9. APONTAMENTO DE
BRASILINO GODINHO
01 de Novembro de 2017
O DEVIDO RESPEITO
EM SEDE PRESIDENCIAL
DA REPÚBLICA DE PORRTUAL
A Presidência da República, sendo
a mais alta magistratura do Estado, impõe ao seu titular a obrigação de
preservar a dignidade do cargo, sempre que se envolva em acções inerentes ao
desempenho das funções que lhe são próprias. Num qualquer tempo, público lugar,
ocasional circunstância - enquanto ocorrerem os vários desempenhos oficiais -
não são admissíveis procedimentos que se confundam com outras acções de
natureza particular levadas a cabo pelo presidente.
Tem todo o cabimento dizer-se: noblesse oblige! Por muito que isso custe à entidade
presidencial.
Aliás, qualquer presidente quando
se candidata ao alto cargo sabe que a função presidencial implica reservas e
obrigações, porventura incómodas, relativamente a certas liberdades pessoais e comporta
exigências de simbolismo pátrio, comportamentais, de representatividade funcional
e de valores e princípios que ao presidente cumpre acatar e, ainda, não só
demonstrar firme adesão, como efectivar o convincente e inequívoco exercício inerente
às atribuições da Presidência da República.
É no cumprimento escrupuloso dos
deveres presidenciais e da expressão prática que deles é observada ou
percepcionada pelos cidadãos, que se inscreve o respeito que o presidente
manifesta por si próprio e, sobretudo, pelo órgão de soberania Presidência da
República, de que é legítimo titular.
E claro que na medida em que o
presidente se respeitar a si mesmo, também usufruirá do correspondente respeito;
que lhe será facultado pelos cidadãos. Se falta e falha o primeiro,
inevitavelmente não ocorrerá o segundo – como vamos observando nas redes
sociais em que o presidente é muito maltratado; por vezes, em termos bastante
ordinários, da maior grosseria. O que é absolutamente inadmissível.
Isto escrito com referência à
desarmoniosa promiscuidade entre actividades presidenciais e a prova de pessoal
capacidade natatória no mar açoriano, reportada pelos órgãos de comunicação
social, que se registou no último domingo na cidade micaelense da Ilha de S.
Miguel, Açores. A que acresceu a caricata travessia da Avenida Marginal de
Ponta Delgada pelo Presidente da República, então simplesmente entrelaçado na
quase nudez do seu franzino invólucro anatómico, em calção de banho, tronco nu,
dilatadas mamas ao léu, pés descalços e, por sinal, bem adornado com a
companhia de uma vistosa e atraente beldade. Um espectáculo que - admissível na
qualidade de simples cidadão e num tempo de férias - é de todo reprovável quando
protagonizado pelo Presidente da República; que na data e hora se apresentava
com tal prerrogativa oficial.
Um acontecimento deplorável que,
infelizmente, ilustra e documenta o estado de multíplice decadência educacional,
cívica, social e ética, a que se chegou em Portugal. Pouca gente de relevo
político e projecção social se respeita e se dá ao respeito.
O actual presidente, nos Açores, entrelaçado na sua
quase nudez, devidamente escoltado
por uma vistosa beldade e por um indivíduo que talvez
fosse o guarda-costas de serviço.
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