339. Apontamento

Brasilino Godinho

21/Dezembro/2019

QUENTES E BOAS, COMO

AS CASTANHAS ASSADAS…

Estamos atravessando uma época em que muitos portugueses consomem castanhas assadas. É um pitéu!

E por falar em pitéu dou informe de que me chegaram três notícias importantes(…) publicadas nas redes sociais e jornais diários, que procedem de referências tidas em semelhança com o pregão da venda ambulante de castanhas assadas: Ó freguês! Castanhas quentes e boas!  

Repare o leitor em que grandeza e significado se concentra a expressão de quentes e boas nas três notícias: 

- “Gabinetes do Governo custam 73,2 milhões de euros”.

- “Mais de 200 ex-políticos acumulam subvenções vitalícias e reformas sem limites”

- “Tony Carreira passa consoada com a ex-mulher”

A informação sobre o Governo traduz nosso espanto e a gulodice de todos quantos instalados nos gabinetes ministeriais. Decerto, que muitas dúzias de castanhas se permitirão comer à custa da Fazenda Nacional. Quentes e boas não só as notícias mas, sobretudo, as vidas regaladas que sobrenadam à forma enviesada de reduzir a taxa de desemprego da rapaziada socialista – em oportuna e proveitosa hora repescada para as governanças oficial e pessoal de cada “governado”. Visto que em Portugal está consagrado o princípio de que a boa governança começa por ser aquela que o “governado” consagra a si mesmo.

A informação sobre os mais de 200 políticos privilegiados, que se contemplam embevecidos com as chorudas e numerosas subvenções e reformas, igualmente traduz a insaciável gulodice dessa desconforme gente que, no capítulo de pitéus, vai muitíssimo além das castanhas assadas. Quentes e boas para esses políticos são os objectos das notícias, os rombos no Orçamento e as vidas airadas que se permitem com sobranceria e escândalo.

A informação sobre o Tony Carreira e a ex-consorte releva da extraordinária circunstância de ser muito importante(…) e de grande aprazimento e conforto neste Natal, para quem teve a implícita sorte de: saber da sorte da ex-consorte (de Tony Carreira), neste tempo natalício, perder o “ex” e recuperar a plenitude de consorte do Tony; o qual, bafejará a sua correspondente sorte de voltar a ser consorte da sua ex-consorte.

Dada a extrema importância do tema, pelo visto ou depreendido do anúncio, entretanto feito publicamente, compreende-se que a notícia tenha merecido per se inserção de manchete da primeira página de um jornal diário.

Presumo a desilusão, a indignação e a grande tristeza que seriam sentidas por muitos portugueses, caso não tivesse sido divulgado tão extraordinário acontecimento. E em época de Boas Festas, lá ficavam estragadas as festivas celebrações natalícias. Uma desgraceira de todo o tamanho…

Visto, lido e respigado: Tudo isto é doloroso sentir! Tudo isto é triste fado!