PARAFRASEANDO…
COM VISTA PARA
O ABSURDO
Brasilino Godinho
18 de Setembro de 2015
A
edição do jornal i, de 16 do mês
corrente, insere um texto de opinião sob a rubrica de ‘COM VISTA PARA O
ATLÃNTICO’ que é um exemplo dos disparates, do fanatismo e das distorções da
realidade sociopolítica que se nos deparam frequentemente em certa imprensa da
capital.
O
artigo em causa tem a particularidade de, pela sua faceta ridícula e
desconformidade com a exactidão verificada a olhos vistos e (ou) sentida pelos
portugueses, nos provocar o riso e alguma compaixão por quem se mostra tão apegado
a mirabolantes fantasias.
Todavia,
não podemos alhear-nos da grave ofensa que o autor faz à inteligência de
qualquer cidadão que cultive os valores que dão sentido de dignidade à vida e
que regulam a harmoniosa vivência da sociedade.
Escrito
isto, não nos alongamos em comentários.
Até
por que os leitores vão ajuizar das pérolas
que constam do artigo em causa, de que vamos transcrever as que mais se
destacam no incrível, prolixo elogio que nele é endereçado ao grande chefe,
superior patrocinador dos vários fanáticos carreiras
que estão por aí dispersos e empenhados em elevar Pedro Passos Coelho aos
píncaros da Lua.
Os
leitores reparem nas seguintes pérolas:
1. “Passos tem tudo para ser
primeiro-ministro.”
2. “As políticas foram importantes mas
foi no plano dos valores que se vincou a diferença. Este foi um governo de
valores.”
3. “Houve realismo na adversidade,
humanismo nas políticas e transparência na comunicação. Este governo respeitou
a inteligência do eleitorado.”
4. “Passos foi Político (com ‘P’ grande)
e afirmou-se como um grande estadista. E se Passos é diferente nos valores,
também o é na competência.”
Pela
nossa parte e relativamente a cada uma das citações, fazemos as seguintes observações:
1. Passos tem tudo para ser último primeiro-ministro.
2. Pois foi no plano de valores - que são paradigmas de civilização e de
bem-estar das populações - que se vincou a diferença negativa e destruidora de
um governo que os desprezou e subverteu com terríveis consequências para a
nação portuguesa.
3. Releva de grande cegueira política e da maior hipocrisia e desvergonha
dizer-se que “Houve realismo na adversidade, humanismo nas políticas e
transparência na comunicação”.
Impressiona
tanta cegueira e inversão de valores e de significação de procedimentos
condenáveis pelo bom senso de qualquer cidadão de boa formação moral e
possuidor de um mínimo de faculdades de alma e de sentido ético.
“O
governo respeitou a inteligência do eleitorado”?
Como
assim? O eleitorado tem inteligência? Quem diria? Não será a inteligência um
atributo exclusivo do ser humano?
É
um achado impressionante que alguém tenha descoberto, em Cascais, que uma
entidade abstracta possui inteligência. No entanto, como nem há inteligência no
eleitorado, também não houve acção de respeito ao mesmo. Fica a frase retida no
vazio de um discurso mui ficcionado e comprometido com o clientelismo do PSD.
É,
ainda, de supor que o uso da expressão tenha sido forma enviesada e canhestra de
fingir ignorância do generalizado reconhecimento do desrespeito de Passos
Coelho (e do governo) por cada eleitor.
4. Esta passagem do artigo é de provocar uma sonora gargalhada. Porém,
demonstrativa do exagero a que o autor levou a manifestação da idolatria e de
fanatismo de que está possuído e que se aventurou a exibir na praça pública.
Definitivamente,
assentemos que Passos Coelho foi (e continua sendo) político com ‘p’ minúsculo.
E competente? Quem, além dos companheiros e amigos a ele subservientes e
agradecidos, deu por isso?
Passos
é diferente nos valores? É! Quanto fiel a alguns indecentes. Sem margem para
dúvidas. Em grau supremo ele preza e cultiva o valor da MENTIRA.
Quanto
a Passos: ele ser um grande estadista? Esta palermice nem lembraria ao Diabo. E
logo ele que nem fará ideia do que isso seja…
Concluindo:
é assim com recurso a expedientes idiotas e a gritantes falsidades que, com o
maior atrevimento e ausência de decoro, se promovem, nalguns órgãos da
comunicação social, os políticos de meia-tigela que arrastaram o País e os
portugueses para a grande desgraça nacional da actualidade.
Foto: jn. Pt
Passos Coelho implorando de mão estendida: Eu sou o maior! Vinde a mim,
rapaziada amiga e veneradora, com os vossos elogios e os mais fervorosos
aplausos.
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