Ao compasso do tempo…
ELEIÇÕES (27 DE SETEMBRO).
VAMOS CONTEMPLÁ-LOS NAS SUAS INSIGNIFICÂNCIAS E PERVERSIDADES…
Brasilino Godinho
http://quintalusitana.blogspot.com
A classe política de Portugal, numa apreciação global, caracteriza-se pelas facetas de mediocridade, oportunismo, mentira, populismo, corrupção, despudor e pelos constantes abusos, frequentes ofensas e prolongadas agressões à pessoa do Zé-Povinho, sem o mínimo respeito pela sua boa-fé, candura extrema e inteligência.
Claro que há pessoas, quais marginais da corriqueira política que, com maior ou menor grau de sinceridade e coerência de atitudes, fazem a diferença para melhor, porque nelas releva o carácter e os sentimentos de apego ao Bem Comum e de solidariedade com o próximo mais desfavorecido pelas contingências da vida ou pelos advindos malefícios carreados por sombrias veredas existentes numa sociedade inteiramente à mercê de malfeitores e exploradores que não olham a meios para atingirem os seus tenebrosos fins.
Escrita esta referência às boas consciências que, excepcionalmente, sobressaem no execrável pântano em que chafurdam a política e a governação nacionais, vamos debruçar-nos sobre a candente questão das eleições para deputados que estão marcadas para o p. f. dia 27 de Setembro.
Nesse dia, apresentam-se ao eleitorado várias listas enfermando de um pecado original. Isto é: os candidatos foram escolhidos pelos critérios da fidelidade ao partido ou ao chefe, com total exclusão de preocupações correlativas com a seriedade, a competência e a adesão aos deveres cívicos, que determinassem as selectivas escolhas dos mais aptos e honestos cidadãos.
Mas, além ou acima das candidaturas, por mais sonantes que sejam os nomes dos arrebanhados pelos aparelhos partidários, está o significante acto eleitoral, em si, de valor específico. Único! Objectivo! Ele, sim, efectivado à boca da urna, determinante de uma escolha que o eleitor deve concretizar face à transcendência do objecto: o voto.
E o voto, sendo um direito, é uma obrigação do indivíduo consciente e responsável. Ele terá de corresponder à eleição dos melhores segundo o conceito gizado no foro íntimo de cada votante. Se tal nem for o caso, então comete-se uma farsa, altamente comprometedora da finalidade última da eleição e do futuro da grei.
Porém, essa determinante opcional (o voto) está irremediavelmente comprometida. Melhor dizendo: anulada pelo circunstancialismo antes enunciado de a urdidura das candidaturas estar, logo à partida, viciada na formulação e nas composições finais das listagens dos candidatos. Com raras excepções, as candidaturas repartem-se entre os compadres, amigos e correligionários, que vão acumulando os lugares e as mordomias na sucessão dos tempos e das legislaturas, com os maus resultados que se conhecem e a multidão dos indígenas vai suportando. Acresce que “os nossos políticos, de Políticos têm muito pouco ou nada” – como, há dias, muito bem observava o professor universitário J. Peralta. E não só. Também fingem desconhecer o que é a Política como ciência ou arte de governar. Pior: chegam à desfaçatez de lhe negar a dimensão ética – o que releva de desonestidade intelectual.
Aliás, como os melhores não foram seleccionados e, na generalidade, os rapazes, as raparigas, os “tubarões” e os senadores, permanecem indefinidamente nos lugares, não haverá renovação nos quadros dos operadores políticos. Não há que iludir a dramática realidade: todos, partidos e políticos, figurantes do painel eleitoral, são farinha do mesmo saco; moleiros da mesma moagem.
Fácil é intuir que esta gente não respeita compromissos. Nem cultiva a seriedade. Tão-pouco convive com a verdade. É manifestamente incompetente. Deveras repulsiva.
Daqui se infere uma conclusão: os eleitores não têm alternativas nas suas escolhas, se inteiramente subordinados à ideia de que, nalgum dos partidos, hão de assinalar com uma cruz a sua preferência. Esta ressalva de insinuada obrigação opcional, faz sentido na medida em que é necessário não perder a noção essencial do que é uma eleição: a escolha dos cidadãos mais aptos e recomendáveis para nos governarem.
