Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

quinta-feira, abril 03, 2008

Estimadas senhoras,

Caros senhores,

No semanário de que é director, edição de 29 de Março, do corrente ano, Saraiva apresentou uma crónica que, na generalidade, suscita a nossa concordância. Mesmo aplauso. Abaixo expresso em letra de forma

Os melhores cumprimentos.

Brasilino Godinho

SARAIVADAS…

Ou as confissões do Arq.º Saraiva…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

Tema: SARAIVA e o facto de não haver espinhos sem alguma rosa…

De facto não existem espinhos sem alguma rosa. O que acontece é que, por vezes, numa roseira cheia de espinhos é difícil encontrar a flor. E quanto maior for a planta mais facilmente ela se esconde.

Tal circunstância se assemelha àquilo que se passa com os escritos do arquitecto-jornalista José António Saraiva. Também eles são continuadamente espinhosos. Paciência será necessária para sabermos aguardar que o decorrer do tempo e a inspiração dos Deuses desça à Rua de S. Nicolau, n.º 10 ao encontro de Saraiva e dele resulta a criação de uma bela rosa que, necessariamente, não tem nada a ver com a simbologia do Partido Socialista

Felizmente que na semana transacta aconteceu um bom sucesso a Saraiva. O que transparece na crónica “Quem protege os professores”. A confirmar que a inspiração voltou a Saraiva.

Com a devida vénia apraz-nos transcrever a referida crónica – com as ressalvas de duas passagens assinaladas a cinzento que comentaremos no fim da transcrição.

“Quem protege os professores?

JÁ TINHA decidido escrever esta semana sobre o problema da disciplina nas escolas.
Um tempo antes, um professor de um liceu de Lisboa dissera-me, desgostoso: «Qual seria o seu estado de espírito se trabalhasse numa escola onde, vendo um aluno deitar uma coisa para o chão e dizendo-lhe para a apanhar, ele lhe respondesse: ‘Apanhe-a você!’? Cenas destas acontecem a toda a hora na minha escola».
Recordei esta conversa no dia da gigantesca manifestação de professores em Lisboa – que, a meu ver, não reflectia só a recusa das avaliações: reflectia, sobretudo, o profundo desalento e desmotivação de uma classe que se sente entre a espada e a parede.
Os professores, hoje, sentem-se abandonados pelo Governo, acossados pelos alunos e ameaçados pelos pais destes.

Preparava-me para escrever sobre o assunto quando me calhou assistir pela televisão a uma cena arrepiante passada numa sala de aula.

PARA quem não viu, resumo: uma professora e uma aluna (já com corpo de adulta) discutem em pé no meio da sala. Ouve-se a aluna gritar para a professora: «Dá--me o telemóvel! Dá-me o telemóvel!». A voz da aluna vai subindo de tom, até se agarrar à professora e se envolver com ela numa disputa física, não parando de gritar: «Dá-me o telemóvel já!». Enquanto isto, os colegas riem, galhofam, e um filma a cena, ouvindo-se uma voz dizer: «Sai da frente», «Afasta-te», «Ó gorda...», «A velha vai cair…». Isto dura intermináveis segundos. Só quando a disputa física entre a aluna e a professora atinge proporções quase violentas é que os colegas intervêm. Mas a luta apenas acaba quando a aluna consegue recuperar à força o telemóvel.

Esta cena já foi comentada em vários tons.

Mas não posso deixar de dizer o seguinte:

Primeiro: a professora nunca deveria ter-se envolvido num braço-de-ferro com a aluna.
Segundo: a atitude da aluna mostra um desrespeito total pela figura do professor (observável, até, no tratamento por tu), ao mesmo tempo que revela até que ponto o telemóvel se tornou importante para os jovens.

Terceiro: a reacção dos colegas denuncia um ambiente de indisciplina generalizado na escola.

O PROBLEMA é ainda mais grave do que parece, pelo seguinte: os hábitos que se criam na escola ficam para toda a vida.

