NO ÚLTIMO DIA DO ANO DE 2019 É A
ALTURA DE PÔR OS PONTOS NOS IS…
SÓ EU POSSO
ACABAR COM AS DÚVIDAS…
CLARO QUE: TÊM
DE ACREDITAR EM MIM!
Brasilino
Godinho
Os leitores e amigos que manifestem essa disposição de espírito
colaborante, talvez evitem pesadelos suscitados pela fama, que não o proveito
(e qual seria ele?) de que gozo nalguns círculos não identificados desta
pequena região portuguesa da Europa.
É o estranho caso de pessoas amigas e leitoras assíduas dos meus
escritos, decerto temerosas e surpreendidas com algumas facetas da minha vida,
de vez em quando, na imprevista altura em que o rei da parada da paródia,
adrega de fazer anos, interrogam-se: o Brasilino Godinho não será um
extraterrestre?
De pronto quero deixar bem explícito que não me revejo em tal condição.
Pois bem: vamos entender-nos.
Para que amigos e leitores espalhados por Portugal e diversos lugares
do planeta Terra não continuem importunados com tamanha e assustadora dúvida
quero, posso e devo pô-los em sossego. Pelo que vos afianço que tenho a honra,
o prazer e a vaidade de, por esta expedita via, informar todo o mundo e
arredores extraterrestres, que sou natural da cidade templária, TOMAR, sucedânea
da antiga povoação romana NABÂNCIA.
Nela nasci, a 25 de Outubro de 1931, uma data da era cristã; a qual,
não será de todo vossa desconhecida, apesar das crassas ignorâncias histórica e
cultural que se vêm notando nos graus de Ensino, em Portugal.
A minha vinda à luz terrena, com natural dispensa de licença camarária
ou consentimento do ditador Oliveira Salazar, talvez por que beneficiei do
descuido da PIDE que terá negligenciado a informação prévia, ocorreu - salvo
involuntário erro da minha parte - cerca das 6 horas, em casa dos meus pais, assistido
por competente parteira de cujo nome me hei esquecido lamentavelmente.
Naquele tempo não havia maternidades, nem o Dr. Bissaya Barreto se
dedicava a instalá-las em Coimbra, Pedrógão Grande e noutras localidades do
centro de Portugal.
Como facilmente se depreende ainda não tinha cantado o galo da vizinha
do lado direito da casa; por, naquele momento, ainda ser madrugada. Aliás,
naquela época, os galos respeitavam o horário crepuscular e o seu órgão vocal tinha
a vantagem de funcionar sem pilhas, nunca se registando avarias no respectivo
instrumento sonoro.
Aconteceu, que logo que nasci, comecei a mamar; depois, fui crescendo e
ensinado; a profissão fui iniciando na cidade tomarense. De Tomar, me ausentei
definitivamente no ano de 1951.
Nesta altura do campeonato da minha vida, sou praticamente um
desconhecido na terra onde nasci. A cidade, a autarquia e a esmagadora maioria
dos nabantinos (tomarenses de uma figa) estão-se nas tintas para com Brasilino
Godinho e nada se importam da questão objecto desta minha intervenção. Propositadamente
escrita com a melhor das intenções e tendente a aliviar as frágeis mentes de
muitos rostos pálidos.
Todavia, digo que infelizmente a cidade tem tradições de desprezar os
seus naturais e trata-os como leprosos de que há conveniência formal de afastamento
profiláctico…
Dada essa característica do meio ambiente tomarense é com resignação,
direi olímpica, que encaro o desprezo de natureza nabantina.
Apraz-me informar que, não obstante, retribuo o desprezo com imenso
carinho pela terra que me serviu de berço e onde os meus saudosos pais me
criaram com inesquecível desvelo.
Hoje, tenho pouso definitivo e agradável na cidade de Aveiro; a qual,
me proporciona a possibilidade/satisfação de, sem canseiras e gastos de busca,
facilmente adquirir Ovos-Moles e me deliciar a degustá-los. O que me traz a
recordação das deliciosas Queijadas de Cristo (com miolos de amêndoas e ovos)
de fabrico caseiro, da casa familiar dos meus avós paternos, radicados na
Pedreira, aldeia do Concelho de Tomar.
Mais fiquem sabendo amigos, leitores, amigos da onça, alguns (poucos)
inimigos dedicados e invejosos inconsoláveis, que estou razoavelmente acomodado
na cidade aveirense.
Concluindo, fico convencido que me fiz acreditar de que NÃO SOU UM EXTRATERRESTRE.
De facto, de direito identitário e de afirmação cívica:
- SOU INTRATERRESTRE,
genuinamente PORTUGUÊS…
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