Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

sábado, dezembro 14, 2019


336. Apontamento
Brasilino Godinho
14 de Dezembro de 2019

“PRESIDENTE DO NOVO BANCO FOI AUMENTADO
E GANHA AGORA 382 MIL EUROS” (noticiado na imprensa)

Ganha? Como assim? Estes recebimentos devem ter outra designação. Talvez transferência entre depósitos do Banco e do administrador.
O banco desfalca o seu próprio cofre. A seguir, os contribuintes repõem as quantias desviadas. De modo que se os bancos não vão à falência, vão os contribuintes e o Estado aumenta a dívida até... quando?
Por outras palavras: Não será o Novo Banco a roubar-se a si mesmo? E contando com a prontidão do Governo em acorrer com sucessivos financiamentos para cobrir tais desfalques mensais que, ao fim do ano, atingem milhões de euros?
Por estas e outras quejandas formas de enriquecimento imoral e apropriação glutona de quantias milionárias a coberto de pretensos vencimentos e incríveis, fabulosas, reformas, vários subsídios e abonos, por parte de indivíduos sem escrúpulos e poderosos, é que se esvai o Erário.
Depois, como agora, vem o Governo dizer que “foi até onde podia ir” com aumento de 0,3% na função pública.
Em contraposição e ao longo do ano, várias vezes, o governo vai até onde não devia ir com os aumentos nos ordenados e pensões, subsídios, abonos e benesses, dos portugueses que considera de 1.ª Classe; com os esbanjamentos de milionários recursos financeiros em gastos supérfluos; e mais os escandalosos perdões fiscais de milhões de euros concedidos a gente fina creditada pela frequência das lojas e dos casinos dispersos pelo país.
Claro que com tais delírios despesistas não há dinheiro que chegue para salários decentes dos funcionários, pensões que assegurem dignas condições de vida aos aposentados e para os gastos com o normal e regular funcionamentos dos serviços, departamentos e instituições da Administração Pública.
Igualmente, por isso, Portugal é um país onde os ricos são cada vez mais ricos e os pobres, os sem-abrigo e os mendigos sem eira, nem beira, aumentam dia a dia, numa progressão alarmante e confrangedora.
Neste triste, penoso e aberrante quadro de menoridade cívica de todo um povo português, estejamos conscientes que em Portugal não somos nação livre e nele não prevalece a Democracia e nem se usufrui a Igualdade e a Fraternidade.
Democracia, Liberdade, Igualdade, Fraternidade, Direitos do Homem, são em Portugal conceitos quase completamente arredados da vivência do colectivo dos cidadãos.
No que concerne a Moral, Ética, Família, Educação, Civismo, por enquanto ainda vai havendo quem se sinta apegado a esses princípios e valores e os cultive com determinação e brilho.
Importa fazer a seguinte anotação: a crítica situação sociopolítica que está radicada em Portugal remonta ao final do século XIV, prolongou-se nos séculos seguintes, agravou-se no século XIX, e no princípio do século XX atingiu grande expressão com o colapso da decadente monarquia constitucional e advento da Primeira República que se caracterizou pela anarquia. Seguiu-se a 28 de Maio de 1926, a Ditadura Militar e a Segunda República do Estado Novo, da ditadura de Oliveira Salazar que, já sob a chefia de Marcelo Caetano, foi derrubada pelo golpe militar de 25 de Abril de 1974. 
Ao longo deste longo tempo Portugal foi decaindo e sempre por culpa dos dirigentes políticos que se foram sucedendo na (des)governação do País.
Parece que ao povo português lhe assenta perene fatalidade.
Factores existem que a definem e (ou) a propiciam – mas que aqui não têm oportunidade de serem escalpelizados.
Mais acrescentaremos duas observações:
- A crise actual por todos os condicionalismos, circunstâncias e contextos europeu e mundial, que nela se inserem ou circunscrevem, é gravíssima e sem paralelo noutra época da história pátria.
- Repare-se na lucidez com que Almeida Garrett, já em 1843, contemplava  o cerne da grande questão que se tem agudizado ao longo dos últimos tempos:
“E eu pergunto aos economistas, aos políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar á miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infâmia, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico?”
Mais acrescentou Almeida Garrett: “Quantas almas é preciso dar ao Diabo e quantos corpos se têm de entregar no cemitério para fazer um rico neste mundo?”

Finalmente, aponto que, certamente, Almeida Garrett, se pudesse ressuscitar aqui e agora, ficaria estarrecido com tudo aquilo que caracteriza a sanha de destruição do país a que vimos assistindo com grande pesar e indignação. E perguntaria, como Brasilino Godinho, tem repetido até à exaustão, quantas mortes têm sido causadas pela maldita austeridade desencadeada e prosseguida, respectivamente, pelos governos chefiados por Passos Coelho e António Costa?