332. Apontamento
Brasilino Godinho
05/Dezembro/2019
RUDE GOLPE NA COERÊNCIA…
DE UM JUIZ MUITO COERENTE
Sou pessoa que em matéria de
coerência a preza expressa em diferentes circunstâncias e distintas
formulações: nas palavras, nas atitudes, nos escritos, nos actos quotidianos e
nos entrosamentos manifestos entre elas, sobreditas.
Por isso devo saudar o ex-juiz
desembargador Rui Rangel agora que, pelo Conselho Superior da Magistratura,
acaba de ser expulso da Magistratura, por ter tido a coragem e o proveito de
demonstrar, em oportuno tempo, ser juiz não confiável.
Em época não muito recuada o juiz
Rui Rangel declarou: “OS JUÍZES SÃO A CLASSE MENOS CONFIÁVEL EM PORTUGAL”
Trata-se de um procedimento
notável do juiz Rangel, em termos de natureza ética e sentido deontológico, que
ficará assinalado em letras de ouro no historial da magistratura nacional…
Louve-se a declaração e o empenho
de juiz Rangel chamar a si a responsabilidade de a objectivar na sua própria
pessoa e condição profissional, sabe-se lá com que sacrifícios… e entusiasmos. Não
delegou a outros a espinhosa/sedutora tarefa, como fazem muitos oportunistas de
má índole que proliferam em Lisboa, como cogumelos nas terras transmontanas.
Talvez por assim coincidir na
apreciação deste mediático caso, é que o famoso médico legista José Eduardo
Pinto da Costa, tripeiro de rija têmpera, esteve esta manhã na televisiva Praça
- que não é de tristeza - empenhado numa longa defesa acalorada do ex-juiz Rui
Rangel e na veemente crítica à decisão condenatória tomada pelo Conselho
Superior de Magistratura. O que também foi revelação de fraterna e sólida
amizade cultivada à distância de centenas de quilómetros e singular prestação
de uma pessoa que é médico e não profissional de direito; porventura, capaz de
ferir susceptibilidades de advogados mais ciosos das suas prerrogativas,
conexas com os exercícios profissionais.
Com grande expectativa fico
aguardando o coro de protestos de amizade e reconhecimento ao ex-juiz Rui
Rangel pelo relevante serviço prestado à chamada nação dos “brandos costumes” e
dos “bons cidadãos”; muitos destes que, judiciosamente(…) entendem que as
grandes causas dos aproveitamentos e benefícios, mesmo que fraudulentos e
ilegais, começam por serem bem atendidas e melhor aproveitadas em sede pessoal.
Porém, todavia, contudo, a
expulsão do meritíssimo ex-juiz Rui Rangel, da Magistratura, foi,
inegavelmente, um rude e imprevisto golpe na coerência paradigmática do ex-juiz
Rui Rangel. O que, traduzido por miúdo comentário, quer significar que a
coerência do juiz Rui Rangel já foi chão que lhe deu uvas… (escrevi uvas e não luvas –
nada de confusões abusivas…).
Brasilino Godinho
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