SARAIVADAS…
Ou as confissões do Arq.º Saraiva…
Brasilino Godinho
http://quintalusitana.blogspot.com
Tema I: Saraiva confirma o hábito, indicia uma condição suspeita e dá nota de censurador…
No editorial da edição de hoje, dia 10 de Novembro de 2007, do semanário que dirige, José António Saraiva confirma a impressão recolhida pelos leitores desde os tempos em que foi director do jornal de Balsemão: O arquitecto-jornalista almoça e janta (se é que não ceia), frequentemente, com os governantes portugueses.
E disso vai dando notícias à posteriori. Os leitores, assim despertos pela raridade de tais encontros promíscuos entre os detentores do poder comunicacional e o poder do Estado, ficam ensimesmados e interrogam-se quanto às matérias contempladas durante os repastos e acerca dos objectos das negociações que lhes estejam adstritos. Geralmente, nada transparece que elucide o público sobre tais eventos.
Mas, no texto a que nos reportamos, Saraiva - excepcionalmente - dá indicação sobre o tema debatido num almoço que compartilhou no Palácio de S. Bento com Santana Lopes, ao tempo chefe do Governo. O articulista fazendo notar que o período era de instabilidade que obrigava “Santana a habilidades de trapezista para disfarçar os disparates” e mais “percebendo que o Governo caminhava para o abismo, disse ao primeiro-ministro uma coisa muito simples: Mande calar os ministros. Não os deixe falar. Com isso resolverá grande parte dos problemas” (sublinhado nosso).
Experiente, o conselheiro Saraiva… Também, mui discreto… Outrossim, precavido… Igualmente, hábil encaminhador… Sobretudo, eficiente operacional… Decididamente: profiláctico e… didáctico. Tudo leva a crer que tão preciosos predicados sobressaem sempre que o arquitecto-jornalista estiver bem instalado a degustar uma lauta e bem regada refeição na boa companhia de cada um dos exemplares políticos que ornamentam a praça lisbonense.
Da parte transcrita do artigo em causa, referente a Santana Lopes, extraem-se as seguintes conclusões: o jornalista Saraiva apresenta-se como um bombeiro do 112 permanentemente mobilizado para acorrer em socorro dos seus amigos da governança e insinua-se como um oráculo ao serviço dos dignitários do regime vigente.
O perspicaz jornalista detectou em Santana práticas de trapezista; a que o artista do circo político recorria para disfarçar os disparates que não enumera – embora se perceba que seriam os dele (primeiro-ministro) e os dos membros da equipa governamental.
Porém, o aspecto mais relevante da afirmação de Saraiva está na implícita demonstração de que lhe são caras as atitudes censórias. Se as pessoas o incomodam e dizem coisas que não convém dar a conhecer aos cidadãos então manda-as calar, não as deixa falar ou lhes rejeita os escritos. De modo que através da censura e do recurso à lei da rolha Saraiva resolve os problemas que o possam afligir. Já tivemos experiência pessoal desta maneira de pensar e de agir de José António Saraiva, a quando do lançamento da nossa última obra A QUINTA LUSITANA. Por isso, não ficámos surpreendidos com este tipo de conversa e a importante revelação que, sem querer, lhe escapou. Só que devemos realçar o facto que confirma o que algumas vezes temos escrito sobre esta faceta da personalidade do arquitecto-jornalista; a qual, nem é apontada ao público com a regularidade que se impõe a bem da seriedade e transparência de actuação das direcções dos órgãos da Comunicação Social.
Por isso, naturalmente, Saraiva deu aquele conselho ao chefe do Governo, Santana Lopes. Detinha a autoridade da experiência na matéria para se disponibilizar a dar a ajudinha…
Tema II – Saraiva embirra com Joe Berardo e “descobre” uma estranha circunstância…
Saraiva está muito “chateado” com Berardo.
Embirra com o homem. Pronto!
Chama-lhe homem-espectáculo. Não gosta que ele vá com bastante frequência às televisões. O que só o prejudica, segundo julga. Acusa-o de fraco domínio do português. Entende que ele é confuso e se expressa mal. Acusa-o de prejudicar o banco e a sua própria imagem. Para Saraiva o enorme aborrecimento é que “Ninguém o cala”.
Excelente amigo, Saraiva - inegavelmente concordante - assume, sem complexos, as dores do Banco BCP-MILLENNIUM e dos accionistas situados no círculo das suas relações pessoais. Caso para se comentar que cada um sabe onde as pulgas lhe mordem…
Sem pretendermos meter veneno na prosa de José António Saraiva apetece-nos dizer que ela até parece um sermão encomendado…
Uma última referência para a estranha descoberta charadística de Saraiva que transcrevemos:
“A ÚNICA hipótese de calar Berardo seria Berardo calar-se.
Mas ele, estranhamente, não se cala”.
Pois, branco é, galinha o põe…
“Estranhamente”?...
Ou a estranha circunstância de “estranhamente”?…
Quem sabe se “estranhamente” a circunstância estranha?...
Qual delas seria?... Porventura, será?...
A certeza foi dada por quem sabe da poda: “Não se cala”.
Saraiva dixit.
Fim
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