Salve,
CATALUNHA INDEPENDENTE!
Brasilino Godinho
01. Apetece-me gritar a minha
saudação à nobre nação catalã.
Fosse eu figura marcante na cena
nacional e com posição destacada no mundo civilizado, agora, em estado
eufórico, estaria a proclamar alto e bom som, com o maior vigor e ressonância
universal, o meu aplauso à corajosa acção libertadora dos catalães e a render
significativa homenagem à Catalunha.
02. Nesta hora de referência
histórica importa realçar que a Catalunha é nação antiga, tem ancestral
território próprio, possui língua que lhe é intrínseca e conserva invulgar,
rico, património cultural.
Há bastantes anos subjugada à
Espanha era mais que tempo de a Nação catalã (pela segunda vez e
definitivamente) se libertar e ascender de direito e de facto à plena soberania
inerente a distinto Estado.
Estado que, finalmente, emerge na
presente era pós-modernidade.
03. Como português regozijo-me com
o acontecimento, não só por razões de respeito e compreensão pelo oprimido povo
catalão, mas também não esquecendo a luta armada entre espanhóis e catalães que
em 1640 se desenrolava na Catalunha – o que deu ensejo a Portugal se libertar
do domínio dos Filipes de Espanha; visto o seu poder estar então muito
enfraquecido e as forças armadas da realeza dispersas por várias frentes de
batalha na Península Ibérica e nas Américas.
04. E desse quadro alentador para
os conjurados portugueses, resultou ter Portugal conseguido restaurar a sua
independência. Por isso se pode dizer que, sob certos aspectos, a Catalunha,
com a sua luta, naquele tempo heróico, deu a Portugal ensejo de se libertar do
domínio dos Filipes de Espanha. O que mais é valorizado pelo facto de a Espanha
ter mantido a chamada Guerra da Restauração durante 28 anos e só ter
reconhecido a total independência de Portugal através do Tratado de Lisboa,
celebrado a 13 de Fevereiro de 1668.
05. Desta forma fica demonstrada
a política de sujeição, prepotência e conquista violenta, exercida pela
Espanha, ao longo dos séculos, sobre os povos que na Europa e nas Américas lhe caíram
e caem na alçada ou lhe despertam cobiça e propósitos de absorção territorial.
Pela parte que nos toca
directamente não esqueçamos: Aljubarrota, a Guerra da Restauração, a ocupação
abusiva de Olivença (desde o Tratado de Viena, 1815) e as recentes ameaças de
ocupação militar efectuadas sobre os ilhéus do Arquipélago da Madeira.
06. Chega-me a notícia da inqualificável
declaração do governo português, feita esta noite, através da qual expressa
apoio ao governo espanhol chefiado por Mariano Rajoy.
Mais uma vez os governantes
portugueses pretenderam ser mais papistas que o Papa e, acintosamente, se
mostram subservientes perante o Poder espanhol, atingindo o patamar da
cobardia; e assim dando desastrada, gratuita, confirmação à memória do general
Francisco Franco – o ditador que, já no leito de morte, ainda dizia que os
políticos portugueses eram cobardes.
07. A verdade é que como
portugueses não temos que intervir numa questão que diz respeito à Espanha e à
Catalunha.
Trata-se de uma atitude do
governo português que nos envergonha e que devia ser objecto de repúdio da
maioria do povo português; afinal, povo que, na sucessão dos tempos, muito tem
penado com as arremetidas dos castelhanos e dos seus sucessores espanhóis.
Nota marginal
Tenho, em mim, desperta uma
curiosidade: os actuais governantes portugueses têm algum conhecimento - mesmo
rudimentar - da História de Portugal?
Para além dos combates políticos
com que se entretém, não seria de boa política combaterem a ignorância encartada,
reflexa das licenciaturas arrelvadas e
socráticas, e dedicarem-se ao estudo da história pátria? Talvez que não
fizessem tantas asneiras, nem procedessem em detrimento da identidade nacional –
o que é agravado pelo concomitante menosprezo do sentimento patriótico.
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