03. O obscuro caso
da licenciatura arrelvada
Configura um quadro de
abrangentes anormalidades mui lesivas das imagens do Ensino Particular e dos
respectivos docentes e discentes que, sobremodo, confrange e preocupa.
Por: Brasilino Godinho
Miguel Relvas
falou sobre a sua licenciatura
arrelvada.
Pergunta-se:
Disse algo?…
O
ministro dos Assuntos Parlamentares, no p. p. sábado, dia 27 de Outubro, fez
algumas declarações sobre a sua licenciatura arrelvada. Deu um ar da sua graça…
habitualmente desengraçada. E sorriu muito. Porque o nervoso era miudinho. Tinha
as faces rosadas. O olhar inquieto. Parecia receoso. Denotava pressa. E
terminou de forma audaz, com uma tirada que deixou meio mundo deslumbrado: “Não tenho receio de nada, quero que tudo
seja apurado, porque, como disse, fiz de acordo com a lei, de consciência
tranquila, de boa fé. Era assim que estava, é assim que estou e é assim que
continuarei a estar”.
Ditas
as palavras, aconteceu algo espantoso: ninguém bateu palmas. Uma grande
desconsideração para o declarante. Imerecida…
Desde
logo, pela simples razão de que talvez o desconcertante governante nunca tenho
sido tão concreto, verdadeiro e franco, como naqueles momentos.
É
que acreditamos piamente que ele não tem receio de nada. Aliás é óbvio que com
a posição e o poder governamental que possui, mais o apoio espiritual das boas famílias que o acompanham e o aplaudem,
só se fosse tolo é que se deixava atormentar pelo medo. A criatura ministerial
em causa pode ter defeitos mas essa falha mental nem se lhe nota. Também, quer
tudo apurado. Faz muito bem… e avisadamente. Neste aspecto, pode permanecer
calmo. Nada será apurado em seu desfavor. O processo será muito eficientemente
conduzido em tempo de 60 dias, segundo o preceituado pelo colega Nuno Crato e
melhor concluído, no sentido que já se induz pelo regrado andamento da
carruagem… do comboio do referido apuramento. Depois, informou que quanto à
matéria da “consciência tranquila”,
isso é coisa que ele domina com engenho e alguma arte e que o habilita a estar
sempre dela imbuído: desde antanho, ainda hoje e certamente nos dias que se vão
seguir até à consumação da quebra final da sua existência. Um factor de alma e valimento
de devoto, bastante crente e entusiasta praticante, que se enraízam na sua “boa-fé”; a qual, exercita de “acordo com a lei” e deriva das suas imperecíveis
certezas e do acolhedor ambiente que o rodeia.
Não
obstante, existem muitos indígenas que, cépticos e atentos aos sinais
exteriores de insensibilidade, põem em dúvida que o finório político e imprevisível
governante tenha a real percepção do que é essa simples coisa designada de
aptidão ou estado consciencial. Portanto, o bom senso impõe que se encare com a
maior reserva o palavroso discurso de auto-elogio debitado pela excelência de
arrelvada textura.
Quanto
às outras afirmações de Relvas há que anotar a seguinte referência:
caracterizam-se por lugares comuns irrelevantes para a análise do seu caso; por
sorte própria, benfazeja, excessivamente arrelvado. Claro que tais declarações
dão azo a qualquer indistinto cidadão formular pertinentes juízos acerca das
implícitas determinantes que subjazem do respectivo processo de apreciação a
ter lugar em sede do ministério tutelar. As mesmas irão evidenciar-se no
resultado final. Segundo os costumes, antevemos: “Tudo como dantes,
quartel-general em Abrantes”…
Aliás,
se o fenómeno acontecer, será um facto condizente com aquela surpreendente e
espectacular novidade, qual petardo ensurdecedor que terá ferido os tímpanos de
muitos circunstantes, dada no sábado, dia 27 de Outubro de 2012, por Relvas: “Dê sempre o exemplo ao longo da minha
vida”. (Neste ponto, haverá que reparar no intrigante pormenor não
despiciendo: ele, precavido, sagaz, não diz se bom ou mau exemplo…).
Então,
nessa altura propiciadora de aflitivas vertigens, quedados um pouco contemplativos,
bastante atordoados e muito enternecidos… mas, por sorte malvada, também deveras
compungidos, exclamaremos: Bravo, bravíssimo! Excelente! Está salva a honra do
convento beneditino – a fabulosa casa-mãe da nossa desventura colectiva. E onde
tem bom e faustoso resguardo; atraente e bela cama; extraordinária e farta, mesa;
a tristonha e perversa social-democracia, da nossa desfigurada república.
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