Um aluno que se habitue a cumprir regras básicas de comportamento será amanhã um cidadão decente e ordeiro; pelo contrário, se se habituar a desrespeitar os professores e a desafiar a sua autoridade, será amanhã um energúmeno.

O ENSINO está a sofrer as consequências de sucessivas experiências erradas.
A substituição do director por um conselho directivo diluiu a disciplina dentro da escola, suprimindo o ‘referencial de autoridade’.
As passagens ‘automáticas’ retiraram aos professores uma arma fundamental de exercício do poder: a possibilidade de chumbarem os maus alunos.
A intervenção das famílias no sistema escolar diminuiu a autoridade dos professores.
A defesa que foi feita dos direitos dos alunos parecia inspirada na ‘revolução cultural’ chinesa, em que os estudantes eram instigados a humilhar os professores.
Não adianta tapar o sol com a peneira: nas escolas instalou-se um caldo de cultura que tornará situações como esta cada vez mais frequentes.
E é a este caldo de cultura que urge pôr fim imediatamente.

ENTRETANTO, enquanto não se restabelecer nas escolas um ambiente minimamente saudável, proponho algumas medidas de emergência para proteger os professores (e outros funcionários):
1 – Os professores devem passar a ser treinados para enfrentar situações-limite, por forma a saberem como agir em casos de grave quebra de disciplina.
2 – As escolas mais problemáticas devem passar a ter segurança para fazer face a situações de risco.
3 – As salas de aula devem ter alarmes ligados à segurança, para que os professores possam pedir ajuda exterior (não proponho um sistema mais ‘actual’, como seria a instalação de câmaras-video nas salas, porque isso colocaria problemas delicados de privacidade).
4 – Os directores das escolas (que este Governo quer de novo instituir) devem ter autonomia para aplicar sanções disciplinares com efeito imediato, não ficando dependentes de decisões ou recursos que se arrastam durante anos nos corredores do Ministério da Educação.

Mas – repito – estas serão apenas medidas de emergência.
Porque o mal só se resolverá com a urgente reposição da autoridade no sistema educativo – sem a qual o rendimento escolar não melhorará, a desmotivação dos professores não diminuirá e a proliferação de maus hábitos continuará, prenunciando uma sociedade recheada de delinquentes.
Vicente Jorge Silva foi premonitório quando falou em ‘geração rasca”.

Nossas ressalvas

Primeira:

- Devemos evitar a cedência à tentação de julgar pelas aparências e emoções repentistas. Sem margem para dúvidas não houve “braço-de-ferro” entre professora e aluna. Tratou-se da afirmação de autoridade da professora que não cedia à força bruta da aluna. Tendo tomado a decisão de lhe retirar o telemóvel havia que mantê-la a todo o custo. Inclusive enfrentando a agressão da jovem. Não podia mostrar-se cobarde. E assim desautorizar-se ali e para todo o sempre. Só há que relevar a sua coragem e determinação.

Segunda:

Vicente Jorge Silva não foi objectivo, perspicaz e certeiro na apreciação da “geração rasca” que fez há anos. A juventude não merece tal qualificação apesar de grande parte dela andar por aí perdida e arrastando-se penosamente mergulhada no vício, na degradação moral e na destruição física

Verdadeiramente rasca é parte considerável da sociedade portuguesa que não esteve – e continua a não estar - à altura de a educar e de a encaminhar no bom caminho da aprendizagem da vida e da formação moral, profissional e cívica.

Mais de assinalar que autenticamente rasca é a esmagadora maioria dos membros da classe política que têm desgovernado o País, maltratado a Nação e fornecido os programas, os meios, os métodos e institucionalizado as práticas deseducativas, que conduziram ao caos no sector do Ensino e aos desastrosos resultados que se conhecem.

Tal como o Povo também os jovens, sejam ou não rotulados abusivamente de rascas, são as grandes vítimas das políticas rascas que têm vigorado em Portugal.

E aí bate o ponto!