Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

terça-feira, outubro 30, 2007

Um texto sem tabus…

“MENEZES QUER PRIVATIZAR QUASE TUDO”…

CHEGOU TARDE! PASSARAM-LHE AS PALHETAS…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

O Jornal de Notícias, do p. dia 15 de Outubro, titulava em primeira página: “Menezes quer privatizar quase tudo”. E destacava as seguintes privatizações: “Parte da Acção Social e da Saúde, deve ser entregue a privados, bem como portos, aeroportos e água”.

Ressalta das declarações de Filipe Menezes que ele se apresenta com grande ímpeto reformista.

Sobretudo, está determinado a fazer inúmeras privatizações se, por acaso, algum dia assentar no cadeirão do Poder.

Se bem interpretamos o pensamento do inquieto político julga ele que todos os males do País têm por causa o facto de haver vários sectores que escapam ao domínio dos indivíduos e empresas convenientemente posicionadas no campo capitalista. Entregá-los às entidades privadas seria a solução dos problemas que afectam a sociedade portuguesa.

Dando de barato que pudéssemos acreditar nas presunções do político Menezes, forçoso seria considerar que está a esquecer-se de um caso particularmente importante que, possivelmente, se tivesse concretização daria contributo inestimável para o êxito do seu abrangente programa de privatizações.

Se Menezes fosse coerente e perspicaz uma vez alcançada a chefia do Governo as primeiras iniciativas que tomaria de imediato seria privatizar o Governo e… privatizar-se a si próprio.

Convenhamos que lhe seria extremamente difícil dar esse corajoso passo. As resistências seriam muitas. As rasteiras e os obstáculos a vencer seriam imensos. E não se julgue que as maiores contrariedades viessem dos comunistas. Não!

Então, perguntar-se-á: mas que tamanhas dificuldades se deparariam a Menezes que obstassem a que se saísse airosamente dessa sublime tarefa?

Muito simples. Tanto quanto do mais complexo que se poderia imaginar se observássemos descontraidamente a situação à vista desarmada, sem necessidade de óculos de alcance preciso.

O primeiro grande (e repare-se que a palavra grande não cai aqui de pára-quedas) problema é que Filipe Menezes se chegasse ao “ponto de rebuçado” de ser gente grande no poleiro da governação estaria a chegar atrasado. De facto, o governo já está privatizado. Decerto que não o foi por força de qualquer legislação. A privatização decorreu ao compasso do tempo, sem a malta se dar conta. Com determinação e muita “discrição” há por aí uma família de “irmãos”, também designados “obreiros”, que têm a particularidade de habitarem lojas dissimuladas no tecido urbano e de “trabalharem em oficinas” (umas e outras não abertas ao público) que se foram apropriando do Estado e, consequentemente, dos governos, aos quais chamaram um figo (sem qualquer analogia suspeitosa com o célebre jogador de futebol).

Logo, nas presentes condições que previsivelmente se manterão até um dia de improvável ascensão (passe a antinomia) de Filipe Menezes à presidência da mesa do conselho de ministros, o novo chefe só conseguiria levar a sua avante se tivesse ânimo e força para desalojar a poderosa “família” que detém a posse do Estado.

Ora tudo leva a crer que o novo chefe do PSD nem sequer terá vontade para tal iniciativa.

O que quer dizer que o sonho de muitos portugueses de viverem sob a orientação de um governo privado fora da alçada da família maçónica, esfumava-se que nem nevoeiro numa manhã de verão.

Então, se instalado em S. Bento, dir-se-ia que o mandato de Menezes começava mal. Mesmo que ele conseguisse privatizar aquilo que foi enumerado e mais a virginal corrupção oficial, o angélico tráfico oficioso de influências e compadrios, as austeras câmaras municipais, as prestimosas juntas de freguesia, as simpáticas polícias, os desagradáveis cemitérios, as confortáveis prisões, os abandonados baldios, a gastadora RTP, a insípida RDP, a invejada Casa da Moeda, o acolhedor éden de administradores designado Banco de Portugal, as necessitadas universidades, as olvidadas escolas, os maltratados rios de Portugal, o pitoresco Sítio da Nazaré, as encantadas ilhas das Berlengas, as lindas e ameaçadas matas do Buçaco e do Gerês, o fantástico pinhal de Leiria, os invulgares coutos de caça do Alentejo, as magníficas gravuras rupestres de Foz Côa, os belos monumentos nacionais, os esquecidos museus, as imprescindíveis praias e toda a orla costeira, os três ramos das forças armadas, os solícitos serviços da Protecção Civil, as estradas nacionais, as pontes e viadutos de Lisboa, do Porto e de Coimbra, o Teatro Nacional D. Maria II, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, as regiões que Menezes traz na manga direita da farpela laranja e para além da água se conseguisse privatizar o ar que todos somos obrigados a respirar, mesmo com tudo isso e o que mais que, eventualmente, esteja inculcado na sua cabeça pensadora, faltar-lhe-ia o principal: a privatização do governo da República.

Em vista disso, talvez fosse melhor ir dando tratos à imaginação quanto à forma de concretizar a sua própria privatização. Não sendo a coroa da glória, pelo menos seria um prémio de consolação que se concedia à sua esforçada pessoa

Decididamente, Filipe Menezes chega tarde. Perdeu o comboio. Aquela discreta e solidária (entre si, note-se!) rapaziada do compasso e do esquadro, no que toca à apropriação do Estado, passou-lhe as palhetasDiga-se, que não só ao Menezes; também ao povo português.