334.
Apontamento
Brasilino
Godinho
08/Dezembro/2019
FINALMENTE
ALGUÉM CONCORDA COM A
ELIMINAÇÃO DO
AEROPORTO DE LISBOA
Nos anos sessenta na
qualidade de membro do quadro de colaboradores do jornal lisboeta URBANISMO & CONSTRUÇÃO, dei início à
publicação intermitente de crónicas sobre a questão do Aeroporto da Portela,
precisamente numa altura em que subiam de tom as informações de que estava
esgotada a sua capacidade operacional. E a minha posição era de que devia ser
desmantelado por se tornar uma latente ameaça de catástrofe para a urbe
lisboeta, devido a estar localizado no centro citadino. Apontava para uma nova
construção aeroportuária exterior à área da grande Lisboa e interrogava-me
quanto ao não aproveitamento da base aeronáutica de Beja.
Ao longo dos anos tenho
mantido a posição tomada nos anos sessenta e, de vez em quando, publico textos
sobre a necessidade de acautelar a segurança da cidade e das pessoas, pois que
a existência do aeroporto de Lisboa conserva um grande potencial de risco de
uma enorme tragédia. Algumas vezes tenho mesmo evocado as duas vezes em que ela
esteve iminente – o que em tempo oportuno chegou ao meu conhecimento e que
conservo de memória.
Estas considerações são
agora aqui expendidas por ter acabado de ler a entrevista que o conceituado
ex-comandante José Correia Guedes, piloto-aviador da TAP, aposentado, com o
currículo de 40 anos de serviço, deu ao SAPO 24- Notícias, em que noto total
sintonia com tudo aquilo que sobre tão cadente matéria tenho escrito ao longo
de mais que 50 anos no URBANISMO &
CONSTRUÇÃO, Diário de Aveiro, em vários jornais, blogues e sítios da
Internet.
Curiosamente, o comandante
José Correia Guedes também menciona as duas vezes em que a queda de aviões teve
prestes a ocorrer.
Em seguida, transcrevo
trechos da entrevista do distinto piloto-aviador, nos quais sublinhei algumas
passagens do maior interesse a considerar na apreciação da matéria em causa e
que correspondem à minha avaliação, de muitos anos, dedicada à delicada questão
do Aeroporto da Portela, agora designado por Aeroporto General Humberto
Delgado.
“O ACTUAL AEROPORTO NÃO FAZ SENTIDO, TEM DE ACABAR, POR TODAS AS RAZÕES.
Vamos ter outro aeroporto...
Bom, aí entramos numa zona mais polémica. A própria construção levanta
problemas de ordem ambiental. Não sou a pessoa indicada para se pronunciar, não
conheço suficientemente a matéria, suponho que as entidades responsáveis
estudaram bem a localização do novo aeroporto, mas há outro problema grave,
do qual já ando a falar há 20 anos: o atual aeroporto não faz sentido, tem de
acabar, por todas as razões.
Mas, ao contrário, continua a esticar...
Mas isso é péssimo, não devia acontecer. Pela poluição, sonora e
ambiental, e pelo perigo: temos um aeroporto no meio da cidade. Um dia, Deus
nos livre, um avião tem um problema a descolar e estatela-se no meio de Lisboa
com consequências incalculáveis. Só por milagre ainda não aconteceu, porque já
aconteceu noutras cidades. E em Lisboa já houve dois episódios, que eu conheça,
que podiam ter acabado muito mal. Operar em Lisboa é extremamente
constrangedor do ponto de vista técnico. A TAP terá sempre problemas enquanto
existir este aeroporto. De uma coisa tenho a certeza: o aeroporto de Lisboa
tem de sair de onde está.
O Montijo é alternativa?
O Montijo não é sequer alternativa, é complementar, porque o Aeroporto da
Portela vai continuar a funcionar. O problema principal, quanto a mim, é a localização do aeroporto de Lisboa no meio da cidade -
isso chegava e sobrava para o tirar dali -, mas há
também razões operacionais.”
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