Um texto sem tabus…
NESTA REPÚBLICA DE SEITAS
A NOBRE ARTE DA POLÍTICA
NÃO TEM LUGAR. . .
Brasilino Godinho
http://quintalusitana.blogspot.com
Esta república dominada e explorada pelas seitas maçónicas que se apresenta com a fachada de democracia vive em promiscuidade com interesses mais ou menos repartidos por diferentes clãs que encobertos no anonimato ou expostos ousadamente à luz do dia, vão dando forte rombo nas finanças públicas e promovendo a desagregação social, ao mesmo tempo que mandam às malvas o pouco que vai restando de moral e sentido ético anichado nalgum extraordinário reduto que preza os valores e os princípios que devem nortear as vidas públicas, seja a da sociedade, sejam, na área individual, as dos cidadãos.
Na sessão solene da Assembleia da República, comemorativa da revolução de 25 de Abril de 1974, o presidente Aníbal Cavaco Silva proferiu um discurso algo contundente para com o mau desempenho dos políticos e o défice democrático que se vai acumulando na sociedade portuguesa.
Lamentável que no discurso tenha sido omitido o progressivo agravamento das condições de vida dos portugueses.
O presidente da República deu ênfase à generalizada indiferença dos jovens pela acção política. Para isso concretizar em discurso oficial apoiou-se numa sondagem feita pela “sua” Universidade Católica a encomenda presidencial e… sem concurso público. Belo expediente. Interessante singularidade…
Chegou mesmo a invectivar os parlamentares pelas responsabilidades que lhes cabe, visto que se mostram incapazes de se apresentarem aos olhos do público e, principalmente, da juventude como exemplos dignos de apreço e de seguimento. Todos assistimos à impassibilidade dos deputados. Sintomático: ouviram e calaram. Nem uma voz se ergueu a refutar a acusação, proferida com pompa e circunstância.
Todavia, Cavaco Silva, naquele momento, igualmente não estava em condições de assegurar credibilidade e alcance ao seu discurso. Desde logo, pondo-se de fora do contexto ao exigir dos outros aquilo que ao longo do tempo lhe foi minguando desde os tempos da sua chefia do PSD e de primeiro titular dos governos cavaquistas.
Mas pior do que a recordação dos activos e negativos dos seus mandatos de primeiro-ministro, avultou a circunstância infeliz de, nas últimas semanas, a sua actuação como chefe de Estado ter sido marcada por gritantes falhas de sensatez política, sentido de Estado e objectividade pedagógica.
De facto, o presidente da República ao ter aceite a humilhação a que Alberto João Jardim e os seus rapazes o sujeitaram – aliás com gravame do “aviso prévio” - de lhe negarem uma recepção condigna na Assembleia Regional, com fundamento na existência de “um bando de loucos”, a que se seguiram as declarações muito elogiosas de apreço pelas actuações do caudilho madeirense que, para além de excessivas a roçarem a bajulação, pecaram por esquecimento (?) das graves carências sociais existentes na Madeira e pela falta de uma simples palavra que expressasse repúdio ou censura pela linguagem imprópria utilizada pelo chefe do governo regional; relativamente aos seus opositores, ficou desfigurado no retrato: Deu um mau exemplo. Aquilo representou capitulação. A lamentável atitude do chefe do Estado tem de ser encarada como falta de coragem para enfrentar a criatura e as ofensas. Não colhem as mal alinhavadas justificações que Cavaco Silva apresentou à posteriori.
