Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

terça-feira, dezembro 31, 2019


A MINHA CELEBRAÇÃO DE NATAL:
IR AO ENCONTRO DE EU MESMO

Brasilino Godinho
30/Dezembro/2019
TOMO IV
COM EMOÇÃO E DELEITE
PERCORRENDO OS ESCANINHOS DA INFÂNCIA

Continuando a rever-me na infância.
Aos quatro anos de idade, fixo-me na terrífica ocorrência do maior susto da minha vida.
Meu lar estava instalado no 1.º andar de um edifício, cerca da Sinagoga, na Rua Joaquim Jacinto, antiga Rua da Judiaria, que chegou a designar-se por Rua Nova, na cidade de Tomar.
A minha companheira de brincadeiras era a Maria Helena minha vizinha do 2.º andar.
Naquela tarde e em inesperada altura de tal acontecer, estávamos encostados à porta de entrada da minha habitação entretidos numa disputa em que me opunha firmemente à saída da Maria Helena. De-repente, sente-se um violentíssimo bater na porta e um urro enorme sincronizado com os nossos gritos de terror e choros convulsivos. Coisa medonha! Inimaginável! Não mais esquecida.
Explicação do facto: o carteiro Boticas, homem de uns cinquenta anos, tinha a presunção de ser divertido. Havendo subido as escadas para entregar correspondência registada no 2.º andar, ouviu a altercação das duas crianças e resolveu pregar-lhes um susto. Conseguiu o intento e de que maneira horrível,
Porém, foi severamente admoestado pelo pai da Maria Helena e prevenido de que se repetisse a malvadeza seria feita participação nos CTT  e no posto da polícia. A coisa tornou-se conhecida na vizinhança e o carteiro Boticas, naquela rua, perdeu alguma consideração das pessoas.

Claro que o menino Brasilino continuando percurso ao compasso de tempo de vida, atinge os sete anos e encanta-se com os primeiros anos da escolaridade, aprendizagem da leitura e o período do ano 1939, de frequência da segunda classe do Enino Primário; coincidindo com o fim da guerra civil de Espanha e o início da Segunda Grande Guerra Mundial concretizado com a invasão da Checoslováquia, pelas tropas nazis de Adolf Hitler e imediata declaração de guerra da Grã-Bretanha e França, decorrente da violação pelo ditador alemão do Tratado de Munique, antes celebrado por Adolf Hitler, Benito Mussolini, Neville Chamberlain e Edouard Daladier, em representação respectivamente da Alemanha, Itália, Reino Unido e França.

E numa tarde, (estávamos no princípio de 1939) o Brasilino teve satisfação em aceder à solicitação da esbelta e simpática, atraente e meiga, Arminda, empregada doméstica da família do 2.º andar (aqui já citado), de lhe ler algumas passagens da primeira página do Diário de Notícias.
Recordo vivamente a cena, na cozinha, jornal estendido sobre a mesa, e na página sobressaindo uma foto do general Francisco Franco envergando fardamento de campanha e bivaque enfiado na cabeça, rodeado de militares. Criança frequentando a segunda classe de instrução primária, naquele momento, apreendi a real importância de saber ler e escrever.
Como nota curiosa e marginal no contexto da presente narrativa, refiro que um ano transcorrido sobre aquela data, a simpática Arminda passara da condição de serviçal Arminda para o elevado estatuto de D. Arminda; por, entretanto, ter casado com um rico comerciante que poderia ser seu idoso pai.

A partir de 1939 o Brasilino arranca resoluto com as leituras dos jornais diários, revistas e livros, e prestando cuidada atenção ao que se passava em Portugal e no mundo.
Tão laboriosa actividade intelectual constituiu o suporte de uma bagagem que o habilitava a ter invulgares discussões com os adultos. Por exemplo: discutir ou comentar a evolução da guerra nas várias frentes de combates, a fuga do almirante Darlan para Marrocos, a fuga extraordinária do general Giraud do campo de prisioneiros das forças do III Reich, a criação do regime de Vichy chefiado pelo Marechal Henri Philipp Pétain e Pierre Laval, a campanha sob a direcção do General Mac Arthur, na guerra contra o Japão, travada na vasta área do Pacífico, a evolução política no Brasil, rica de episódios vários e desconcertantes – e muitos mais acontecimentos que seria muitíssimo fastidioso enumerar nesta despretensiosa narrativa.

Tudo isto lembrado e sucintamente descrito para assinalar que, enquanto os seus colegas só pensavam em brincar, o menino Brasilino em 1939, aos 8 anos de idade, sem pôr de lado as brincadeiras, logo começou a abrir os alicerces e a implantar as fundações da grande construção que o guindou ao pináculo da estrutura a que - em 05 de Julho de 2017 - as Universidades de Aveiro e do Minho atribuíram o alto grau de Doutoramento; que, forçosamente, tinha de ser em ESTUDOS CULTURAIS - e assim sucedeu! 
(Continua no TOMO V) 


O menino Brasilino