Leitor,
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SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

sexta-feira, janeiro 18, 2008

Ensaio sobre... religião

Autora: Maria Maia

O medo do desconhecido e principalmente o medo da morte, levaram o homem a criar diversos sistemas de crenças, cerimónias e cultos – muitas vezes centrados na figura de um ente supremo – que o poderão ajudar a ultrapassar o desconhecimento e questionar-se: o que é que estou a aqui a fazer ? Assim surgiram as primeiras formas de religião para superar, de um qualquer modo, esses medos e essas dúvidas suscitadas. O cristianismo, por exemplo, surgiu como uma religião monoteísta (fundada na revelação histórica de um deus único), cuja evolução histórica fez com que divergisse em três grandes ramos: a igreja católica, as igrejas protestantes e as igrejas ortodoxas, sendo que em todas elas há divergências do ponto de vista doutrinário. A mensagem de fraternidade do cristianismo invocava uma vida simples e moral aos seus seguidores (com promessas de imortalidade). Porém, assim não aconteceu ao longo dos séculos, e as mensagens de simplicidade, de moralidade, de fraternidade, de amor, de união entre os seres humanos, de amizade, foram perdendo “terreno”, dando lugar a palavras como “medo”, “egoísmo”, “ódio”, “individualismo”. Inicialmente, e na maior parte das vezes, as religiões, além de serem um “alívio do medo”, eram viradas para os indivíduos, como por exemplo, “não comer carne de porco”. Porquê? É um portador de doenças, quer para os judeus, quer para os muçulmanos.

Há dezenas de religiões no planeta terra (que se dividem em outros tantos grupos ou seitas, como lhes queiramos chamar) e, se analisarmos bem a fundo esta questão da religião, não há qualquer consenso no que respeita à veracidade dos ensinamentos de cada uma das religiões que se arrojam, em muitos dos casos, como “a verdadeira”, tomando essa questão como um dogma.

O falecido Papa (como representante da igreja católica) meteu-se na vida das pessoas que seguem o catolicismo e que se regem pelas suas regras, como se percebesse o que é a família quando, na minha opinião, não tem nada que se meter na vida das pessoas, porque ele vivia dentro de um palácio recheado de todo o conforto que muitas das pessoas que seguem a religião católica não poderão nunca ambicionar ter. Se ele fosse voluntarioso ajudava os seus semelhantes e não ostentava o luxo em que vivia. Pessoas como ele vivem de falsas moralidades, e não consigo entender como é que há pessoas que seguem aquilo que ele dizia e que era, na maior parte das vezes, uma imoralidade.

A religião católica, na pessoa do Papa, critica o uso de todos os anticoncepcionais, para que as pessoas possam evitar gravidezes indesejadas. Até parece que o uso, por exemplo, do preservativo é uma praga! Não é nada disso. O preservativo protege os seres humanos nas suas relações sexuais, nomeadamente quanto à transmissão do vírus da sida e da hepatite. Faz também criticas à união entre homossexuais, como se as pessoas estivessem a cometer algum crime – cada ser humano ama quem ama, e mais nada. Até já há uma frase muito simples para quem ama: “eu amo quem quiser”. O preconceito é também uma forma de racismo, e uma das coisas mais importantes nas relações entre os seres humanos é a expansão do amor e da tolerância. Sem estes dois conceitos, aplicados à realidade, a convivência torna-se muito difícil. Mas não, a igreja católica, na pessoa do Papa, dos padres, dos bispos, ... vê maldade em tudo, só que a maldade está nas cabeças obsoletas deles. E eles nunca prevaricam ? Nos Estados Unidos, e só a título de exemplo, calcula-se que um em cada vinte e cinco padres está envolvido em crimes de pedofilia (há cerca de 4.397 padres que são acusados de abusar sexualmente de pelo menos 10.677 crianças) !!!

