427. Apontamento
Brasilino Godinho
23/Maio/2020
EU PECADOR, ME CONFESSO…
MAS SEM CORDA AO PESCOÇO
Quem, nas últimas semanas,
acompanhasse de perto o que se ouvia nas televisões e se lia nos jornais, com
origem no campo governamental, ficava convencido de que o coronavírus estava
domesticado e que fora posto em quarentena.
E desse estado de alma de muitos
indígenas transmiti conhecimento público através do meu 424. Apontamento.
Não pretendendo dar ideia aos
meus leitores de que, nem desta vez e numa circunstância sobremodo penosa, eu dava
crédito a quem arrojadamente nos desgoverna alegremente com sorrisos estampados
nos rostos tão mal encarados nalgumas espécies desumanas; decidi fazer-me eco
dessa impressão tendencialmente generalizada de que já a malta podia
desobrigar-se do confinamento.
O que também correspondia ao meu
desejo de ser transmissor gratuito de tão agradável novidade. Até como exemplo
pedagógico e demonstrativo de que nem toda a gente é interesseira e tudo faz a
troco de compensas monetárias ou de favores de natureza corruptível.
Ora, acontece que de boas
intenções está o Inferno cheio. Ou estava; pois que consta, nos meios bem
informados, que o Inferno foi um ar que lhe deu – ter-se-ão perdido referências
sobre a sua existência e o seu lugar de assentamento no universo celestial…
Escrito isto, devo dizer que das
duas uma: ou me deixei, pela vez primeira, conceder o benefício (afinal,
malefício) de acreditar nos governantes e seus acólitos dispersos por tudo que
é sítio da comunicação social; ou o vírus não estava suficientemente
neutralizado e, escapulindo-se ao confinamento, foi instalar-se no Hospital de
Santa Maria, em Lisboa e num espaço comercial da SONAE, na Azambuja. Em
qualquer desses sítios fez vítimas e provocou grandes temores.
Perante tão negra ocorrência
teremos de manter guarda, cuidados de segurança e evitarmos encontros com o
maldito inimigo das humanas criaturas. E, sobretudo, não nos fiarmos nos
arautos de falsas boas novas que muito podem iludir os cidadãos e darem azo às
piores consequências.
Entretanto, haverá que reconhecer
que se eu, neste fatídico caso, não fico bem na fotografia de comunicador,
também os governantes ainda ficam com pior imagem, visto que, mais uma vez,
falharam no desempenho da acção repressiva que deviam desenvolver para conter o
”bicho” peçonhento e maldito, conhecido pela designação de vírus corona.
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