Um texto sem tabus…
“MENEZES QUER PRIVATIZAR QUASE TUDO”…
CHEGOU TARDE! PASSARAM-LHE AS PALHETAS…
Brasilino Godinho
http://quintalusitana.blogspot.com
O Jornal de Notícias, do p. dia 15 de Outubro, titulava em primeira página: “Menezes quer privatizar quase tudo”. E destacava as seguintes privatizações: “Parte da Acção Social e da Saúde, deve ser entregue a privados, bem como portos, aeroportos e água”.
Ressalta das declarações de Filipe Menezes que ele se apresenta com grande ímpeto reformista.
Sobretudo, está determinado a fazer inúmeras privatizações se, por acaso, algum dia assentar no cadeirão do Poder.
Se bem interpretamos o pensamento do inquieto político julga ele que todos os males do País têm por causa o facto de haver vários sectores que escapam ao domínio dos indivíduos e empresas convenientemente posicionadas no campo capitalista. Entregá-los às entidades privadas seria a solução dos problemas que afectam a sociedade portuguesa.
Dando de barato que pudéssemos acreditar nas presunções do político Menezes, forçoso seria considerar que está a esquecer-se de um caso particularmente importante que, possivelmente, se tivesse concretização daria contributo inestimável para o êxito do seu abrangente programa de privatizações.
Se Menezes fosse coerente e perspicaz uma vez alcançada a chefia do Governo as primeiras iniciativas que tomaria de imediato seria privatizar o Governo e… privatizar-se a si próprio.
Convenhamos que lhe seria extremamente difícil dar esse corajoso passo. As resistências seriam muitas. As rasteiras e os obstáculos a vencer seriam imensos. E não se julgue que as maiores contrariedades viessem dos comunistas. Não!
Então, perguntar-se-á: mas que tamanhas dificuldades se deparariam a Menezes que obstassem a que se saísse airosamente dessa sublime tarefa?
Muito simples. Tanto quanto do mais complexo que se poderia imaginar se observássemos descontraidamente a situação à vista desarmada, sem necessidade de óculos de alcance preciso.
O primeiro grande (e repare-se que a palavra grande não cai aqui de pára-quedas) problema é que Filipe Menezes se chegasse ao “ponto de rebuçado” de ser gente grande no poleiro da governação estaria a chegar atrasado. De facto, o governo já está privatizado. Decerto que não o foi por força de qualquer legislação. A privatização decorreu ao compasso do tempo, sem a malta se dar conta. Com determinação e muita “discrição” há por aí uma família de “irmãos”, também designados “obreiros”, que têm a particularidade de habitarem lojas dissimuladas no tecido urbano e de “trabalharem em oficinas” (umas e outras não abertas ao público) que se foram apropriando do Estado e, consequentemente, dos governos, aos quais chamaram um figo (sem qualquer analogia suspeitosa com o célebre jogador de futebol).
Logo, nas presentes condições que previsivelmente se manterão até um dia de improvável ascensão (passe a antinomia) de Filipe Menezes à presidência da mesa do conselho de ministros, o novo chefe só conseguiria levar a sua avante se tivesse ânimo e força para desalojar a poderosa “família” que detém a posse do Estado.
Ora tudo leva a crer que o novo chefe do PSD nem sequer terá vontade para tal iniciativa.
O que quer dizer que o sonho de muitos portugueses de viverem sob a orientação de um governo privado fora da alçada da família maçónica, esfumava-se que nem nevoeiro numa manhã de verão.
Então, se instalado
Em vista disso, talvez fosse melhor ir dando tratos à imaginação quanto à forma de concretizar a sua própria privatização. Não sendo a coroa da glória, pelo menos seria um prémio de consolação que se concedia à sua esforçada pessoa…
Decididamente, Filipe Menezes chega tarde. Perdeu o comboio. Aquela discreta e solidária (entre si, note-se!) rapaziada do compasso e do esquadro, no que toca à apropriação do Estado, passou-lhe as palhetas… Diga-se, que não só ao Menezes; também ao povo português.
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