A união entre um homem e uma mulher existe apenas para a procriação (se bem que hoje em dia as regras mudaram devido à inseminação artificial). Tudo o que se relacione com amor vem da componente cerebral. É, no fundo, uma atitude mental.

É muito fácil falar quem vive numa redoma rodeado de luxos estando fora da vida diária das pessoas. Por todo o mundo católico, desde a África à Ásia, desde a Oceânia à Europa, passando pelos países Americanos, milhares de famílias vivem com cerca de um euro por dia não podendo, assim, dar quer alimentação, quer as condições de higiene mais básicas aos seus filhos, quanto mais educação. Assim, sendo como é que o Papa discursa no sentido da proibição do uso do preservativo e da pílula para evitar gravidezes indesejadas nas mulheres cujos parcos recursos económicos são, em milhares de casos, insuficientes para dar de comer (que é o mínimo desejável) aos seus filhos? O Papa, como não procria nem pode ter uma mulher, não pode falar destes assuntos porque não irá assumir responsabilidades familiares, e como pelos vistos tem que ser celibatário, pode sempre criticar os outros seres humanos, lavando as suas mãos. Daí que eu entendo que ele não se deve meter na vida das pessoas no que respeita aos temas supra referidos. Aliás, a sua obrigação como ser humano responsável e de líder de uma seita é ajudá-los, abstendo-se de fazer críticas sobre o uso disto ou daquilo, de forma a incutir o medo nas pessoas levando-as para caminhos de pensamentos errados que as poderão condenar à morte.

Todos sabemos, e volto a repetir, que a maior parte da população mundial vive abaixo do limiar da pobreza, daí que os governos devem ter uma intervenção social no campo da procriação, e criar programas de educação sexual e de apoio ao nível do planeamento familiar de modo a esclarecer essas pessoas cuja cultura é também, em muitos dos casos, diminuta. Não poderá haver nenhum pai nem nenhuma mãe, com o mínimo de cultura, que diga ao seu filho para não usar o preservativo ou outro anticoncepcional. Não pode haver! Os jovens quando iniciam a sua vida sexual (e como são inexperientes) devem ser aconselhados pelos seus pais, biológicos ou não, que o uso do preservativo é essencial para evitar a propagação das doenças sexualmente transmissíveis. Este tipo de educação deve ser dada a todos os jovens adolescentes, e cabe ao estado fazê-lo nas escolas.

A educação intelectual é a base de qualquer sociedade, sem ela as pessoas deixam-se levar pelas teorias de seitas como a igreja católica, que proíbe o uso do que bem lhe apetecer levando, neste caso específico, as pessoas a correr sérios riscos de vida. Todos devem ser consciencializados que há muitas doenças que se transmitem via sexual, daí o papel essencial dos pais na educação sexual dos seus filhos, porque só assim os poderão salvar do horror que é apanhar, por exemplo, hepatite ou o vírus da sida. A igreja católica só se preocupa em assustar as pessoas (incutindo medo nos indivíduos), dizendo mesmo, e passo a citar: “a humanidade, que às vezes parece perdida e dominada pelo poder do mal, pelo egoísmo e pelo medo” – pois é o medo que faz com que as pessoas abracem aquilo que nunca viram e que são os deuses e as deusas ... Depois há os que se aproveitam da situação ...! O medo é o medo da morte, que temos como única certeza, quando ao resto é deixar correr cada dia e tentarmos dar o nosso melhor, principalmente junto daqueles que nos amam e que nos respeitam. Quanto a mim não vale a pena gastarmos algum do tempo que nos sobra com a religião. A igreja católica só se preocupa com o seu bem estar interno personificada em todos aqueles que se passeiam pelo Vaticano e que se dizem representantes de Deus na terra e, para afastar a atenção dos seus próprios “males” internos, lança boatos relacionados com “o poder do mal” na sociedade, com o “egoísmo” e com o “medo” que, no fundo, ela própria incute nas mentes dos “seus” adeptos. Depois há que encaminhá-los para o confessionário para serem redimidos dos seus pecados.

