425. Apontamento
Brasilino Godinho
19/Maio/2020
GRANDE DRAMA NACIONAL
Tem causa no seguinte quadro
factual: facultam-se a jovens e a adultos instrução básica, cursos secundário e
universitário, formatados com conhecimentos restritos a acesso profissional e
diploma correspondente; descuidam-se as formações: moral, educacional, cultural
e cívica.
Resultado: estão sendo criadas
legiões de analfabetos funcionais e culturais e de indivíduos imprestáveis a
uma sociedade harmoniosa, solidária e livre – o que é muito preocupante, com consequências
terríveis, de que se vão conhecendo os desastrosos malefícios na nossa
sociedade.
Nunca em Portugal houve tantos
ignorantes encartados como na hora que passa. Com uma característica:
geralmente, todos afinam pelo mesmo diapasão – são extremamente egoístas,
malcriados, atrevidos, dando-se ares de auto-suficientes. Sabem tudo, não
sabendo de nada.
Simplesmente instruir, e dar
aprendizagem profissional, não é educar. Importa formar homens. Que sejam cidadãos
dignos, educados e aptos a raciocinar e a compreender ou bem interpretar aquilo
que lêem, ouvem e, eventualmente, estudam.
É muitíssimo confrangedor - por exemplo
– deparar a nível universitário com estudantes que mal falam e pior escrevem a
língua nacional, cometendo erros ortográficos e semânticos que no ensino
primário, ministrado no século XX, eram inadmissíveis; e que não compreendem
nem bem interpretam o que lêem em livros, jornais e revistas. Com o gravame de
que, praticamente, nunca pegam num dicionário de Português para o consultar.
Mais: ignoram a História de Portugal de antanho e de datas recentes.
A propósito: há tempos perguntei
a um estudante da Universidade de Lisboa se era do seu conhecimento a figura do
Vasco da Gama. Respondeu-me: “Assim, de repente… Deixe-me pensar”. Pensou e ao
fim de uns dois minutos respondeu-me: “Estou na dúvida: se foi um cantor de fado
da noite de Lisboa; se um famoso jogador de futebol, talvez do Benfica de há
poucos anos”. Comentários? Para quê?
Urge aplicar, no domínio do
Ensino, a máxima latina: mens sana in
corpore sano.
E restabelecer a Filosofia,
reforçar e valorizar o Português e não descurar o ensino de Matemática, nos
currículos dos cursos secundários e universitários; pois que são matérias
imprescindíveis no desenvolvimento dos processos mentais de bem estruturar o
pensamento, de exercer capazmente o discernimento e de proporcionar melhor
desempenho das faculdades de alma dos jovens estudantes.
A grande REFORMA DO ENSINO que
falta fazer EM PORTUGAL é a de ela se concentrar na FORMAÇÃO INTEGRAL E
CULTURAL DO HOMEM!
Nota complementar: o aspecto
positivo do coronavírus cinge-se ao facto de ter dado azo à plena demonstração
inequívoca de que a sociedade muito deve de reconhecimento a cidadãos que - acima
dos mesquinhos interesses pessoais e dos seus vários estratos sociais e mesmo
alguns detentores de humildes qualificações profissionais - estão
permanentemente disponíveis para servirem o semelhante com afinco e pondo as
suas vidas em risco. HOMENS, MULHERES, ELES SÃO! Civilizados! Dignos! Cultores
de educação, de ética, de fraternidade e de civismo!
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