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e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

terça-feira, agosto 25, 2020

 

PRAIA DA VAGUEIRA

UM REGISTO PARA A SUA HISTÓRIA

                                                                 

Brasilino Godinho

26-09-2018

 

01. Esta é uma crónica que há muito tempo devia ter sido escrita. Por ser importante sob o ponto de vista da História da Praia da Vagueira e até, atrevo-me a afirmá-lo, do Concelho de Vagos. Também porque os dados que agora trago a público tiveram a participação decisiva de três pessoas – duas delas já falecidas: Claudino dos Santos Costa, então Vereador da Câmara Municipal de Vagos e Albino Fernandes de Oliveira Pinto o Presidente da Câmara Municipal de Vagos, em exercício das respectivas funções naquela altura. O terceiro interveniente, com papel menos relevante, foi o autor da presente crónica.

Infelizmente, o tempo foi passando e nunca tive a ideia de escrever sobre o assunto que agora trago a público. Ela, ocorreu-me há dias ao ler algures um escrito bastante laudatório sobre a Praia da Vagueira e que me deu grande satisfação.

 

02. A PRAIA DA VAGUEIRA é hoje motivo de orgulho para a população residente, para Vagos e para todo o seu concelho. E para Brasilino Godinho.

Mas ao que julgo saber não está formalizado o registo da singular, básica e determinante, iniciativa da sua criação que teve início no ano de 1965. Decerto que, por aquele tempo, haverá referência de acta da sessão camarária em que terá sido apresentada a proposta concernente à implementação do agregado urbano da Praia da Vagueira e ao arranque das respectivas tarefas preliminares.

 

03.  Escrito este preâmbulo, concretizo o registo.

 

Decorria o mês de Junho de 1965. Num dia encontrava-me destacado em Vagos no exercício da minha actividade de topógrafo em termos de prestação de apoio técnico à edilidade vaguense. Eis senão quando no corredor da Domus Municipalis sou abordado pelo Vereador Senhor Claudino dos Santos Costa que me diz: “quero convidá-lo para um lanche nas minhas instalações agrícolas da Vagueira, que será de bacalhau assado na brasa com batatas a murro” (por sinal, foi a primeira vez que comi batatas a murro – um pitéu que me soube que nem ginjas). Embora estranhando o convite, aceitei-o com agrado e sentindo-me lisonjeado. O lanche teve lugar dias depois, com início pelas 17h:30’.   

 

Durante o repasto, a sós, tivemos uma conversa informal, até que - quase ele a terminar - Claudino Costa me diz: “convidei-o para este lanche por que quero ouvir a sua opinião quanto a uma ideia que tenho na cabeça. É que acho que a Vagueira podia ser uma praia e julgo que tem condições para vir a ser como a Costa Nova e a Barra. Diga-me o que deve ser feito para termos aqui uma verdadeira e turística Praia da Vagueira.”

 

Respondi-lhe: Em primeiro lugar a Câmara Municipal tem de aprovar a ideia – o que não será difícil porque o presidente Albino Pinto é da Vagueira. A seguir há que proceder ao levantamento topográfico da área da Vagueira. Uma vez feita a planta topográfica haverá que proceder-se à elaboração de um plano de urbanização e diligenciar as respectivas aprovações das entidades que o vão analisar e aprovar; especialmente a Direcção Geral dos Serviços de Urbanização.

 

Depois de obtida a aprovação, segue-se a fase de implementação ao longo dos anos, numa natural sequência de construção das infra-estruturas e dos equipamentos habitacionais e colectivos de interesse público.

 

Resposta conclusiva do Vereador Claudino dos Santos Costa: “Agradeço-lhe estas importantes indicações. Assim vou propor à Câmara e lutar para termos aqui a Praia da Vagueira que ambiciono e quero legar aos que vierem depois de mim.”

 

04. Assim aconteceu. E, de imediato, na semana seguinte, já o Brasilino Godinho, na condição de topógrafo dos Serviços Técnicos de Fomento, da Junta Distrital de Aveiro, estava procedendo ao levantamento topográfico do lugar Vagueira; o qual estava isolado, nem tendo sequer uma estrada de ligação à Costa Nova.

Entre a Costa Nova e o lugar da Vagueira só existia um estreito caminho rural de terra batida, sempre esburacado.

As ligações ente as duas margens da ria faziam-se por jangada no sítio onde actualmente se localiza a ponte.

 

05. Concluindo, me permito afirmar o seguinte:

- que o verdadeiro fundador da Praia da Vagueira foi CLAUDINO DOS SANTOS COSTA, que teve a ideia e que tomou iniciativas para a concretizar sem delongas. É justíssima a atribuição do seu nome à avenida principal da Praia da Vagueira – Avenida Claudino dos Santos Costa;

- que o então presidente da autarquia vaguense, Albino Fernandes de Oliveira Pinto, deve ser considerado um dos fundadores da Praia da Vagueira, pois que deu todo o necessário apoio ao seu vereador Claudino dos Santos Costa;

- que Brasilino Costa Godinho deu apreciável contributo para a existência da Praia da Vagueira, na medida em que atendeu a inesperada  solicitação do Vereador Claudino dos Santos Costa e lhe apontou a directriz do rumo que ele seguiu com invulgar afinco e determinação. 

Nos anos seguintes e até aos primeiros anos do século XXI, o técnico Brasilino Godinho, quer a nível oficial, quer como técnico independente, continuou com estreitas ligações profissionais à Praia da Vagueia e ao seu continuado progresso citadino.

 

Apraz-me mencionar que me é muito querida a Praia da Vagueira; pois que a ela estou ligado por profundos laços afectivos e profissionais (trabalhos de topografia; projectos de engenharia rodoviária e de infra-estruturas urbanísticas), de que bastante me orgulho.