Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

segunda-feira, janeiro 07, 2008

Um texto sem tabus…

A POLÍTICA DE TERRA QUEIMADA

E DE TENEBROSOS INTUITOS…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

Acabo de me sentar à secretária e tenho na minha frente o teclado e o computador. Começo a bater as teclas, iniciando o texto. Sem ideias preconcebidas quanto às matérias que vou tratar. Neste preciso momento nenhuma sobressai no meu espírito. Falta de assunto? Não! O problema é de serem muitos os elementos que, em catadupa, me surgem à mente a merecerem atendimento, reflexão e cuidadosa abordagem em letra de forma. Num instante, escolher é difícil. Apesar de… Aqui vou eu.

Nos dias que correm, a toda a hora, se me deparam eventos e situações que dão largo fornecimento de conteúdos das peças escritas que me proponho elaborar.

Os factos que se sucedem numa cadência vertiginosa, os acontecimentos escabrosos, os procedimentos desonestos, o cinismo instalado na vida social, as leis controversas e imorais, as normas viciadas, os esbanjamentos públicos, a desprotecção aos idosos e pensionistas, a corrupção avassaladora, o descalabro da Justiça, os escândalos de tantas obscenas explorações do Erário, os desperdícios na máquina administrativa, o mau funcionamento dos serviços públicos, a política de desmantelamento dos estabelecimentos hospitalares, maternidades e centros de saúde, o encerramento das escolas, a degradação do ensino e da educação, o desprezo da língua pátria, a vesga perseguição aos desafectos do poder maçónico instituído, a perversa censura e as indecentes manipulações da opinião pública desenvolvidas pelos jornais, revistas, rádios e televisões, a progressiva diminuição do poder de compra dos trabalhadores e dos funcionários da Administração Pública, o crescente aumento da pobreza, os encerramentos das fábricas, a progressão do desemprego, a criação e desenvolvimento de um clima de revolta, por enquanto, tolhida ou compensada pelo conformismo de uma legião imensa de cidadãos frustrados nos seus anseios a uma existência digna – tudo isto que se segue em ritmo infernal no decurso do nosso viver quotidiano fornece elementos de sobra para análise, comentário e denúncia.

E ao lembrarmo-nos de tempos, não muito distantes, em que as pessoas instavam, reclamavam e solicitavam aos detentores do Poder que lhes construíssem um hospital, uma escola, um centro de saúde, uma maternidade, uma creche, com os indispensáveis equipamentos e meios humanos e que veio a ser paulatinamente conseguido; sentimos calafrios, desgosto e indignação por, agora, sermos confrontados com o inverso. Ou seja: os governantes vêm, nos últimos anos, abandonando ou destruindo tudo aquilo que foi laboriosamente alcançado. Encerram os estabelecimentos, nuns casos; noutros, reduzem-lhes os meios e as capacidades de intervenção. Complicam a vida do cidadão anónimo. Em muitas circunstâncias, que se repetem continuamente, os utentes das instalações onde se prestam cuidados de saúde, são objectivamente encaminhados para a morte. Isto, expresso de forma tão crua por que são factos que não acontecem por acaso. Eles obedecem a uma lógica operativa de desagregação social em consonância com uma abrangente e predeterminada política de redução populacional induzida pelo incremento da mortalidade (abreviada quanto possível) dos idosos e dos pensionistas mais carenciados de meios de subsistência, dos deficientes e dos sem abrigo.

O que tem ocorrido com as juntas médicas que obrigam doentes em fase terminal de vida a apresentarem-se em maca nos locais de trabalho, os indivíduos que morrem nos corredores dos hospitais enquanto esperam ser internados, os enfermos em estado grave sujeitos a deslocações de dezenas de quilómetros para unidades de atendimento urgente na esperança de que eles morram durante os trajectos ou que, lá chegados, permaneçam horas sobre horas sem serem atendidos; como sucedeu há dias em Aveiro com o trágico desenlace do falecimento de uma idosa vinda de Albergaria-a-Velha. (Decerto que há que ter cuidado na avaliação destas ocorrências não fazendo dos técnicos de saúde os “bodes expiatórios” do inoperante sistema - visto que, de repente, nos estabelecimentos com o serviço de urgências, os números de casos urgentes aumentarem exponencialmente em consequência da destrambelhada directiva que determinou a centralização dos actos médicos em unidades centrais).

Por estas razões de insensibilidade, de incompetência e de equívocos propósitos, actualmente, assistimos a sucessivas manifestações de populares que se batem pela manutenção de serviços e equipamentos; os quais, nos tempos das respectivas inaugurações, eram tidos e saudados como grandes conquistas com largo alcance social.

