Caríssimas senhoras,
Caros senhores,
Aqui, as Marcelices.
O professor está bem relacionado com Deus.
E informou a malta que tem ideias geniais…
Continua acomodado ao soalheiro…
Cumprimentos.
Brasilino Godinho
“Marcelices”…
Do Prof. Seixa *
*Às vezes, designado Prof. Sousa.
Para quem não saiba, informamos que “seixa” é uma espécie muito apreciada de pombo bravo, esquivo, também chamada “sousa”, que não dispensa a conhecida variedade de fruta manga, vulgo “rebelo”.
Trata-se de um pombo traquinas de aspecto simpático que, todos os domingos, à noite, num programa televisivo, arrulha com desenvoltura e trejeitos que fazem as delícias da interlocutora.
Brasilino Godinho
http://quintalusitana.blogspot.com
A abordagem semanal que fazemos sobre a desgraça cultural que é o “BLOGUE”, inserto no semanário de Saraiva, da autoria do Prof. Seixa, está a tornar-se um sacrifício para nós, devido a termos consciência da vacuidade da matéria objecto da nossa atenção. Bem vistas as coisas até será uma perda de tempo. Dado que o professor não se convence do vazio, da banalidade, da inconveniência, do seu trabalho que nada acrescenta em abono das suas faculdades da alma. Pelo contrário. O professor desacredita-se. Embora encaixando na moda de tudo ser abordado pela superficialidade, dir-se-ia que o seu estatuto académico e a capacidade intelectual lhe vedariam esses devaneios burlescos que, incontestavelmente, o desacreditam. A nós não é fácil, nem agradável, fazermos as críticas daquelas ridículas notinhas com que presenteia os leitores todas as semanas. Mas fazemo-lo por uma questão de bom senso e de divulgação pública dos reparos que nos suscitam as intervenções de uma badalada figura que se expõe e, portanto, se sujeita a ser avaliado pelos semelhantes. Mau seria que uma singular pessoa, que passa o tempo e compõe os programas da comunicação social a criticar e a classificar tudo e todos, não despertasse a contrapartida de alguém que o conteste e lhe aponte não só as falhas mas, também, as muitas incongruências.
Pelo que se observa por Lisboa, arredores e pela paisagem envolvente de que falam os lisboetas, ninguém lhe passa cartão sobre este aspecto aqui ventilado. Estamos sós na praça pública, empenhados na reacção às intervenções do professor. O que é serviço do interesse da comunidade.
Esta semana, daquele incrível painel de notinhas, vamos destacar três de impressionante expressão de alguma coisa que se vê a olho nu… E uma quarta que merece a nossa total concordância.
Primeira notinha
“GREVES Afinal, vim na TAP para Paris. Acabou a greve na nossa transportadora. E começou a greve na Air France! Deus não dorme”.
Sim senhor! Muito bem! Os leitores ficaram radiantes em saber que o professor viajou num avião da TAP. Mais gostaram de tomar conhecimento que foi a Paris. Serenados ficaram os ânimos da malta pela informação, dada pelo autor do BLOGUE, de ter acabado a greve na TAP. Eventualmente, entristeceram-se com a indicação de que começara greve na Air France.
Todavia, impressão fantástica, sublime, transcendente e que pôs todo o mundo feliz, foi aquela singela observação que “Deus não dorme”. Agradáveis sensações despertas que, no entanto, não afastam o desconforto de nem se saber se Deus alguma vez dormiu. E onde? E como teria dormido? Mas – sejamos realistas - essa dúvida é de somenos importância. O que se sabe e prevalece é a circunstância de Deus não dormir. Só mesmo o Prof. Seixa para nos transmitir essa certeza…
Certo que nos podemos interrogar: o que tem esse predicado divino a ver com as greves da TAP e da Air France? Neste ponto, o professor fechou-se
Também importa salientar o relacionamento que parece existir entre o professor e Deus. Dá a ideia que o relacionamento entre a criatura Seixa e o Divino Criador é do género popular: tu cá, tu lá, sem cerimónias protocolares, embaraçosas reverências e complicados entraves burocráticos…
Sobretudo, os leitores terão ficado contentes, em estado de êxtase, porque havendo a suspeita da familiaridade do Prof. Sousa com o Deus da sua fé agora confirmou-se, através do testemunho do próprio, essa privilegiada relação…
Segunda notinha
“PASTÉIS Jantar a bordo, melhor do que o costume. Mas, genial, genial, foi a minha ideia de trazer pastéis de nata da Garrett. Que diferença!”.
O professor não deixa os seus créditos por mãos alheias. Fica subentendido que, exactamente, porque Deus não dorme é que o jantar a bordo terá sido melhor. Claro que um relacionamento daquela natureza divina não passou despercebido. A novidade correu célere e… pronto! Jantar melhorado…
Se acreditarmos no professor, ele tem ideias geniais. Aliás, no caso em apreço, duplamente geniais – como não se esqueceu de acentuar. Levou pastéis de nata da Garrett. Se tivesse ideias triplamente geniais, provavelmente, teria levado copinhos de leite de Cascais. Fazia mais sainete…
Como interpretar a interjeição final: “Que diferença!”? Qual diferença? O leitor que adivinhe…
Terceira notinha
“Como sempre que faço quando fico naquela zona, dei um pulo ao local onde morreu a princesa Diana”.
Não se percebe a fantasia do pulo a um local tão sinistro. E sempre que fica naquela zona repete a façanha. É de estranhar a obsessão e a morbidez do professor.
Quarta notinha
“SURREAL A exclusão de Gil Vicente, Eça e Cesário Verde dos exames de Português do 12.º ano. Já nem falo de Garrett e de António Vieira…”.
Não falou, mas deveria ter falado.
De completo acordo com a implícita censura.
Pena que a referência tivesse sido tão ligeira.
Em todo o caso, merece ser anotada e aplaudida.
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