Estimadas senhoras,
Caros senhores,
Anexamos nossa crónica de terça-feira, 08 de Setembro de 2009. Nela se comenta o foleiro espectáculo de folclore político que, nesta altura do campeonato eleitoral, decorre em Lisboa. A peça em exibição - a que, apropriadamente, se poderia chamar ‘O fim da macacada na sexta-feira televisiva de Queluz’ - muito apreciada no meio citadino, tem por protagonista a espevitada comediante, senhora D. Manuela Moura Guedes, ilustre personalidade da melhor sociedade audiovisual lisbonense, com habitual pouso de exposição na TVI, da alfacinha capital. À ilustre dama, lhe acresce a valorativa circunstância de ser esposa do conhecido astro da Televisão, senhor José Eduardo Moniz que, por sinal, também goza de invejável representatividade no fino, especializado, fraterno e influente sector da Comunicação Social.
Com as cordiais saudações de
Brasilino Godinho
Ao compasso do tempo…
ANTANHO, FIZ EU (PSD); ATACASTE TU (PS)!
AGORA FIZESTE TU (PS); ATACO EU (PSD)!
Brasilino Godinho
Neste período de maior agitação eleitoral sucedem-se os eventos que, iniludivelmente, demonstram a podridão político-social existente no território alfacinha – o pequenino e rasteiro Portugal de Lisboa. Podridão que, por contágio epidémico, alastrou à paisagem de aquém, a tal ponto exagerado que bem se considera estar enraizada por tudo que é sítio activo na sociedade portuguesa. Diga-se que esta componente da Pátria, em muitos casos esquisitos e situações invulgares, nem se apercebe dessa execrável chaga do tecido social, tais são firmes as rotinas que se estabeleceram, geradoras da resignação e indiferença das gentes.
Ainda há dias tivemos prova desse estado doentio, amórfico e alienante que dilacera a alma colectiva da Nação.
A prova remete-nos para a historieta do fim do jornal televisivo da sexta-feira da TVI, apresentado pela irrequieta Manuela Moura Guedes, que provocou um grande alvoroço na comunicação social, sempre ávida de sensacionalismos que favorecem a venda do papel e as grandes audiências – o que proporciona esplêndidas receitas de publicidade.
Desde logo se atribuiu ao PS a responsabilidade de estar na origem da resolução da administração da PRISA, proprietária da TVI. Daí, que todos os numerosos rostos pálidos e de outras cores, que pairam no campo político, quais imagináveis virgens pudicas e histéricas, tivessem perdido as estribeiras da decência, da coerência, da seriedade, da contenção e da ética e viessem, desabridamente, protestar contra o “grave atentado à liberdade de expressão e agressiva ofensa à Democracia” - a qual, por sinal, há mais de trinta anos tem andado muitíssimo maltratada pelos agentes políticos da praça de S. Bento e espaços afins… sem ninguém se importar com o papel que os mesmos desempenham no processo revolucionário em curso de desagregação e aniquilamento das veneráveis entidades, Democracia, Portugal e Língua Portuguesa, que desejaríamos deixar em herança aos nossos descendentes… Muito menos o Zé-Povinho. Coitado dele! Bonacheirão, por natureza e feitio, nem disso se dando conta e deixando que, continuamente, os politiqueiros, espertalhões de serviço ao Mal Comum (tudo farinha do mesmo saco e moleiros da mesma moagem), lhe estejam enfiando o barrete…
Quando tivemos conhecimento desta historieta, que mais sugere ser parte da literatura de cordel, veio-nos à lembrança a intervenção do ministro do governo PSD, chefiado por Santana Lopes, que forçou o fim na TVI das palestras do Prof. Doutor Marcelo Rebelo de Sousa, ex-chefe do PSD, porque os governantes estavam ficando agastados com as críticas do seu correligionário. O facto foi aproveitado pelos adversários socialistas para desancarem no governo alaranjado. Grande curiosidade foi o professor Marcelo, eventualmente por ser da família social-democrata e possuir telhados de vidro na sua ´casa’, ter sido comedido, abstendo-se de levantar ondas alterosas. Tal não invalida que se imagine o que ele não teria barafustado se o expediente tivesse autoria com origem no campo socialista.
Aliás, vem a propósito anotar que, na presente circunstância, o PSD e o professor Marcelo, dados os seus precedentes usos e costumes, deviam remeter-se ao silêncio. Reforço a nota apontando que o Prof. Doutor Marcelo Rebelo de Sousa talvez seja o mais hábil, dissimulado e inteligente censor português de todos os tempos.
E para que não se diga que estamos a exagerar, acrescentaremos algo que nunca divulgámos. O professor Marcelo foi uma das pessoas que ‘censurou’ a minha obra ‘A QUINTA LUSITANA’ e que depois de o termos acusado dessa lamentável acção teve a gentileza(…) de nos deixar duas vezes, às duas e meia da madrugada, mensagens orais gravadas no nosso telemóvel, a tentar (digamos que ingloriamente e dessa percepção nos deu conhecimento) justificar o injustificável. Claro que lhe transmitimos quanto deplorávamos que uma personalidade de altos méritos e conceituado mestre de Direito tivesse tido uma atitude deselegante e imprópria da sua condição e que, certamente, o desprestigiaria junto dos seus alunos e no meio universitário. Então, lhe transmitimos esta apreciação E hoje aqui a mantemos! Para que não se julgue que escrevemos sem nos basearmos no conhecimento dos factos, das causas e das matérias.
Retomando o fia da meada, diremos que a tal historieta, embora de contornos obscuros, não pode deixar de ser enquadrada com as formas de domínio que os partidos procuram exercer sobre os jornais, as rádios e as televisões. Meios de Comunicação Social que, actualmente, estão na posse de poderosas entidades nacionais e, também, internacionais, - como é o caso da PRISA, grande empresa espanhola. Uma preponderância de interligação entre o Poder e a Comunicação Social que releva a terrível promiscuidade, sempre danosa para a transparência das actividades e atitudes e para o respeito e fidelidade aos princípios da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade, emblemáticos da Democracia. Democracia que, de facto, não temos.
Daqui se infere que o caso da Manuela Moura Guedes foi e continua sendo um espectáculo indecoroso que deslustra todos os participantes directos e indirectos. Apesar de, provavelmente, a Manuela e o marido, Moniz, recolhidos na intimidade do lar, estarem a pular de contentamento, festejando exuberantemente o protagonismo e a promoção que lhe está sendo prodigalizada no arraial da farra lisboeta.
Também, de facto, o caso da Manuela Moura Guedes não representou nada de novo. Afinal, foi, simplesmente, mais uma espaventosa repetição das práticas de censura que acontecem, repetidamente, em Portugal, nos interiores das redacções, exercidas pelos directores e, igualmente, pelos chefes de departamentos de várias instituições públicas e privadas.
De certeza, tratou-se de algo que sem esforço, podemos classificar como um fantochada eleitoralista.
Em tempo de eleições, apetece formular um voto.
Que o povo repita connosco: VÃO BUGIAR!
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