485. Apontamento
Brasilino Godinho
18/Agosto/2020
REPÓRTER DA TELEVISÃO
FAZ DESCOBERTA SENSACIONAL:
MINISTRA DA (IN)SEGURANÇA SOCIAL
“NÃO LEU PESSOALMENTE O RELATÓRIO”
Afinal, a ministra da (In)Segurança Social no que concerne à leitura do relatório sobre o lar de idosos de Reguengos de Monsaraz, não o leu… pessoalmente. Também, subentendida a hipótese de que também não o terá lido de qualquer outro jeito, não pessoal.
O repórter da TV que interveio no telejornal das 12 horas de hoje, terá feito a descoberta e, sem delonga, dela deu informação ao público. Foi “uma caixa” de todo o tamanho!
Os espectadores da emissão televisiva, tal como eu, terão ficado espantados com a presumida certeza de que a senhora ministra costuma ler … pessoalmente.
Desta vez ter-se-á esquecido de estar possuída dessa capacidade pessoal. Ou então, como isso lhe implicasse esforço, decerto pessoal e lhe ocupasse tempo que talvez tenha sido não pessoal, deu aquele triste resultado de ela se espalhar ao comprido e algo descomposta, sobre as páginas do Expresso.
Mas nesta complexa história não ficou definida a implícita habituação das leituras não pessoais a que sua excelência se dedicará: seja no horário oficial do ministério, seja no tempo pessoal das suas actividades caseiras e de lazer.
Dessa falta de informação cabe inteira responsabilidade ao jornalista. Pois de tão peculiar forma da senhora ministra ler pessoalmente ela, certamente, se reservou o direito de não fazer alarde público.
Aliás, o jornalista se fizera a descoberta de a ministra ter prática de ler pessoalmente (sublinhe-se!), deveria ter tido o cuidado de aprofundar a melindrosa questão; até pela simples razão de ficar a pairar no ar a suspeita de que sua excelência fará leituras dispensando-se de as concretizar pessoalmente… Por preguiça? Ou por natural predisposição? Interrogações que persistem sem resposta.
Mais lhe caberia obrigação deontológica de nos ilustrar conhecimento da forma como a ministra lê; sem na leitura empenhar a sua ilustrada pessoa.
Outro reparo há que expressar ao repórter da TV: a absurda insistência de rotular de garantia as afirmações da ministra.
Informações e palavreados dos dirigentes políticos são prestados sem qualquer garantia - seja esta de que natureza for - insinuada pelas desembaraçadas meninas e despachados rapazes estagiários de jornalismo.
Confrange tanta falta de rigor e assertividade no jornalismo actual.
Inconscientemente e de maneira canhestra, assim se vai dando aval a equívocas práticas de insensatez política.
E nunca, como agora, houve tantas escolas de jornalismo…
Diga-se que sem causar admiração. Pois estamos em época prolífera das licenciaturas arrelvadas e socráticas.
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