Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

quarta-feira, maio 21, 2008

Um texto sem tabus…

SE TÊM “BONS COSTUMES” E SÃO “DISCRETOS”. . .

PORQUÊ TANTO ESPANTO ?

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

O chefe do Governo e o ministro da Economia foram apanhados a fumar por detrás da cortina no avião em que efectuaram a recente viagem oficial à Venezuela.

“Caiu o Carmo e a Trindade”. O alarido foi grande. E merecido.

Até porque José Sócrates veio candidamente explicar que não sabia que era proibido fumar num avião. Alma ingénua e intencionada quanto baste ao seu intelecto, pediu desculpa, embora não tenha ficado bem entendido a quem se dirigia o pedido. Pela nossa parte fique esclarecido que não o desculpamos. Tal gesto inconsequente e patético, pareceu-se com um balão que, atirado ao ar, nunca se sabe onde vai rebentar. Mas para além de abusivo e disparatado é ofensivo da inteligência do cidadão português; visto que parte do princípio de sermos todos uns mentecaptos que facilmente se deixam intrujar.

Uma coisa é certa: o governante maior deste reino da bicharada em que estamos vivendo amargamente não vai rebentar como a rã da fábula. Ele, por muito inchado que se apresente ao público, está convencido que não há mal que lhe chegue ou impedimentos aos seus querer, mando e poder. Tem as costas quentes. Está muito aconchegado no meio ambiente em que se move.

Outro tanto se dirá do ministro da Economia. Também a este não há polícias e “ASAES” que lhe pespeguem multas ou lhe fechem o estabelecimento. Se melhor se compreende, parece estar a especializar-se no modus faciendi de escapar às responsabilidades pelas transgressões que vai cometendo de vez em quando. Estamos a lembrar-nos que faz agora um ano conseguiu insinuar-se no espírito dos polícias que o apanharam a circular de automóvel à velocidade de 200 quilómetros. Pelo que constou, os agentes policiais ficaram embaraçados e bloqueados. Não sabiam que fazer, coitados! Quase lhes dava o fanico… Enquanto sua excelência, impante, prosseguiu viagem: repousado, indiferente e muito senhor do seu nariz.

Sem nos desviarmos um milímetro do tom sério com que escrevemos as linhas precedentes, realçamos que a proibição de fumar a bordo de aviões vem de longe, Não é novidade introduzida pela Lei 37/2007 antitabagista.

Aliás, esta lei contra a prática do vício do tabaco em recintos fechados, de público acesso, inclui a referência à interdição do fumo nos aviões.

Deveras expressiva da falta de qualidade da (des)governação de Portugal é a circunstância de o famoso primeiro-ministro, ministros e governantes indiferenciados, ignorarem a Lei. No caso do chefe máximo assenta o gravame de ser ele a promover e a aprovar legislação que depois transgride e, apanhado em flagrante, afirma ignorar os seus conteúdos. O chefe do Governo não a sabe, não a sonha, nem se molesta, com a norma de Direito: “A ignorância da Lei não aproveita a ninguém”. A ele, José Sócrates, terá aproveitado. Não constou que a “ASAE” lhe tivesse aplicado a respectiva taxa pela transgressão.

Claro que estamos fartos de saber que neste país os deveres e as sujeições legais não são iguais para todos os portugueses.

Depois, convém lembrar que esta gente que nos desgoverna têm a esperteza saloia e o proveito de serem refinados fingidores e praticantes de específicos “bons costumes” que praticam “discretamente” a bom recato da curiosidade alheia – como foi o caso dos cigarros fumados às escondidas por Sócrates e Pinho no avião ministerial.

Neste episódio da transgressão de Sócrates e Pinho está retratada uma questão fundamental: a bitola que utilizam na avaliação dos seus comportamentos e dos companheiros, amigos, compadres e irmãos, não é a mesma dos cidadãos anónimos. Enquanto para nós os “bons costumes” que eles, generosamente em causa própria e sem pudor, se atribuem, são os maus costumes de qualquer indígena pouco alinhado com a moral, a ética e a cidadania.

Resta anotar que as leis, em Portugal, existem para serem aplicadas rigorosamente sobre os indígenas. Percam-se as veleidades de as mesmas serem aplicáveis sobre os governantes, os deputados e os “grandes senhores cinzentos” de que falava o falecido Prof. Doutor Sousa Franco.

Como não vivemos num Estado de Direito não existe igualdade de tratamento entre os portugueses. A liberdade de cada indivíduo não é aceite pelos poderosos ou usada equitativamente por todos os portugueses. A fraternidade está centrada nas “capelinhas”, “oficinas” e “lojas” e é exercida com a conveniente “discrição” entre os “obreiros” e os “irmãos” – completamente arredada do convívio com os profanos. Estes, obviamente, distantes das sobreditas “capelinhas”, “oficinas” e “lojas”… (Atente-se nas colocações, nas promoções, nas distinções, nas condecorações, nas pensões vitalícias e… nas comissões; geralmente distribuídas pelos “melhores cidadãos”, dos “bons costumes” - por sinal, beneficiários da especial atenção do “Grande Arquitecto do Universo” ou dos seus seguidores na lusa terra. Aliás, sempre pessoas muito distintas e com notável e recheada folha de invulgares serviços… de que ninguém, de rectas intenções e mínimo de inteligência, se apercebeu ao longo dos tempos remotos ou recentes.).

Daí o título desta peça escrita.

E o cabimento da pergunta com que encerramos a crónica: Com os dados conhecidos dia-a-dia, relativamente às personalidades e aos seus procedimentos, onde está a razão para espanto face a estas histórias de transgressões, ilícitos e maldades com que o povo vem sendo, constantemente, presenteado pelos donos da “Quinta Lusitana”?