Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

segunda-feira, janeiro 06, 2020


A MINHA CELEBRAÇÃO DE NATAL:
IR AO ENCONTRO DE EU MESMO

Brasilino Godinho
06/Janeiro/2020

TOMO IX
COM EMOÇÃO E DELEITE
PERCORRENDO OS ESCANINHOS DA IDADE ADULTA

A 12 de Maio de 1954 Brasilino Godinho desembarcava no porto de Ponta Delgada, A cidade estava em festa: a do Senhor Santo Cristo dos Milagres.
Ele tinha a idade de 22 anos e acalentava a ideia de, uma vez instalado no meio citadino, iniciar os estudos de habilitação ao Ensino Superior.
E não perdeu tempo. Passadas algumas poucas semanas já estava empenhado de alma-e-coração na ingente tarefa.
Eis senão quando o engenheiro Mário Ulisses da Costa Valente, director em exercício da Direcção de Urbanização dos Açores, onde Brasilino Godinho prestava serviço, num belo dia lhe pergunta se não quer colaborar nos trabalhos de campo e de gabinete concernentes à elaboração de projectos de estradas regionais que dispunha em carteira pessoal.
A questão posta de chofre suscitou-me alguma adequada reflexão.
Ponderei a situação criada.
Os estudos iniciados comportavam gastos importantes sustentados numa precária disponibilidade financeira decorrente de um vencimento algo diminuto. Os resultados no fim do ano escolar poderiam, eventualmente, ser negativos e assim ficarem ingloriamente comprometidos tanta despesa e tamanho esforço intelectual.
Por outro lado colaborando na elaboração dos projectos facultava-se-me a possibilidade de aprofundar alguma competência na matéria já adquirida e a não menor vantagem de auferir proventos monetários que tanta falta me faziam.
Ainda de outra forma prática, considerei que “vale mais um pássaro na mão do que dois a voar”.
Também de alta repercussão na minha vida a feliz circunstância de me ter deparado com uma linda micaelense e ter ficado deslumbrado e “preso pelo beicinho”.
Brasilino Godinho que sempre pensara primeiro obter formatura académica e só depois casar, bem considerou não reservar para um dilatado e incerto porvir, aquilo que poderia suceder em curto prazo e com benefício e estabilidade emocional para a sua vida futura.
Por tudo isso ora descrito, fiz a opção de interromper a preparação escolar e aceitar o convite do distinto Engenheiro Costa Valente, que anos depois seria nomeado Director Geral dos Serviços de Urbanização (Com a passagem dos anos tornámo-nos bons amigos).
Tal decisão foi muitíssimo importante para o meu percurso de vida; quer no âmbito profissional; quer pelo ensejo de casar com uma mulher de eleição que foi um grande esteio do lar que formámos no dia de 8 de Julho de1957 – data do casamento efectuado na  Basílica de Fátima.
Casamento precedido de um namoro não conforme com a regra básica da arte do namorismo que, à época, vigorava no continente e em S. Miguel; a qual, obrigava à prática do gargarejo.
Desde os primeiros anos de adolescente que me impusera a determinante decisão de jamais tomar gargarejo.
Feita a minha declaração de amor e ela aceite, logo se estabeleceu entre nós que jamais tomaria o detestado gargarejo.
O par de namorados, Brasilino e Luísa, passeava pelas ruas e sentava-se nos bancos dos jardins. Que coisa pecaminosa... Um pequeno escândalo. Algumas amigas da minha futura sogra apressaram-se a manifestar-lhe a surpresa de tal desaforo e insistiam na tecla: “Que pena, a Luisinha, uma menina tão prendada, andar por aí namorando pelas ruas. O que vai ser dela? Ele, continental, às tantas volta para Lisboa (naquela altura, os populares confundiam o continente com Lisboa; era uma forma simplificada de se referirem a Portugal continental) e a tua Luisinha fica comprometida e nenhum rapaz a vai querer”. Assim, com tal rudeza das “amigas da onça” de D. Mariana Albernaz, mãe de Luísa Maria Albernaz Tapia, se comentava o namoro invulgar entre o continental Brasilino e a micaelense Luisinha.
Felizmente que o respeitável ancião, Senhor Albernaz, Padrinho da Luisinha e na condição de seu tutor (o pai, Senhor Luís Tapia, falecera meses depois do nascimento da filha Luisinha), teve a lembrança de enviar carta ao Presidente da Câmara Municipal de Tomar (que não conhecia) a solicitar-lhe o obséquio de uma informação sobre o carácter de um jovem tomarense de nome Brasilino Costa Godinho. A resposta do presidente, major Fernando de Magalhães Abreu Marques e Oliveira, não demorou. Então a Luísa, muito satisfeita, deu-me conhecimento da iniciativa do padrinho e que este e a mãe lhe disseram que, face à boa informação recebida, podia prosseguir o namoro. Como facilmente se presume, foi um alívio para a família e não mais D. Mariana deu ouvidos às aves de mau agoiro que lhe rondavam os passos sempre que tinha de dar voltas na cidade.

Particularidade da gente açoriana, naquele tempo, que achava   engraçada, era a de que a condição de namorado ipso facto ascendia de imediato à posição de noivo.
Estatuto de noivo que assumi ao pedir, pessoalmente, a Luisinha em casamento, num dia do mês de Maio de 1956; um mês antes de regressar ao continente, transferido a meu requerimento para a Direcção de Urbanização do Distrito de Leiria.

Devo referir uma faceta peculiar de Luísa Maria Tapia Godinho (nome que adoptou após o casamento): até ao dia do seu passamento, a 2 de Junho de 2008, a minha mulher foi sempre, em qualquer lugar e circunstância, tratada por D. Luisinha. Tratamento facultado por indiferenciadas pessoas; tal era a simpatia, admiração e empatia, que suscitava.