Face à actual pantanosa situação tenha-se bem presente o factor de responsabilidade acrescida que recai sobre muitos portugueses que, constantemente, nos cafés, nas esquinas das ruas, nas tertúlias, nos jornais, por tudo que é sítio, em conversas de amigos e conhecidos, lamentam o estado de degradação a que se chegou em Portugal e criticam a classe política de meia-tigela; a qual, nele está altamente comprometida. Responsabilidade dos cidadãos que, necessariamente, deve arrastar inerentes consequências. O que equivale a dizer o seguinte: Agora, será elementar acto de coerência e dever cívico que todos - humilhados, ofendidos e maltratados - condenem a classe política, do nosso descontentamento, pela forma que, nas próximas eleições, está aí ao alcance: votar em branco ou votar nulo.
Todos nós – quantos, indignados, não se conformam com o pântano e a podridão vigentes – ao votarmos branco ou nulo, estamos destacando, nas listas postas a sufrágio, a inexistência de gente que, na governação e no parlamento, mereça confiança para o encetar de um novo rumo para o País. Também mostrando a nossa repulsa pela podridão que grassa pelo País. Sobrelevando quaisquer outras considerações: dando a essa desqualificada gente o nosso desprezo. Outrossim, realçando que as candidaturas partidárias mencionadas nos impressos da votação, são destituídas de intrínseca verdade e de um propenso compromisso para com o eleitorado. E por isso nem merecem o nosso voto.
Para finalizar, fazemos uma apreciação global das figuras mais conhecidas do painel eleitoral.
O José é a desgraça que todos conhecemos, que se passeia pelo território nacional, que ameaça deixar o povoléu sem pão e com pouca água e o país transformado num deserto e num couto de caça tornado apetecível pelos abastados lavradores andaluzes...
A Manuela foi calamidade ainda lembrada. E, no tempo presente, quanto a credibilidade… estamos conversados. Também, sabedores das suas sofredoras asfixias democráticas no continente e das magníficas aragens democráticas que, há dia, respirou na ilha atlântica do caudilho madeirense... Apresenta-se no esplendor de veterana actriz do teatro cavaquista de outras eras, por sinal, mui tristes; que, à época, sofreu fortes pateadas por desastradas intervenções nos cenários ministeriais das Finanças e da Educação; a quem, um dia, alguns estudantes universitários expuseram os traseiros em clara manifestação de desagrado pelas representações da taciturna senhora…
O Paulo, palavroso moço, actor possuído de nervoso miudinho que o faz rir compulsivamente a todos os instantes e que um dia descobriu a vocação para, no circo político e nas praças e mercados da parvónia, ser beijoqueiro de peixeiras e de vendedeiras, ao serviço do CDS-PP...
O Jerónimo tropeça com os fantasmas da ortodoxia e das crónicas e desgastantes vitórias nas sucessivas pugnas eleitorais; as quais, tornaram o seu partido um vencedor nato intransponível… Assim a modos de uma coisa que antes do ser já o é…
O Francisco, o jovem loução avermelhado, atrevidote q.b., actor frenético que vai a todas as festanças e andanças para partir louça de uso doméstico…
Enfim, um grupo de artistas de primeiro plano do circo político, que se não estivessem entretidos com a política da nossa chateação até, eventualmente, com as suas desafinadas intervenções folclóricas, animariam as rusgas das noites minhotas…
O que poderá acontecer… Se milhões de portugueses derem a essa rapaziada esse benemérito despacho, através do (agora recomendado e necessário) correspondente voto útil:
VOTO EM BRANCO ou VOTO NULO.
P.S. – Informo os leitores que, por motivos da minha vida particular, vou estar ausente do vosso convívio, por largos meses. Eventualmente, poderei - numa ou noutra ocasião - vir ao vosso encontro.
Um voto: Que a vida vos corra de feição e maior agrado!
Cordiais saudações. Brasilino Godinho
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