Assim Cavaco Silva, no curto espaço de 15 dias, desbaratou o crédito que vinha acumulando junto da opinião pública. A sua actividade pedagógica ficou comprometida. E o exemplo que reverteu para os jovens não serve de referência aproveitável nem vai encaminhado ao bom porto do presumido alcance das palavras de exortação aos portugueses em geral e aos jovens em particular, para que se interessem pela política - que, diga-se de passagem, não sendo POLÍTICA com maiúscula, só deve desmerecer na consideração dos portugueses conscientes. A que se expõe por aí, a esmo, sem vergonha rectidão, escrúpulo e justiça, suscita repugnância e veemente condenação. O chefe do Estado presta um péssimo serviço aos portugueses e a Portugal em convocar os homens de amanhã para a prática de tão molesta caricatura da arte ou ciência de governar a Nação. A tal representação burlesca (política à portuguesa) impõe-se contrapor a evocação da caricatura da autoria de Rafael Bordalo Pinheiro e endereçar-lhe o gesto que a celebrizou e ao Zé-Povinho: o manguito. Seja ele virtual ou com aparato cerimonioso e público…
É pertinente que nos interroguemos: adultos que prezam a seriedade e jovens bem compenetrados dos direitos e deveres de cidadania, como podem uns e outros acederem ou predisporem-se a uma repugnante praxis política que por si suscita atraso, exploração, miséria de milhares de famílias, cinismo, nepotismo, desvergonha, hipocrisia, esbanjamento, injustiça, abandalhamento do ensino, desenfreada imoralidade, promoção da incompetência, fixação do clientelismo, constantes atropelos à ética, denegação dos cuidados de saúde, desprezo pela língua nacional, aumento do desemprego, perseguição aos funcionários públicos, desagregação social, agravamento das condições de subsistência dos idosos, reformados e pensionistas, pagamentos estatais de milhões de euros a escritórios de advogados para emitirem pareceres sem concursos públicos (para que servem e o que fazem os assessores jurídicos, as direcções gerais e os institutos?), atrofiamento do serviço nacional de saúde, atribuição de pensões milionárias a pessoas que se pavoneiam nas televisões, desleixo e precariedade dos serviços de segurança, empenho nas práticas da censura, obstinação nas represálias aos críticos e opositores do poder maçónico estabelecido?
Que política é esta, composta de duas vertentes: uma de favorecimento e enriquecimento anormal dos compadres, “irmãos”, “obreiros”, amigos e ricaços; outra, a de fomento da miséria e decadência cívica e social? Que acintosa política é esta que tudo compromete ao arrepio do bem-estar da população? Quem em seu juízo e com um mínimo de inteligência, pode manifestar alguma consideração por estes canhestros actores do circo político que nos enfastiam, nos prejudicam, nos irritam e nos perseguem? Quem pode aguentar, sem grito de revolta, todo este reles folclore, toda esta palhaçada, toda esta nojenta hipocrisia?
Ademais, discursos semelhantes ao pronunciado por Cavaco Silva (aqui em foco) constituem foguetórios que não levam a nada. È a chamada “conversa fiada” com que os artistas da praça se contemplam e vão entretendo o pagode; sempre tentando impingir-lhe a ideia de serem virgens imaculadas apostadas em bem servir o próximo (por sinal, começando e acabando neles próprios, porque estão mais à mão de semear e… de colher) e haverem propósitos de inverter as situações desagradáveis.
O que realmente contaria era as autoridades competentes e bem intencionadas (se existissem) arregaçarem as mangas e meterem mãos à obra da Educação; que é, afinal, a base por onde tudo começa atinente ao desenvolvimento, à cultura e à criação de melhores condições de vida dos portugueses. Simultaneamente importaria que a POLÍTICA (com letra maiúscula) criasse fundas raízes e dela emanasse a exemplaridade que despertaria as atenções da juventude, as colaborações da população activa e o apreço da gente idosa.
Claro que para a POLÍTICA se firmar torna-se necessário o surgimento de Políticos (não confundir com os “políticos” do nosso refugo democrático) pois que, também eles, pela sua adequada dimensão cívica, dariam azo a condições substantivas de facilitada captação do interesse e participação da juventude e de muitos cidadãos empenhados na cruzada do desenvolvimento e bem-estar geral.
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