HÁ UM ANO
238. Apontamento
Brasilino Godinho
25 de Maio de 2019
25 de Maio de 2019
UM FILME PORTUGUÊS DE TERROR
É um filme que tem bastantes
episódios que, não necessitando de casa de espectáculos para ser visto, se
exibe a toda a hora no dia-a-dia da sociedade portuguesa, sobranceiro ao
pântano referenciado in illo tempore pelo famoso António Guterres, e reportado
com todos os cuidados censórios - para não criar ondas de contestação aos “donos
disto tudo” - pelos órgãos de comunicação social: jornais, revistas, rádios, televisões.
É um filme que documenta em
imagens tenebrosas o sentir das populações sofredoras, exploradas e
vilipendiadas, dispersas pelo território nacional. Também nele representados os
factos criminosos, as cenas chocantes e os episódios indecentes, em que se vêm
envolvendo instituições e personagens do teatro rocambolesco e do patético
circo político instalados na ex-capital do império português.
É um filme que realça os dramas
de inúmeros portugueses que morreram, sofreram e sofrem imenso, com a terrível
austeridade, com a redução dos valores das aposentações, dos vencimentos, dos
benefícios sociais, e com os escandalosos aumentos dos custos de vida e dos
preços de combustíveis (sempre em progressão e dos mais elevados da Europa) e
dos bens essenciais à vivência quotidiana.
É um filme em que se regista a
circunstância aberrante e intolerável de sendo Portugal um país de grande
pobreza franciscana e muitíssimo endividado, nele parasite um grupo de indivíduos,
parlamentares e altos quadros empresariais, que auferem vencimentos e regalias
que são mais elevadas do que as que vigoram na Europa, relativamente a
correspondestes lugares e categorias funcionais.
É um filme que inclui
demonstração de que, num relativamente curto tempo, faliram três bancos: BPN (Banco Português de Negócios),
BANIF (Banco Internacional do Funchal) e BES (Banco Espírito Santo), com
gravíssimas consequências para os clientes e para a economia nacional e o
gravame de terem sido os dinheiros dos contribuintes que pagaram milhões de
euros com que foram cobertos os vários financiamentos da banca falida.
É um filme que nos indica que a
Caixa terá tido um desempenho surrealista e fantástico de emprestar milhões de
euros a pessoas como Joe Berardo e Isabel dos Santos, sem exigência de
garantias, para… imagine-se! – com tais milhões da Caixa, comprarem milhares de
acções da própria Caixa e, assim, se tornarem donos da Caixa.
É um filme que retrata o estado da
Nação e de decadência e um País onde se cometem todas as torpezas, desmandos,
falcatruas, corrupções e crimes de colarinho branco, com a mais completa falta
de vergonha, de moral, de ética e na maior impunidade.
Filme documentário de carácter
informativo, ele nos elucida de que, actualmente, Portugal não é um Estado de
Direito. Nele vigente: o fingimento,
sob a máscara de república democrática.
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