129. APONTAMENTO DE
BRASILINO GODINHO
19 de Abril de 2018
ESPÍRITOS MALIGNOS NO MAGNÍFICO
TEMPLO DA LITURGIA DEMOCRÁTICA
No 128. Apontamento fiz referência ao ar forte e
feio que deu na legalidade e a arrastou pelas ruas da amargura, na capital
alfacinha. Infelizmente há, também, a registar danos irreparáveis na estrutura
do Palácio de S. Bento.
Hoje e nesta peça escrita, venho recomendar que, perante
tão infausto acontecimento, sem demora, aquele imóvel - onde se acolhe gente
muito móvel a cirandar pelos Passos Perdidos, pelas salas, corredores e por dois
restaurantes privativos de alto luxo - seja exorcizado por clérigo devidamente
especializado e por tal forma expedita, de engenho espiritual, capaz de
afugentar os espíritos malignos que se terão instalado no magnífico templo da
liturgia democrática (por sinal, liturgia nele correntemente maltratada e pior
celebrada). Amém!
A propósito de referir os Passos Perdidos da
Assembleia da República importa anotar que a expressão é indicativa da
hipocrisia consagrada no mais elevado nível do Estado. É que os chamados Passos
Perdidos no parlamento nacional nunca são perdidos pelos deputados, visto que
são simplesmente achados numa proveitosa recolha de proventos para eles
próprios.
Retenha-se a realidade: a designação de Passos
Perdidos é uma falácia com grande carga de cinismo e fingimento. Entre muros do
palaciano imóvel os deputados conseguem tudo que querem, Sempre!
Até por que estarão possuídos da determinante ideia
do adágio “Quem parte e reparte e para si não guarde a melhor parte, ou é tolo
ou não tem arte”. E todos os portugueses sabem que se, eventualmente,
predicados operacionais faltam aos deputados, uma coisa é certa: na arte de
guardar a melhor e substancial parte eles são mestres incontestáveis e ninguém
os ultrapassa.
Aliás, se na Assembleia da República haveria
cabimento da designação de Passos Perdidos, o respectivo letreiro deveria ser
afixado no corredor de acesso às galerias do público que circundam o hemiciclo
do plenário…
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