490. Apontamento
Brasilino Godinho
27/Agosto/2020
De entrevista do distinto psicanalista
ANTÓNIO COIMBRA DE MATOS
“É difícil amar?
Não é fácil, mas é bom. E se não se amar não se vive. Tive uma professora de psicologia que um dia me disse que tinha descoberto que eu era religioso, que o meu deus era o amor. Acho que é verdade. É a coisa que nos mantém, que nos entusiasma e pela qual vale a pena lutar.”
Brasilino Godinho
Comenta:
Em data não muito distante o Prof. Doutor António Coimbra de Matos, distinto psicanalista, interrogado sobre se é difícil amar deu uma resposta assertiva quanto à natureza qualitativa de um bom estado de alma e afirmou, convictamente, que: “É a coisa que nos mantém, que nos entusiasma e pela qual vale a pena lutar.”
Estou plenamente de acordo!
E como chama viva que permanece imutável porque submetida a fogo ardente que não esmorece, a faculdade de amar transcende a vida de quem ao amor se submete de alma franca e de coração embevecido. Dou testemunho e faculto autenticidade.
Pois que assevero sentir na minha vivência de dezenas de anos esse inebriante sentimento de bem-querer, exaltar, adorar e continuamente celebrar e acarinhar fervorosamente a pessoa amada.
Toda essa ardência de suscitado entusiasmo e grande vibração se me foi acomodando ao compasso do tempo e sempre me compenetrei que, por ele e nele, me haveria sempre de contemplar muito enternecido e fascinado, por natural decorrência do brilho irradiante da mulher amada.
Num ponto anoto minha divergência com o Professor Doutor António Coimbra de Matos, quando ele diz que não é fácil amar. Contraponho: é relativamente fácil.
Pois amar advém, naturalmente, da estabelecida reciprocidade do nobre sentimento partilhado pelas duas pessoas que mutuamente se querem – o que se representa como facilidade decorrente da harmonia e da sã convivência dos dois seres irmanados pelo específico sentir; o qual, em ambos converge e se firma no quotidiano das suas vidas.
Como disso dei comprovação de vida conjugal que persistiu durante 51 anos precedidos de dois de namoro na bela cidade de Ponta Delgada. Escrevendo estas linhas até me apetece ouvir o “Hino à Alegria” de Beethoven…
Todavia, tudo isso não obsta que haja ocasiões em que se manifestam dificuldades que ilustram ou expressam uma situação ocasional, configurada na observação de que “não é fácil amar”.
Mas mesmo então, haverá espaço e vontade para ultrapassar a negativa circunstância se o casal conseguir manter a chama viva do amor recíproco e apelar a todas as suas faculdades de alma no sentido de removerem divergências e se empenharem na harmonização das suas existências. Por vezes, a essas situações difíceis sucedem gratificantes resultados de fortalecimento e consolidação do amor do casal.
Caso não haja a fortaleza de ânimo numa das partes envolvidas na pontual e penosa circunstância de desencontro sentimental, então o entrosamento amoroso perde-se ingloriamente. Mas tal ocorrência traduz situação-limite que decorre do esmorecimento ou quebra do vínculo afectivo inerente a um amor verdadeiramente consolidado.
Finalmente, contemplo-me ardorosamente nas expressões do Prof. António Coimbra de Matos:
AMAR - “É a coisa que nos mantém, que nos entusiasma e pela qual vale a pena lutar.”
“E se não se amar não se vive.”
Não por acaso, mas por firme e consolidada fortaleza de ânimo, sou assumidamente um ardente e vibrante ser amoroso… sempre mais atreito a cuidar da felicidade da mulher amada do que zelar de mim próprio.
Você, criatura, retenha na memória:
Se não se amar não se vive!
E eu teimoso q.b. quero VIVER!
Mantendo a chama viva, onde quer que viva!...
0 Comentários:
Enviar um comentário
<< Página Principal