Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

quarta-feira, setembro 24, 2008

Estimadas senhoras da nossa maior admiração,

Caros senhores de boa reputação e apreciada respeitabilidade,

Prezados amigos das horas boas e más,

Contemplando-me na qualificada bondade dos vossos acolhimentos às minhas prosas condimentadas com sal quanto baste e muita pimenta, tomo a liberdade de vos trazer uma crónica que foca a criação de mais uma palavra variável na Língua Portuguesa: o verbo experienciar.

Recomendo contenção a quem se proponha festejar o acontecimento. A Língua não se enriqueceu. Pelo contrário, ficou mais adulterada. Embora o termo se adeqúe à definição dos procedimentos dos políticos, dos governantes e dos numerosos, bastante nutridos, melros, papagaios, sanguessugas e outros parasitas, que conduziram o País para a desastrosa situação actual.

Com os melhores cumprimentos.

Brasilino Godinho

Ao compasso do tempo…

FINALMENTE!...

DESCOBERTO O TERMO QUE FALTAVA NO NOSSO LÉXICO SOCIOPOLÍTICO…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

Hoje, dia 04 de Setembro de 2008 ao ler o “Diário de Aveiro”, página 7, deparo no topo um título garrafal: “Jovens cientistas do país “experienciam” na Universidade”. A princípio fiquei perplexo. Mas rapidamente se fez luz na minha cachimónia e exclamei para os meus botões: Eureka! E interpelei-me: Como não percebi, no instante da leitura, o sentido semântico do novo verbo “experienciar” que, inopinadamente, vem carregar tonalidade negra na escuridão do nosso viver quotidiano? Para responder à pergunta socorro-me da desculpa da minha boa fé. Outrossim, de alguma ingenuidade; um pouco difícil de explicar na minha condição de jovem de avançada idade.

Neste ponto há que referir a circunstância, não despicienda, de o novo verbo ter sido apresentado ao respeitável público, aos idiotas, aos irresponsáveis abusadores da paciência do Zé-Povinho, às prendadas meninas e desenvoltas senhoras da nossa periclitante sociedade e aos menos letrados facilmente influenciáveis pelos vendedores da banha de cobra, na terceira pessoa do plural do presente do indicativo, sem quaisquer explicações sobre o respectivo significado. Uma falha que se revestiu de gravidade como era fácil de prever dado o impacto que a nova palavra terá no historial da nação lusíada… Esta será a consequência inevitável… Mais uma desgraça linguística a juntar a tantas outras que dilaceram a língua portuguesa.

Todavia, sob ângulo de visão pessoal do escriba, autor da presente crónica, afigura-se oportuno que ele se permita o desplante de “dar a volta” ao caso e reviravolta ao texto, com o atrevido propósito de recolher alguns louros (passe a imodéstia) compensadores do esforço dispensado na penosa tarefa aqui exposta pormenorizadamente… Por isso, neste artigo de opinião, escrevo: Atendendo à importância do acontecimento, sinto-me orgulhoso por, sem delongas embaraçosas, o meu espírito ter absorvido num ápice a verdadeira significação do fenómeno linguístico que bem realça a plenitude do generalizado desconhecimento da língua mater, graças às más “artes” que, nos últimos decénios, vêm sendo cultivadas nos estabelecimentos de Ensino inferiormente orientados pelos controversos elencos ministeriais que alternam no alojamento do palacete da Educação Nacional.

Posta a questão nos precedentes termos devo anotar a seguinte reflexão:

Se por intuição decorrente do contexto da peça jornalística, bem interpreto o significado do verbo “experienciar” é caso para todos embandeirarmos em arco, considerando que estamos confrontados com uma descoberta sensacional. Deveras oportuna. Claramente objectiva. Que tal como o Toyota veio para ficar – pelo menos enquanto o povo português se sentir na apagada e vil tristeza de que falava o imortal poeta dos “Lusíadas”.

