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SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

sexta-feira, setembro 11, 2020

 

UM TEXTO SEM TABUS…

Brasilino Godinho

11 de Setembro de 2020

 

AS FALSAS GARANTIAS DOS GOVERNANTES

 

Como qualquer anónimo rosto pálido também tenho tentações…

E não é que ao iniciar esta crónica estive quase a ceder ao temerário impulso de escrever: Antanho, no tempo das vacas gordas(…).

 

Felizmente que, num instante, se fez luz no meu pensamento: sobressaiu a clarividência de que nele não há registo de algum tempo de vacas bem nutridas, melhor mantidas, suficientemente continuadas e muito configuradas com ternos olhos (houve algumas, na Ilha de S. Miguel, nos Açores que, com olhar meigo, cativaram o mal-encarado ex-presidente Cavaco, de má memória…) mesmo melhor educadas e bastante mungidas nos pastos dos seus devotados donos, em qualquer lugar de Portugal.

 

Sim! Tivemos quintais e época de vacas loucas que, rapidamente, foram transfiguradas em vacas magras que ainda persistem por alguns espaços do continente português e parcelas açorianas.

 

Portanto, será caso para dizer que in illo tempore houve existência de enfezadas vacas mal cobertas que geravam crias também escanzeladas.

 

Admitir isso neste escrito já permite anotar que então, nessa altura, havia em circulação no linguajar do indigenato nacional uma palavra que era respeitada e cujo atributo de veracidade nunca era posto em causa. A palavra GARANTIA. Estimada como o são as vacas sagradas na Índia.

 

Lembro-me que no tempo do Estado Novo, o Chefe Salazar nunca a empregava. Nem os jornalistas daquela era colocavam a etiqueta às afirmações da sua lavra. Tão-pouco ele precisava, visto que a malta tinha a experiência de lhe suportar os desígnios que nunca vinham adornados com o termo de garantia.

Por Salazar, dito - às vezes, não dito – e feito! Em consonância com o autoritarismo cultivado pelo ditador.

 

Neste nosso tempo, os governantes por tudo que falam e anunciam é-lhes posto o adesivo de “GARANTIA”. Mas que não garante coisa nenhuma. Nesta Terceira República quem se desse à pachorra de elaborar estatísticas apuraria muitas centenas de vezes em que se falou de “garantias” que nunca foram dadas ou confirmadas.

 

Aliás, na Partidocracia que temos vigente, a única, soberana, subentendida garantia é a das continuadas más governações, corrupções e desgraças em crescendo na sucessão dos meses e anos.

Quando os governantes deste nosso tempo “garantem” o que quer que seja, tenha-se a certeza de que não existe garantia alguma. Caso, para gritar: Ó da guarda! Acudam, que nos querem intrujar!

Atente-se que mulher prevenida vale por três homens distraídos ou alienados. Já o homem precavido vale só por dois exemplares da sua espécie…

 

Tal descalabro e desvirtuação semântica redundou no descrédito total da palavra e da sua intrínseca significação.

E agora quem se respeita e se dá ao respeito, nunca emprega tal termo.

 

Afinal, uma bela palavra que teve a má sina de ser usada e abusada por gente que cultiva em altos graus quer a hipocrisia, quer a falsidade. Também muito se entretém com palhaçadas no circo político…

 

Tudo isto é mau fado de um mundo português “mal-amanhado”…

Tudo isto é triste!

Confrange! Sente-se pena! E o povo sofre!