424. Apontamento
Brasilino Godinho
18/Maio/2020
SE É VERDADE, EU FELICITO O GOVERNO
TERÁ AGIDO COM MUITA INTELIGÊNCIA…
O vírus corona entrou em Portugal
no mês de Fevereiro do corrente ano; se bem me lembro. O país estava desprevenido.
Só por isso não lhe foi estendida a passadeira vermelha à sua chegada ao
aeroporto. Qual agente secreto instalou-se discretamente e logo começou a fazer
estragos por tudo que ere tecido social ou estabelecimento hospitalar.
O governo, constituído por
setenta e tais jovens da cepa socialista, que andava distraído e bastante
ocupado no Palácio de S. Bento a discutir os sexos dos anjos com a rapaziada da
oposição; em dada altura despertou da letargia, fatalmente decorrente dos
fastidiosos debates do hemiciclo da palaciana mansão, reuniu de emergência e
decretou a quarentena da maioria dos indígenas.
Para além daqueles que tinham que
se ocupar de tarefas vitais para a manutenção da vida colectica, houve uma
minoria que ia transgredindo o normativo do confinamento, quanto a movimentos
nas ruas, praças, avenidas, parques e grandes superfícies comerciais.
Aconteceram tais casos de deploráveis comportamentos anticívicos, em quantidade
muito excessiva.
Entretanto, na semana transacta o
governo anunciou a anulação de várias medidas restritivas e a gradual retoma de
actividades escolares, comerciais, industriais e de serviços de cafés,
pastelarias e restaurantes.
Muitos portugueses ficaram
perplexos e consideraram que havia imprudência na decisão do governo.
E nos últimos dias os governantes
têm-se ocupado em desenvolver campanhas, insinuadas como de esclarecimento.
E quem os ouve ou os lê
facilmente fica convencido de que o maldito coronavírus terá sido domesticado e
que a malta pode ir a todos os lados e até aos museus - que em Portugal são
raramente visitados, mas que agora o governo e o Presidente da República fazem
finca-pé em incentivar os indígenas a acorrerem aos mesmos.
Diz o ditado que “quando a esmola
é grande o pobre desconfia”.
Eu, que sou um pobre,
ligeiramente remediado, fiquei desconfiado com a hipotética neutralização do
vírus corona. Pensei e repensei o caso e a incrível situação. Ponderei as
circunstâncias e os considerandos objectivos. Cheguei a uma conclusão que
justifica a repentina orientação do governo.
Ei-la: O governo fazendo alarde
das suas faculdades de alma inquieta e de muita perspicácia, não esteve com
meias e complicadas medidas: PÔS O CORONAVÍRUS DE QUARENTENA…
E transmite a ideia de que o tem
debaixo dos seus repressivos olhos vigilantes…
Por isso governo e Presidente da
República “asseguram” que a malta pode andar por aí em segurança.
Quem ousaria prever que o
governo, neste ano de desgraça virulenta, viria a ter este interessante,
venturoso, fenomenal, desenrascanço?...
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