Os actuais governantes não se preocupam em facultar a aproximação dos utentes aos serviços públicos das suas áreas. Querem é afastá-los e obrigá-los a sacrifícios, a despesas com transportes e a correrem perigos desnecessários. Quanto pior para os indígenas, melhor para os objectivos da desgovernação.

Assim consagrada uma política de terra queimada que está, aceleradamente, a transformar Portugal num país de gente sem emprego, com fome, vivendo na miséria, sedenta de justiça, ávida de cuidados essenciais de saúde, revoltada, triste, desiludida, sem esperança numa vida melhor ou com um mínimo de dignidade, mas com o sentido da morte abreviada e onde se vão criando as ideais condições para o desenvolvimento de uma cultura de agressividade, violência, criminalidade, insegurança pública e de quase total impunidade dos grandes criminosos e corruptos.

É, precisamente, essa gente da pequena política a responsável pela dramática degenerescência da nação portuguesa, em curso de roda livre, que se obstina em instituir a Regionalização. Dizem eles, os anões políticos causadores da nossa desgraça - muitos deles, testas-de-ferro dos grandes senhores cinzentos (citados pelo falecido professor doutor Sousa Franco) que, efectivamente, mandam neste Portugal - que seria a forma de aproximar os governantes aos governados.

Impõe-se a interrogação: Mais aproximação dos cidadãos aos políticos, do que aquela que já temos de suportar, com tão péssimos resultados? Ufa! Chega de falácias. Basta de ilusões. Repúdio total para as lavagens aos cérebros das pessoas. O povo, considerando as patifarias que lhe têm feito, o que deseja é vê-los quanto mais longe possível. Não lhes suporta o cheiro… Tão-pouco a arrogância. Já enjoam as prestações ridículas nas televisões e por tudo que é sítio de exposição pública. Ficam mal no retrato e pior nos desempenhos circenses. Além disso, empestam o ambiente. Deixem os espaços livres; que se querem bem oxigenados. Deste modo, disponíveis para os verdadeiros artistas dos espectáculos de diversão. Remetam-se às suas insignificâncias. Entretenham-se, de vez em quando, altivos, a contemplar os próprios umbigos e neles revejam os “gloriosos” feitos que alcançaram pelas manifestas incompetências ou em subordinação a inconfessáveis interesses. Pelo menos, nesses momentos de devaneio narcisista, divertem-se e não chateiam os indefesos cidadãos.

Não obstante essas ocasionais e obscenas euforias tanto dos seus agrados, fiquem sabendo que o povo condena-os pelas execráveis maldades, pela desmesurada hipocrisia, pelas delirantes mentiras, pela enorme insensibilidade, pelas inúmeras ofensas e agressões, evidenciadas nos comportamentos ou que têm praticado sem vergonha e em total negação dos princípios da Liberdade, da Fraternidade e da Igualdade, que tanto apregoam com a audácia de vendedores de banha da cobra.

Ademais, os portugueses conhecem esta verdade comezinha: no mesmo passo que lhe são impostos sacrifícios e explorações de variada ordem há um grupo de pessoas e organizações que auferem fabulosos rendimentos. Na prática, o País é deles. A sua coutada de caça onde se divertem e vivem alegremente com ostensiva e obscena exuberância. Muitíssimos à custa do Erário.

Que faz o Governo? Em vez de agir, corrigindo as situações, adula, confraterniza, entra na festança, canta o fado do virtual crescimento económico à desgarrada com os marialvas e as severas do serviço de apoio e dança de braço dado com a rapaziada fixe o vira e torna a virar saloio alfacinha.

Dir-se-á que estamos regredindo ao estádio da Idade Média. A plebe vivendo pobremente, explorada pela nobreza e pelo alto clero.

Agora, em Portugal, as desigualdades sociais são muito profundas.

Fiquemos cientes que bastante, em dimensão incrível, se tem feito, conscientemente, por isso.

Entretanto, os grandes responsáveis sentem-se impunes e vão trabalhando afincadamente para que Portugal continue a afundar-se. Repare-se como eles estão contentes. Felizes. Sorriem. Brindam entre si. Batem palmas. Promovem-se reciprocamente. É uma festa sem interregnos. A essa gente a vida prossegue de feição… E as despesas? Claro que correm por conta do Zé-Povinho. O Governo se encarregará de lhe apresentar as facturas que pagará impreterivelmente nos prazos nelas indicados. Para aprender que as crises nem são para todos…

Os leitores, uma vez que não podem espreitar os interiores das disfarçadas, obscuras, lojas e ver as desagradáveis matérias nelas expostas, ao menos conservem a memória das palavras e da imagem do chefe do Governo quando, no dia de Natal, prazenteiro, relatou os “êxitos” da (des)governação. Elucidativo…