Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

quinta-feira, janeiro 17, 2008

Um texto sem tabus…

UM PROBLEMA SÉRIO

NA POLÍTICA AVEIRENSE…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

Um presidente de câmara municipal é pessoa que arca com grandes responsabilidades e, por definição e força da natureza da função, está sempre muito ocupado. Fatal como o destino: toda a sua vida de autarca é preenchida com reuniões e chateações. Quase sem tempo para divagar o espírito num passeio higiénico em redor dos Paços do Concelho. Acumulam-se as dificuldades, sobre dificuldades de empatia. Somam-se os transtornos das perigosas acessibilidades ao trono municipal. Apesar de, autarca avisado e vigilante, contar com a protecção de máscara, resguardo asséptico e distanciamento profiláctico – valiosos meios preventivos facultados pela esperteza e capacidade de actuação de gentis secretárias e espertalhaços assessores, que agem como melgas empenhadas em manter os munícipes fora de portas camarárias. Estes, geralmente, considerados como impertinentes fautores de intoxicação, de incómodos e de mal cheirosas atmosferas. Também, nalguns casos, indiciadores de potenciarem virulentos encontros. Sem abstrair o risco de os mesmos se tornarem peçonhentos

Falando do actual presidente da Câmara Municipal de Aveiro, Élio Maia, acresce a circunstância de a pessoa haver a necessidade (substancialmente preenchida) de possuir um grande arcaboiço físico e uma sólida estrutura psíquica para aguentar com a tremenda carga de uma monumental, faraónica, e pesadona dívida autárquica que o traz algo arqueado, triste, preocupado, absorto em cogitações e empenhado em descortinar a célebre luzinha ao fundo do túnel que lhe ilumine o caminho da redenção do pesadelo.

Como se todos os grandes encargos e inúmeras preocupações que o afligem não fossem ónus suficiente e ocupação plenamente esgotada, o presidente aveirense agora debate-se com um sério problema que, talvez, já lhe tenha afastado o sono em bastantes noites deste prolongado Inverno. Por isso não admira que se mostre, de vez em quando, nervoso e deixe transparecer alguma incomodidade por aquilo que seus olhos de lince esperto e sobreexcedente vão vendo no meio ambiente que o envolve e o limita: quer nos movimentos operacionais, quer nas formulações dos actos político-administrativos.

Trata-se de um problema de obscenos costumes e da etiqueta que ocorre por aí; nomeadamente, nas reuniões e encontros que têm lugar nos espaços camarários.

E vai daí, na última sessão da Assembleia Municipal, o presidente da autarquia agastado, furibundo, com a perturbadora visão que se lhe vem deparando – ao que deixou antever – não se conteve, desabafou e… marcou um rumo Por forma peculiar. De uma assentada, como quem mata dois coelhos com uma cajadada, informou os participantes e os assistentes do grave e perturbador problema: uma coisa que, contagiosa como um vírus da gripe, ameaça generalizar-se; ainda por cima, difícil de compreender no cidadão vulgar e muito menos aceitável na pessoa (João Barbosa) do presidente de uma das juntas de freguesia mais badaladas da cidade de Aveiro. Na circunstância, não desmerecendo na sua qualidade de professor de Filosofia – domínio do Saber muito relacionado com a Ética – num jeito paternal, mas expressando-se com dureza, em tom peremptório para que não surgissem dúvidas sobre a gravidade do assunto e da importância que dava ao acto, o presidente camarário ilustrou a melindrosa situação de agravo da etiqueta e da regra dos bons, lustrosos e saudáveis costumes, com severa admoestação ao “manda-chuva” da freguesia de Vera Cruz, ali presente. Dirigindo-se ao visado ordenou-lhe: “Tire as mãos dos bolsos e ponha as mãos à obra”.

Imagino a perplexidade do sujeito (presidente de junta) ao ouvir tamanha diatribe. Até pela extrema dificuldade que experimento em descodificar-lhe os termos e apreender todos os variáveis sentidos que ela pode comportar e esconder.

Desde logo, sobeja-lhe confusão e ambiguidade. Falta-lhe precisão. Isto é: não configura elementos identificadores do eventual corpo de delito. Por exemplo: dados inerentes à embaraçosa situação de o presidente da junta, desastradamente, meter e conservar as mãos nos bolsos.

Pelos vistos, sem margens para se duvidar da acuidade visual do presidente da câmara, o homem (o tal manda-chuva) estava com as mãos nos bolsos. Naturalmente, o discreto cidadão interroga-se: De quem? Do parceiro que estava ao lado? Bolsos do casaco? Das calças? Bolsos da blusa, sobre as mamocas da menina sentada à sua ilharga? Ou estava com as mãos enfiadas nos bolsos do seu próprio casaco ou das suas calças? Porquê o dito autarca há-de insistir em trazer as mãos aconchegadas nos bolsos, quaisquer que eles sejam? Quem sabe se por causa do frio? Ou para segurar qualquer objecto ou instrumento que receie perder ou danificar? Será que o presidente da câmara aveirense acha inestética e deselegante a pose de um indivíduo se apresentar desrespeitosamente com as mãos nos bolsos seus ou alheios? Esta postura de défice cavalheiresco causa-lhe embirração? Por que tal hábito se deva considerar inadequado a um presidente de junta da cidade de Aveiro? Porém, se assim é, o presidente da autarquia municipal não se descuide; promova, sem demora, um curso de reciclagem de bons comportamentos sociais de inscrição obrigatória para os seus colaboradores presidentes de juntas das freguesias do concelho. Presidente do colégio municipal, sensível, exigente, responsável quanto baste, não pode permitir-se o luxo e a comodidade de se descartar, como Pilatos, noutra época, fez relativamente a Jesus Cristo, enjeitando as suas responsabilidades nessa exigente área da etiqueta municipal.

Tudo anotado conclui-se que a presidencial figura camarária não ponderou estas hipóteses e quejandas considerações.

Evidenciando rigor, sentido de oportunidade e fervor pedagógico - ou não fosse ele professor - o titular dos Paços do Concelho de Aveiro, foi directo para o reparo ao que julgou ser uma imperdoável falta de maneiras cavalheirescas de estar em sociedade de consumo das melhores receitas de convívio social, cometida pelo seu homólogo da freguesia.

Mas pior do que este descuido, o presidente da edilidade aveirense mandou o seu homólogo da Junta de Freguesia de Vera Cruz pôr as mãos na “obra”. Legitimamente perguntar-se-á: Mas que obra? Se é aquela que eu e os leitores estamos a pensar é caso para exclamar: Francamente! Havia necessidade de chegar a este extremo? O filósofo, presidente camarário, está longe de ser um anjinho com boas e higiénicas intenções Isso não se faz

Sua Excelência não deve limitar-se a zelar pelas condutas estéticas, elegantes e de boas maneiras dos munícipes mas, também, haverá de se preocupar com a higiene pessoal do cidadão, seja ele ou não presidente de junta da freguesia e pela saúde pública que nem pode ser desacautelada

Enfim, digam lá: é ou não é verdade que - como aqui se demonstrou - o presidente da câmara está enfrentando um problema sério na política aveirense?…

A ele, edil atento, cabe a honra e o mérito de ter sido quem primeiro o viu a olho nu… e logo o enfrentou com coragem e determinação… Bem-haja.