Estimadas senhoras,
Caros senhores,
Aqui apresentadas as SARAIVADAS da semana.
Com dois temas que consideramos de muito interesse.
Cumprimentos.
Brasilino Godinho
SARAIVADAS…
Ou as confissões do Arq.º Saraiva…
Brasilino Godinho
http://quintalusitana.blogspot.com
Tema I: Saraiva e a sua fatalidade…
Ser “a grande cabeça pensante deste país”…
Já vimos escrito. Citámos em letra de forma. O grande pensamento atribuído a Saraiva: “Sou a grande cabeça pensante deste país”. Até hoje não há notícia de ele ter negado esta afirmação que lhe é atribuída. Aliás, ela vai na mesma linha daqueloutra que lhe ouvimos no decurso de uma entrevista concedida a Maria João Avilez num estúdio da SIC. Nessa ocasião, José António Saraiva informava que estava persuadido de vir a ser contemplado com o Prémio Nobel da Literatura.
Claro que não vamos contrariar Saraiva por uma simples e pertinente razão: não somos desmancha-prazeres.
Se ele se contempla embevecido na grande cabeça pensante, se dela colhe apreciáveis dividendos e se com ela se adorna, certamente se sentirá feliz e prazenteiro.
Aliás, se José António Saraiva está convencido que tem uma cabeça maior que a dos indígenas portugueses, no número dos quais estamos naturalmente incluídos, só temos que desejar que lhe faça bom proveito e não seja egoísta ao ponto de nos privar das manifestações que dela emanem; ou seja: de não nos dar oportunidades de apreciarmos os expressivos fulgores decorrentes dessa fantástica prerrogativa.
Pela nossa parte estaremos atentos, por que ávidos de conhecer os resultados brilhantes das actividades criativas atinentes às faculdades de alma albergadas na privilegiada cabeçorra (entenda-se como significando grande cabeça – a expressão usada por Saraiva).
Todavia, vamos radicando a impressão que Saraiva facilmente cai na tentação de associar a certeza da posse da grande cabeça pensante à ideia de ter o rei na barriga. Talvez por isso de vez em quando perde-se… Descontrola-se. Estampa-se. Confunde-se Fica enredado nas suas múltiplas contradições. Exagera nas generalizações. E faz descobertas extraordinárias que mais parecem relacionar-se com outras galáxias que não respeitantes ao chão que pisa. Surpreendente!
Tema II: Saraiva desentende
a crise do BCP-MILLENNIUM…
A precedente introdução veio-nos a talho de foice após a leitura da crónica do arquitecto-jornalista intitulada “A lição do BCP”, encaixada na rubrica “POLÍTICA A SÉRIO”, do semanário que dirige, edição de 03 de Novembro 2007.
Tal peça literária tem a marca impressiva de uma grande cabeça superlotada de confusões, de extravagâncias, de raciocínios inconsequentes, de interpretações fantasiosas, à mistura com uma desordenada inventiva que facilmente descamba em descobertas incríveis sem nexo com a realidade.
Comecemos por focar as “Descobertas”:
- “O BCP foi o primeiro banco popular”
- O BCP “era um banco democrático, um banco dos accionistas (…) .
Lê-se e nem se acredita. Saraiva classifica o BCP como banco popular iludindo o facto de ter sido aquela instituição bancária que fez exclusão sexual no quadro dos trabalhadores, também nos órgãos de gestão e que dividiu a clientela em duas categorias: a rica com tratamento VIP e a dos remediados; estes, atendidos com a suficiente tolerância. Para os últimos reservando inclusão na “Nova Rede”. Esta criada expressamente para os portugueses de segunda; assim segregando-os numa sucursal da casa-mãe, com o deliberado propósito de não haver misturas entre diferentes classes nos locais de atendimento dos clientes.
Outra afirmação absurda aquela de o BCP “ser um banco democrático”. Já que Saraiva não explicou, haja alguém que traduza por miúdos o que é isso de um banco ser democrático. Que, afinal, é um banco dos accionistas. Di-lo Saraiva. A esta contradição nós chamamos uma engraçada charada…
Se era de espantar este achado de um banco democrático e popular, mais complicado é aceitar que essa suposta característica do BCP se tenha revelado “subitamente a sua principal fraqueza: o seu calcanhar de Aquiles”. Calcanhar de Aquiles? Quem diria que essa saliência posterior do pé de Aquiles era pertença do BCP. Para maior desgraça: factor ou objecto de feitiço de maldição…
Outrossim impressionante a descrição que Saraiva faz de Jardim Gonçalves que a seguir transcrevemos: “Depois de pôr a funcionar uma máquina que revelou uma enorme eficácia, começou a crescer: como um tubarão num aquário, foi engolindo os bancos à sua volta: o BCM, o BPSM, o Banco Mello, até o gigante BPA”.
