Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

segunda-feira, agosto 24, 2009

Ao compasso do tempo…

ELEIÇÕES 2009

O QUE SE LÊ E SE ESCONDE NOS CARTAZES

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

As campanhas de publicidade eleitoral dos partidos concorrentes às próximas eleições estão no auge. Ninguém se dá conta que estão feridas de ilegalidade, apesar de desenvolvidas a olho nu, sem pudor, nem disfarces ou pruridos de qualquer índole que, de algum modo, com algum sentido de ética e de legalidade, as limitasse ou contivesse nas fronteiras do decoro e objectividade. Não se compreende, tão-pouco se pode aceitar, a hipocrisia do chamado período de campanha eleitoral estabelecido conforme os preceitos legais. O disparate e a desfaçatez vão ainda mais longe quando se houve falar de pré-campanha eleitoral. Aliás, se há em Portugal coisa imutável e que persiste ininterruptamente à cadência de todos os dias é a campanha eleitoral desenvolvida pelos governantes e pelos partidos com assento parlamentar.

Por sinal, campanhas que muitas vezes se confundem com promoções pessoais e que usam todos os meios possíveis ou imagináveis. Uns mais explícitos. Outros mais subtis e maquiavélicos. A imprensa escrita, as rádios e, sobretudo, as televisões, são os meios mais frequentemente utilizados. E nessa disponibilidade dos órgãos de comunicação social conta tudo: as amizades, os compadrios, as fraternidades, as trocas de favores, os negócios obscuros, os compadrios, as convenientes avenças, os máximos rendimentos acumuláveis e muitos expedientes de variada natureza por demais ininteligíveis.

E como as propagandas são sistemáticas, enfadonhas e desarticuladas com as realidades que as populações vão sentindo amargamente no dia-a-dia, acontece que durante as poucas semanas que antecedem os actos eleitorais se assiste a grande frenesim dos actores e dos comparsas do deprimente espectáculo circense em que se converteu a política em Portugal.

É a caça ao voto. Com recurso às armas de fogos cruzados, de pólvora seca, que fazem grandes estardalhaços mas que não despertam generalizada atenção ou a benevolência do Zé-Povinho.

E destacando-se da bagunça publicitária com que se pretende convencer os eleitores sobre a bondade dos propósitos dos respectivos partidos anunciantes, aí estão os inconfundíveis cartazes profusamente colocados nos mais diversos sítios. É sobre eles que vamos tecer algumas pertinentes considerações.

Adiantamos, que bastantes são de uma confrangedora mediocridade: a nível artístico, de conteúdo de mensagem, de falta de imaginação criativa no grafismo e no texto. De qualquer modo, indicadores da baixa política que vamos suportando. Mas importa fixarmo-nos naquilo que, neles, lemos e no muito que se esconde na expressão literal apelativa ao voto.

Comecemos pelos cartazes do PS.

O que nos dizem eles? Transcrevemos e comentamos:

- Os governantes socialistas “sabem decidir”. Decidem, é verdade! Mas quase sempre mal, com os resultados que todos conhecemos. Nesse capítulo de desacerto, têm grande sabedoria

- “Todas as crianças estão a aprender Inglês”. Admitimos que sim. O pior - e extremamente indecente - é que tenham decidido isso, enquanto crianças, estudantes, adultos, presidentes, directores, ministros, deputados, jornalistas, quase todo ‘o mundo português’ esteja desaprendendo Português – o que parece ser do agrado dos dirigentes socialistas. Se é que não vai no sentido destrutivo por eles desejado ou prosseguido com acintosa determinação. Também aqui, neste ponto maldoso, sabem fazer…

Melhor seria que todos os estudantes (incluindo crianças e… ministros) estivessem a aprender Português - sem exclusão do Inglês.

- “Aumentámos o salário mínimo”. É verdade que aumentaram um pouquinhoAumento arrancado a ferros Com algum desencanto Mas escondem que diminuíram os quantitativos mínimos das reformas de milhares de pensionistas; a que somaram as nefastas taxas de imposto de rendimento (?…) aos aposentados da função pública (coisa nunca vista em Portugal, nem no tempo de Salazar). A alguns, advieram as consequências: serem alimentados a pão e água, apressando-lhes a morte.

