430. Apontamento
Brasilino Godinho
24/Maio/2020
“ÁGUA ESTÁ MAIS FRIA”
“MARCELO NADA NA BAÍA DE CASCAIS”
01. Este é o título dado á estampa pela TVI 24 e
com expressão oral tida pela bonita jovem repórter que fez reportagem in loco.
A vários títulos achei interessante e atractiva a
composição linguística da notícia que suponho deve ter tido geral apreço nos
seios das comunidades portuguesas de aquém e além-mar, dispersas pelos cinco
continentes.
Na parte que me diz respeito, ela, albergada no
modesto recanto habitacional, em que me encontro há largos meses confinado,
devo afiançar que também me senti tocado pela ocorrência presidencial. Só que
cingido à minha própria avaliação que admito ter cambiantes algo divergentes do
gáudio suscitado em muita malta que se refugia num acrisolado culto a Marcelo
Rebelo de Sousa; o que, provavelmente, decorre da circunstância, por ele
anunciada in illo tempore, de estar,
em permanência constante, relacionando-se tu cá, tu lá, com o Divino Espírito Santo.
No tocante a este sacrossanto aspecto de natureza
marcelina, fico-me por aqui, sem mais acrescentar.
Mas retomo o fio à meada do que vinha expondo sobre
a temática implícita na dupla formulação colocada em epígrafe deste texto.
02. No seu conjunto a afirmação de Marcelo, em si
mesma, é ambígua e dir-se-ia ter enunciação charadística que, se não foi
precipitada malandrice, releva uma confrangedora, inexpressiva e insuficiente,
referência circunstancial e alguma inesperada fraqueza de articulação oral do
Português, que não se imaginaria em sede de um distinto mestre de Direito.
Note-se a charada: “ÁGUA ESTÁ MAIS FRIA”. “Mais
fria? Para além de se subentender que a água está fria, como decifrar a
implícita condição de que “está mais” comparativamente com quê? Com outras
águas? Quais? Com o calor do areal? Do ar atmosférico? Com o calor do corpo
dele Marcelo? “Água mais fria” do que
estaria a água do chuveiro da sua casa de banho; do que estava antes o interior
da sua residência ou do automóvel em que se terá transportado à Praia de
Cascais?
Tratou-se de uma charada que só Marcelo talvez…
pudesse solucionar. Há que, neste transe charadístico, conceder-lhe
bondosamente o benefício da minha dúvida, decerto compartilhada pelos meus
leitores.
03. Afirmação da jornalista: “MARCELO NADA NA BAÍA
DE CASCAIS”.
Seja-me permitido fazer um reparo: desejaria ouvir
dizer Presidente Marcelo. Não ficaria mal mais respeitinho pelo Supremo
Magistrado da Nação Portuguesa. E eu estaria poupado a seguir a onda de uma
deficiente formação educativa que se tornou generalizada na sociedade
portuguesa. Aqui e agora fui citando Marcelo para não parecer apóstolo-modelo e
dar ideia de que me julgo um paradigma de santidade… Assim a modos de: faz o
que eu digo, não olhes para o que faço… Também sou pecador de bastantes
pecados… Penso eu…
Escrito isto à laia de parêntesis, avanço com a
indicação de que, pelo que vi reportado, presidente Marcelo esteve na Baía de
Cascais e nadou.
É previsível que isso tenha sido devidamente
apreciado por quantas pessoas estiveram, neste domingo, retidas nas suas casas.
Tratou-se de uma diversão com seu quê de pitoresca e não é todos os dias que a
malta amiga do presidente dispõe desse espectáculo marcelino.
Além de que é adquirida a certeza de que o presidente
escolheu bom sítio com agradáveis panorâmicas que encheram os olhos de muitos
seus admiradores.
Caso para questionar: O que seria neste tempo,
Portugal, se não tivesse um presidente detentor de tantos atributos artísticos
e exímio nadador de águas profundas?
Afinal, os portugueses estão de parabéns!...
Felizmente que o presidente Marcelo não escolheu o
pântano de que falava o famoso Guterres, para fazer os seus acrobáticos
mergulhos…
Teria sido triste. E a tarde e noite deste domingo
seriam para muita gente um inconsolável pesadelo…
Pelo que importa declarar: BEM-HAJA, PRESIDENTE!
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