelidade às orientações da famigerada chefe do governo alemão, sr.ª
Angela Merkel. Um, absolutamente, condenável procedimento que é tido em prejuízo
do interesse nacional e em manifesta, mui abusiva, prática extraordinariamente
agressiva para com os cidadãos portugueses; especialmente, os mais carenciados.
E, também, um preconceituoso e enviesado processo de actuação, todo ele
orientado no sentido da eliminação da classe média.
Dando a impressão que andam por ali, em Lisboa e
acolá, algures na estranja, de cabeça perdida e desorientados, no labirinto das
suas inabilidades, das suas contradições, dos seus incontrolados desvarios, das
suas notórias limitações, dos seus mesquinhos interesses e, quiçá, dependentes
de relações e motivações pouco transparentes, os governantes exercem o mandato
sob as perspectivas: do depauperamento do país; do empobrecimento generalizado
da população; da destruição da classe média (não é demais, repetir a afirmação,
para que ela não se desvaneça no sentir das gentes); da asfixia e colapso da
economia; do bloqueio do Ensino e Educação; do aumento progressivo do
desemprego; da negação aos jovens de uma vida digna em Portugal, incitando-os a
emigrar; do impedimento dos idosos a acederem aos cuidados de saúde e a meios
de sobrevivência; da obsessiva perseguição aos funcionários públicos; das
ostensivas agressões aos reformados e pensionistas diminuindo-lhes os baixos
valores monetários das pensões, dos abonos, dos subsídios, dos passes sociais –
sintetizando: criando e desenvolvendo situações de destruição do património
colectivo, de redução do índice de natalidade, de extermínio do tecido social,
do declínio cultural, do abastardamento da língua portuguesa, do desprezo pela
grandeza das actividades professoral e de formação das novas gerações.
Resumindo: na global perspectiva de degradação extensiva do todo nacional.
Importa realçar que tudo isto se configura num plano
abrangente repartido por várias formas de realização.
Entre as aberrantes e violentas medidas de destruição
massiva sublinhe-se a conjugação que se estabelece através dos continuados
aumentos das facturas dos meios de produção, dos combustíveis, da água, da
electricidade, do gás, dos transportes, dos bens de consumo, dos brutais
impostos, das taxas moderadoras nos hospitais, dos tratamentos médicos, do
vestuário, das portagens nas vias rodoviárias, de todos os serviços prestados
pelos serviços da Administração Pública. A que acresce as suplementares
despesas com a vasta gama de incríveis taxas que se criam sob os mais extravagantes
pretextos ou justificações.
Este, é o expediente anómalo e revoltante do governo
que nos desgoverna com tamanho sentido destrutivo. Ele, despudorado agente
malfeitor, a tudo lança mão para aumentar custos de produtos e serviços,
enquanto, por acinte, diminui drasticamente os já de si parcos rendimentos da
maioria dos portugueses – os mais baixos da Europa, sublinhe-se.
Assim concebido, gerado e desenvolvido, o processo de
contínua degradação da sociedade portuguesa, tem agora, o governo, fixado o favorável
clima e estabelecidas as apropriadas condições de precariedade geral no tecido
social, para utilizar o ORÇAMENTO, como a derradeira e eficiente arma letal de
extermínio e de completa ruína de Portugal.
É de crer que isso aconteça porque o povo está
indefeso e a suprema autoridade do Estado, Presidente da República, dá a imagem
de uma figura distante que está ao longe, tolhida, pasmada, e limitada a ver
passar o comboio da desastrada aventura governamental. Pior, ainda, parece, não
ter envergadura mental, nem dispor de elementar critério de objectividade que
lhe permitisse formular a correcta análise da complexa matéria política que
está em causa e, consequentemente, agir em conformidade com o superior
interesse nacional. Igualmente, não transparece da sua figura esfíngica uma
natural propensão associada a forte ânimo para enfrentar a gravidade da
conjuntura; tão-pouco, a presidencial criatura mostra disposição de abstrair da
sua condição partidária, para tomar a imprescindível decisão de demitir o governo
e nomear outro de sua iniciativa.
Uma última nota para acentuar que não tem cabimento a
observação falaciosa que alguns comentadores e políticos - activos participantes
dos indecorosos espectáculos levados à cena no insuportável circo político, habitualmente
instalado em diversos locais, na capital alfacinha - ditam com ligeireza de raciocínio, comunicam
com despudorada pesporrência, proclamam com demasiada e inconsistente
desenvoltura e repetem vezes sem fim, ao arrepio de uma rigorosa e bem fundamentada
interpretação das variáveis da problemática em jogo. Observação que se insinua
como uma sentença algo diabólica e catastrófica expressa na expressão: a
demissão do governo resultaria no caos.
Porém há que dizer, com veemência, realismo e
seriedade, o seguinte: o maior caos já está instalado no país. E a imensa,
inqualificável, desgraça que representará a aplicação do ORÇAMENTO suplantará,
em muito, a calamitosa situação actual. Porque agrava todos os indicadores
daquela que já existe. E que todos já sentimos
amargamente.
Ela, sim! A desgraça do ORÇAMENTO será a maior de
todas as calamidades que temos vivido ultimamente. Incomensurável, com
profundas repercussões devastadoras: quer sociais; quer na segurança interna;
quer nos inúmeros constrangimentos futuros da sociedade portuguesa.
Fim
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