- “Estamos à frente nas energias renováveis”. Convém notar que o autor da frase, provavelmente, estando distraído, não se refere às produtoras de electricidade que o governo tem incentivado. As energias que o PS publicita são as que supostamente tem dispendido na governação, admitindo que elas sejam renováveis. Engano imperdoável! Ademais, como pode o PS estar à frente se está exaurido, postado a um canto, ali para os lados do Largo do Rato, em Lisboa, por manifesta impossibilidade de renovar as ditas que o público, hipoteticamente beneficiário, tem considerado inexistentes em sede socialista?

- “Novas oportunidades para 900 000 portugueses”. Perguntamos: Quais oportunidades? E quais portugueses? Os de primeira classe? De segunda classe? De terceira classe? “Quando a esmola é grande, o pobre desconfia”. O que se vislumbra no horizonte não são oportunidades de melhoria de condições de vida de milhões de portugueses, mas sim vias de desgraça para o povo português.

Também mais de acentuar uma situação preocupante: O governo dá sinais de prosseguir uma deliberada política de rebaixamento, de abandalhamento, de desprezo, de desvalorização e de abandono da Língua Portuguesa. Se agora o PS diz que “Todas as crianças estão a aprender Inglês”; certamente que, se alcançar novo mandato e continuando por este caminho de insensatez, perdição de matriz cultural e de vergonha colectiva, daqui a quatro anos, por ocasião de novas eleições legislativas, apresentará um cartaz com os seguintes dizeres: Todas as crianças estão a aprender em Inglês. Então o Português terá sido abolido.

Abre-se um parêntesis para deixar um registo. Segundo foi noticiado na imprensa um ministro do actual governo português propôs à Comissão Europeia que as teses de Mestrado em todo o espaço europeu (incluindo Portugal) fossem redigidas em Inglês.

Mais: O Professor Catedrático da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, Doutor Jorge Miranda, escreveu no Diário de Notícias, edição de 03 de Agosto corrente, que na Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa, as reuniões do Conselho Científico decorrem em Inglês. E o professor doutor Jorge Miranda interrogava-se: “Como é possível que um órgão administrativo de uma entidade pública portuguesa funcione sem ser em língua portuguesa?

Pela nossa parte, interpelamos os portugueses: Como aceitar que um ministro português tenha cometido este atentado à Língua Portuguesa, violando o preceituado na Constituição? Até quando o Português será língua oficial de Portugal, como determina o artigo 11.º da Constituição da República Portuguesa? Os portugueses não reagem a estas agressões à identidade nacional? Não se opõem à política de abandono do Português que vem sendo prosseguida por tudo que é sítio, escola, comunicação social e organismo oficial?

Os cartazes do PSD dão a novidade de os portugueses solicitarem: “Olhem por quem mais precisa”, “Que prometam só o que podem cumprir” e que “Portugal não pode ficar hipotecado”.

Nossos comentários: É provável que o “pessoal” do PSD olhe… talvez de soslaio, para não dar confiança. Mas tem costume de ficar olhando… Logo, mau agouro. Quanto a promessas o PSD é previdente: não promete nada… O seguro morreu de velho; e o PSD e seus deputados querem ter muitos anos de boas e confortáveis vidas… Quanto à hipoteca do País, ela já foi adquirida; só não se sabe com que grandeza…

O cartaz do CDS é um achado de cinismo. “É justo dar o rendimento mínimo a quem não quer trabalhar?”. Neste cartaz incidem os pecados da confusão e da omissão. Seria mais apropriada qualquer uma destas inscrições:

- É justo dar o rendimento máximo a quem quer tagarelar em S. Bento?

- É justo dar o rendimento máximo a quem quer trabalhar o mínimo?

Os cartazes do PCP são modestos no figurino e nas propostas. Limitam-se a apresentar cinco ou sei soluções pontuais, sucintamente expostas, num claro exercício de economia de palavras… Porventura, os comunistas se lembraram que “No poupar é que está o ganho”…