487. Apontamento
Brasilino Godinho
24/Agosto/2020
A HIPOCRISIA EM PLENITUDE
DE ACÇÃO DESEDUCATIVA
Eu conheci um chefe de serviços que tinha uma latente preocupação que correspondia a um estado de inacção de uma consciência sobressaltada, mas que convinha dissimular. Quando a força imperiosa das circunstâncias adversas se lhe impunham, o constrangiam e o forçavam a assumir responsabilidades, dizia: “É preciso salvar as aparências. A bem do prestígio da autoridade”.
Era assim advogada e fundamentada por um funcionário de segunda linha da hierarquia estatal a prática institucionalizada da hipocrisia. E o expediente grosseiro de assobiar para o lado ou de sacudir lamacenta água do capote.
Dita por outras palavras e para me ater à realidade existente, a prática do fingimento e do faz-de-conta, traduz a mais desavergonhada, indecente, repulsiva, imoral e nefasta forma de exercer a acção política.
Um status quo que neste tempo - que já não é de vacas magras ou loucas, mas sim de avassaladora peste parlamentar, com focos epidémicos por tudo que é sítio conotado com a governança, em plena conjunção com a pandemia da Covid-19 - muito associa e mais avantaja condições propícias à continua degradação nacional manifesta em diversos sectores da sociedade portuguesa.
Por isso e pela hipocrisia e corrupção a que se acomodou a generalidade da população portuguesa, não suscitou alvoroço a incrível acusação de cobardes lançada aos médicos pelo primeiro-ministro.
Um acto gravíssimo. Imperdoável num governante. Atingindo o bom nome, a honorabilidade de distintos profissionais da saúde que nestes últimos meses muitíssimo se têm esforçado e pondo em risco as suas vidas e a segurança das suas famílias. E que são merecedores de respeito e da maior gratidão dos portugueses.
Aspecto de destacar é que o chefe do governo terá ficado muito incomodado por haver preferido acusação julgando que os microfones estavam desligados. Ou seja: para o público convinha-lhe dar uma imagem falseada do que realmente pensava. Havia que fingir uma coisa, enquanto pensava outra e, decerto, agir em consonância, à sorrelfa, no âmbito da subsequente pessoal orientação e intervenção política, em detrimento da classe médica.
Anoto que tal acusação aos médicos e as contínuas defesas de ministros(as) que tão mal exercem as funções, se evidenciam como manifestações de hipocrisia, com o intolerável gravame de serem ofensivas da inteligência de um qualquer cidadão minimamente letrado e no pleno uso das suas faculdades de alma.
Deveras detestável a mania dos políticos que vemos actuando no circo político, de tratarem os portugueses como se fossem todos uns mentecaptos.
Sentindo-me ofendido, aqui lavro meu vigoroso protesto, dirigido ao chefe do governo!
Nota – Acabo de ler: “Expresso pede a redes sociais para eliminar vídeo polémico de António Costa”
Pasmo! Inacreditável!
Ao ponto de baixeza cívica a que se chegou em Portugal. Tamanha hipocrisia no seu máximo apogeu! Que Portugal degradado! Que Comunicação Social de terrível e vil tristeza!
Como acudir a este País?
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