338. Apontamento
Brasilino Godinho
15/Dezembro/2019
A VERGONHA E A FALTA DE VERGONHA
EM PORTUGAL SÃO QUAL MATO DANINHO
Como é meu hábito e do conhecimento dos meus
leitores e amigos, vou ser claro, objectivo, directo, verdadeiro, sem papas na
língua ou tremuras na voz: a maléfica peçonha, que se designa por vergonha, está
disseminada pelo país. Muitas e muitas coisas são uma grandíssima vergonha; que
envergonha Portugal e penaliza milhões de portugueses. Mas, em muitos casos,
não é sentida por quem dela é alvo dessa classificação algo desonrosa. O que se
traduz na enorme falta de vergonha de que está possuída muita gente que tem influência
e poder em Portugal.
Por sinal, extremamente gravoso para a vida
comunitária e harmonia social, o lugar onde mais se concentra a vergonha da
nação portuguesa é precisamente aquele onde ela não deveria ter expressão: a
Assembleia da República. E nela, por inevitável decorrência, assentam as mais
clamorosas faltas de vergonha de alguns seus membros.
E a maior das vergonhas da Assembleia, que
sobremodo, a desclassifica, é ter como presidente alguém que vergonhosamente
desrespeitou a Justiça e a Suprema Magistratura Judicial usando a indecente
expressão: “estou-me cagando para o segredo de Justiça”. Portanto, se esse é o hábito da criatura (por
ela afirmado malcriadamente e com despudorada ostentação e sobranceria) jamais
ela se poderia sentar na tribuna presidencial da Assembleia da República, face
à iminência de a qualquer momento defecar com descaro perante o olhar e a
passividade dos deputados. Uma afirmação proferida sem respeito pela comunidade
dos cidadãos, pela Justiça, pelo Estado e… por si próprio. E quem não se respeita,
não respeita ninguém, instituição, entidade, valores e princípios políticos,
éticos e morais. Uma lástima! Um péssimo exemplo de impressionante deseducação,
de menoridade intelectual, de fraqueza de espírito, de baixeza moral, de carência
ética, de menosprezo cívico e de confrangedora falta de vergonha.
Mas no retrato da Assembleia não é só a “borrada”
do presidente que fica mal na imagem. Também, nela mal se representam os
deputados que aceitaram e se conformaram com a maior vergonha configurada em
quem superintende na Assembleia.
Daí que, recentemente, todo o mundo português tenha
ficado perplexo pela ousadia do presidente, em atitude de disfarce de virgem
ofendida, tenha admoestado um deputado por este usar no hemiciclo várias vezes
a palavra vergonha, para classificar situações algo condenáveis em sede de
escrutínio popular. Pois que ao presidente da Assembleia da República,
inegavelmente, lhe faltava autoridade moral para tamanha e absurda
incontinência verbal. Patéticos e deploráveis os aplausos que lhe foram dados por
alguns fanáticos deputados do seu partido, denotando falhas de discernimento
sobre a essência do que estava em causa a considerar na adequada avaliação.
Portanto, e por decorrência de tão grave situação
de falta de decoro cívico e de elementar educação por parte de quem devia ser respeitoso
e modelo de correcção no trato das pessoas e entidades, não devemos admirar-nos
que seja tão avassaladora a falta de vergonha existente em Portugal, mesmo nos
altos graus da hierarquia do Estado.
E falta de vergonha também agora, sobremodo, evidenciada
pelos governantes com os miseráveis aumentos dos salários e pensões decretados para
os funcionários e aposentados da Função Pública.
Estes governantes e políticos da mesma laia,
deveriam ser obrigados a viverem durante seis meses a um ano, exclusivamente,
com o salário mínimo de 635 euros e proibição de fazerem gastos a crédito.
Uma última observação de Brasilino Godinho:
Infelizmente, para quem não tem vergonha, todo o mundo é seu… (julgo que corro
o risco de pagar direitos de autor por esta frase… também não sei a quem fico
devedor,,,).
0 Comentários:
Enviar um comentário
<< Página Principal