Mais se pode afiançar que era o termo que faltava na nossa língua para caracterizar as imprestáveis acções de quantos se comprometeram no alcance da vergonhosa e deplorável situação a que se chegou em Portugal. Faz-se esta afirmação sem omitir o oportuno reparo de os ”jovens cientistas”, já neste precoce estádio de evolução curricular, iniciarem muito mal o seu percurso de sapiência; isto é, negligenciando o seu douto estatuto, contentam-se pela mediocridade de experienciar nos domínios da Ciência. Mau presságio quanto ao futuro da Ciência em Portugal

Decerto que assumo um risco ao atribuir ao recém-criado vocábulo um conteúdo nocional ligeiramente aparentado com o do verbo experimentar. Pois que, no meu entender, o verbo “experienciar” é assim a modos de uma palavra que designa a acção executada ou sofrida por um sujeito imbuído do espírito dúbio de fazer primários simulacros de experiências, de exercitar práticas equívocas sem preocupação de acertar nos resultados adequados, de ocupar o tempo, simulando, a fazer de conta que trabalha com algum rigor e objectivo definido em prol do Bem Comum. Portanto, “experienciar” é procedimento blasfemo, incompetente e nocivo para a sociedade porque não oferece garantias de seriedade, de conhecimento, de saber, de rigor e de utilidade (no âmbito pessoal) para os indivíduos, de proveito para o colectivo dos cidadãos e de eficácia e revigoramento para o desenvolvimento do País.

Aliás, atentemos que se chegámos ao descalabro geral prevalecente em Portugal isso se deve a que, com algumas excepções no nosso meio social, quase todos temos andado a “experienciar”.

Sim! Não são unicamente os “jovens cientistas do país” que “experienciam” ocasionalmente na Universidade de Aveiro. Aliás, repare-se na afirmação da jornalista: “jovens cientistas”. Perguntaríamos: Quais? O artigo da jornalista informa: 75 jovens entre os 15 e os 23 anos”. Nós registamos: tão novinhos e cada um já ostentando o rótulo de “cientista” e o correspondente peso da irresponsabilidade de arcar com tal qualificativo – o que condiz com a institucionalizada cultura das facilidades inculcada nas mentes juvenis.

Feita esta observação a propósito da ligeireza com que se encaram os acontecimentos e se manifesta o à-vontade dos promotores dos encómios, retomo o tema para dizer simplesmente que vão decorridas muitas luas em que o verbo “experienciar” tem sido conjugado por muita gente, em jogadas de antecipação premonitórias do seu actual surgimento. Em primeiro lugar, os governantes “experienciam” continuamente. Porfiam e não se cansam. Os políticos não lhes ficam atrás. As televisões, os jornais de Lisboa e Porto, as rádios nacionais, “experienciam” todos os dias, sem quebras de continuidade. Mas quem toma a dianteira a uns, a outros e a entidades quejandas, são os iluminados “mestres” e os fantasiosos “sábios” das sociedades secretas. Estes “experienciam” a todos os instantes. São os mais empenhados.

Decerto que existem muitíssimos mais portugueses que “experienciam”; não valendo a pena enumerá-los num qualquer inconclusivo rol – o que se tornaria trabalho ciclópico de investigação e averbamento, demasiado fastidioso para mim e aborrecido para os leitores.

Ou por outra: se já referi membros das sociedades secretas, governantes, políticos e órgãos de comunicação social, como obstinados praticantes do nefasto ofício de “experienciar”, afinal foquei os principais autores e actores, maiores responsáveis, da enorme, dramática, parada da paródia que é a situação que se vive em Portugal. Na sua falaciosa representação diária eles se entretêm com infatigável determinação, grande ousadia, bastante proveito próprio e sem resquícios de vergonha. Cínicos, práticos, limitam-se a “experienciar”

SIM! Repetimos: Eles “experienciam”. E de que maneira!…