122. APONTAMENTO DE
BRASILINO GODINHO
14 de Março de 2018
A LUSA TOUPEIRA E SEUS TRÊS ESTADOS:
IGNORADA, PRESTIGIADA, PERSEGUIDA.
Inúmeras luas passaram desde que
me conheço como ser pensante e atento ao mundo em meu redor, sem saber que
existiam toupeiras. Talvez por elas viverem num inacessível território, em
subterrâneos, e terem o hábito de vir à superfície de madrugada. Só tardiamente,
na juventude, tomei conhecimento da existência das toupeiras. Embora sem ter
posto a vista em cima de uma delas.
Certamente devido à sua natureza
e misteriosa vida, a toupeira nunca teve grande cotação social, quer no meio
urbano, quer no mundo rural. Ninguém dava nada por ela.
Mas desde há poucos meses que, em
Portugal, passou a ter grande importância e a sua cotação subiu em flecha, a
ponto de suscitar disputas entre admiradores e aproveitadores dos seus
préstimos, tão tardiamente reconhecidos e aproveitados.
Agora, ela desfruta de elevado
prestígio. É sobretudo na área desportiva, onde já ocupa um elevado estatuto,
que mais evidencia o largo alcance da sua profícua actividade subterrânea que
exerce de precavida forma para não ser bloqueada.
Não obstante - e paradoxalmente -
a relevância do seu prestígio, suscitou a atenção das autoridades judiciais,
que lhe estão movendo feroz perseguição como se tivessem o intuito de acabar
com a espécie.
Tendo em consideração o
extraordinário e artístico jogo de cintura já demonstrado pelas toupeiras e a
tradicional rigidez, o pesado equipamento e a complicada operacionalidade dos
dispositivos judiciais, antevê-se que se sucedam prolongadas acções de
guerrilha institucional…
Caso para se formular a pergunta:
Qual o resultado dessa luta?
Resposta difícil que, tal como
nos jogos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, terá desfecho de tripla:
vitória, empate, derrota...
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