A religião católica foi inventada pelos e para os homens; propagou por todo o planeta os seus medos mais profundos, como uma praga que se alastra, incitando mesmo à violência, culminando inclusive em penas de morte para alguns dos “prevaricadores”; consistiu em prejudicar a sua forma independente de pensar, tentando mesmo bloquear a inovação, a experimentação e a ciência. A Inquisição (que foi um tribunal eclesiástico, onde se julgavam os acusados de heresia, apostasia, feitiçaria, e outras coisas terminadas em –ia, como por exemplo, sabedoria, ciência e teoria) apareceu porque houve quem pusesse em causa os ensinamentos da igreja católica. Como esta negava o diálogo e promovia a intolerância, e, como os padres da época achavam que eram os donos do mundo e os detentores de verdades absolutas (os dogmáticos), tinham que eliminar quem se lhes opunha. Remédio santo. Mandaram-se uns quantos para a fogueira (enquanto o povo que assistia se ria sem saber porquê, tal era a sua ignorância). Aliás, quanto mais ignorante é o povo e quanto mais medo tem e se lhes incute melhor, porque assim há os terroristas que se aproveitam da delicada situação espalhando, como já referi, o medo e a discórdia entre as populações. Galileu foi condenado pela Inquisição, no século XVII, por afirmar que a terra era redonda, tendo que negar tudo no tribunal para não ir parar à fogueira. Homem sensato aquele! Sempre que algum cientista provava por a + b que determinado raciocínio é que era o correcto (ou seja provavam-no cientificamente, contrariando algumas das teorias de Aristóteles, tidas por verdadeiras pela igreja católica), pondo em causa as teorias da igreja católica, era condenado ou à morte ou a permanecer em casa sob prisão.

A própria igreja católica viveu (e vive em pleno século XXI) refugiada no medo do próprio medo da sua existência. Não é por acaso que passam a vida a inventar milagres e a atribuí-los a pessoas a si ligadas, para ver se conseguem captar mais sectários (porque qualquer religião não é senão uma seita, cujo culto é feito a um qualquer deus inventado pelo homem), de forma a que o pano não caia e que o espectáculo acabe num abrir e fechar de olhos. É que, por vezes, é muito difícil chegar-se ao topo do que quer que seja, mas para cair bastam alguns segundos.

Como referi supra, a igreja católica tem muitas certezas e, na mensagem de Páscoa escrita pelo falecido Papa João Paulo II, e lida pelo arcebispo argentino Leonardo Sandri, ele escreveu: “Ajudados por ele podemos compreender o sentido verdadeiro da alegria pascal que se baseia nesta certeza: aquele que a virgem teve no seu seio, que sofreu e que morreu por nós, ressuscitou de verdade” – aqui estão algumas das certezas que a igreja católica não se cansa de apregoar. Eles têm tantas certezas que não vêm mais nada para além das suas certezas. Que ironia ! Houve até um bispo que escreveu “o individualismo é sempre caminho acelerado para a morte” – Oh senhor bispo, então se acha isso, porque é que não se torna individualista para poder morrer mais cedo e ir ter com o seu deus ? Os católicos (que se portaram bem (???) ou que foram perdoados dos seus pecados na confissão) dizem que depois de mortos se vão sentar ao lado de deus, daí ele ter oportunidade de poder apressar “a coisa” ...!

Para terminar, gostaria de citar um pequeno excerto, para alguma reflexão, do livro de Dan Brown, Anjos e Demónios: “A fé não te protege. Medicamentos e airbags ... são essas as coisas que te protegem. Deus não te protege. A inteligência protege-te. Esclarecimento. Deposita a tua fé em qualquer coisa com resultados tangíveis. (...) Os milagres modernos pertencem à ciência ... computadores, vacinas, estações espaciais (...)”.