Se bem compreendemos a conversa de Saraiva o famigerado Jardim Gonçalves revelou-se um excelente maquinista e insaciável glutão. Após ter posto a especial máquina (“que revelou uma enorme eficácia”) a funcionar, Gonçalves - certamente embalado pelo efeito de inércia - começou a crescer. Não se satisfazendo e qual tubarão foi engolindo os bancos à sua volta. Inevitavelmente empanturrou… Onde já se viu um tubarão engolir bancos? Tubarão? Homem das cavernas da baixa pombalina? Uma coisa ou outra, deve ter uma grande garganta e um enorme estômago. Felizmente não rebentou como a rã da fábula…
Quando Saraiva escreve que foi surpreendente a escolha do ex-presidente Paulo Teixeira Pinto; que a inexistência de um núcleo familiar (ou de outro tipo) permitiu que o banco ficasse à deriva; e não refere que havia um núcleo “familiar”, precisamente (de outro tipo) constituído pelos “irmãos” da Opus Dei e que Teixeira ascendeu ao cargo por ser membro da irmandade; é evidente que o articulista está a subverter a realidade e a “ignorar” os dados que condicionaram a crise com que se debate o BCP-Millennium.
Uma realidade que se consubstancia nos seguintes dados:
- O BCP esteve sempre controlado pela Opus Dei. Através das participações accionistas nacionais e internacionais e dos seus testas-de-ferro.
- As posições cimeiras na administração de um banco são sempre ocupadas pelos detentores de maior percentagem de capital ou pelos seus representantes.
- Jardim Gonçalves, fundador e “manda-chuva” até ao ano passado no BCP-MILLENNIUM; Paulo Teixeira Pinto; que lhe sucedeu na presidência do Conselho de Administração e Filipe Pinhal, actual presidente; todos eles são membros da Opus Dei.
- Com o “andamento da carruagem” foram saltando para o comboio vários profanos.
- E não só. A Maçonaria, ao longo do tempo, discretamente, foi infiltrando a sua gente nos sectores vitais do banco, até atingir representação no patamar superior da administração.
- A crise no BCP-MILLENNIUM resultou das lutas internas entre facções da Maçonaria e da Opus Dei pela supremacia na gestão do banco. Que terá sido despoletada logo que Jardim Gonçalves se apercebeu que o BCP corria o risco de cair nas garras da fraternidade rival.
Por outro lado, e para melhor nos situarmos nas entrelinhas do texto de Saraiva, convém lembrar que “todo o mundo” sabe que o grande sustentáculo financeiro do semanário de Saraiva assenta nos capitais que carregam o odor do incenso das liturgias da seita católica fundada por Josemaria Escrivá Balaguer y Albás.
Tendo estes elementos em devida consideração surpreende que o escrito de Saraiva, pretensa análise da crise do BCP, composto de milhares de palavras, não contenha, pelo menos, as duas essenciais para bem ajuizar das causas determinantes e do real objecto da situação vigente naquela instituição bancária. São elas: OPUS DEI.
Daí, que do contexto do artigo de Saraiva se recolha a impressão que o autor está enfermo. Mais: a dúvida incide quanto à natureza da doença. Amnésia? Instabilidade psíquica que o traz distraído e afastado da realidade que o cerca? Ou que o torna ingénuo ao ponto de iludir as questões que se colocam à sua mente? Tratar-se-á de paralisantes efeitos colaterais de coacção psicológica ou de dependência económico-financeira? Quiçá medos inconfessos de anátemas da santa congregação - a assombrada e enigmática “Casa de Deus”?
Por último, deixamos o intrigante registo: “Cada accionista seguiu alegremente o seu caminho: uns ficaram ao lado de Teixeira Pinto, outros ao lado de Jardim Gonçalves e outros ainda ao lado de nenhum dos dois” (sublinhado nosso).
Então face a uma grave crise do banco os accionistas foram alegremente à vida?
Na perspectiva de Saraiva, boa rapaziada: desinibida, altruísta, com invejável desapego aos bens materiais. Bonito quadro… Pintado por um inspirado artista. O arquitecto-jornalista Saraiva.
E ficarem alguns “ao lado de nenhum dos dois”? Como assim? Que lado será esse?
Enfim, valha a circunstância de a grande cabeça pensante ser, em simultâneo, pensante, cabeça e grande…
Apoiando-nos cegamente na opinião do próprio e apelando à nossa escondida e virtuosa ingenuidade de jovem na casa dos setenta e tais anos, diremos que, possuído da parte saliente e arredondada da extremidade superior do corpo do cidadão José António Saraiva, o Pais está enriquecido…
Nós, indígenas, é que nos vemos às aranhas para dessa riqueza darmos conta… e fé.
Fim
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