Estimadas senhoras,

Caros senhores,

Aqui, as Marcelices.

O professor continua em grande forma…

Persiste em “obsequiar” os leitores com as suas bisbilhotices.

O signatário, pobre e mal agradecido, seu leitor atento, tem o maior empenho e a melhor vontade em dispensá-lo dessa (des)atenção…

Mas compreende o problema da criatura. Uma vez que estão em vias de extinção as mulheres de soalheiro…

E por que, como diz o professor, Deus não dorme!...

Há que penar. E ter a paciência de Job…

Cumprimentos.

Brasilino Godinho

“Marcelices”…

Do Prof. Seixa *

*Às vezes, designado Prof. Sousa.

Para quem não saiba, informamos que “seixa” é uma espécie muito apreciada de pombo bravo, esquivo, também chamada “sousa”, que não dispensa a conhecida variedade de fruta manga, vulgo “rebelo”.

Trata-se de um pombo traquinas de aspecto simpático que, todos os domingos, à noite, num programa televisivo, arrulha com desenvoltura e trejeitos que fazem as delícias da interlocutora.

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

Daquele incrível painel de apontamentos avulsos de uma presumida agenda pessoal, desordenada e confusa, rotulado de “BLOGUE” que, desgraça cultural, todas as semanas, ingloriamente, preenche duas páginas do semanário SOL, dirigido pelo arquitecto-jornalista Saraiva, subscrito pelo Prof. Seixa, respigamos algumas das notinhas de coisas insignificantes que lhe dão repelente corpo e fraquíssima alma. As quais, se constituem pérolas de desperdício de tempo e esbanjamento de atributos do autor e que, a seguir, transcrevemos para os leitores se aperceberem da sua transcendente importância sociocultural…

Primeira e segunda notinhas

“COLISEU Boa notícia. Abrunhosa em concerto a solo. No Coliseu de Lisboa. Em Fevereiro”

“JANTAR Aprazado, para breve, jantar na sua casa. Com Miguel Veiga.

Boa notícia? Lapso ou distracção do professor… Não é uma notícia. São oito boas notícias. Uma fartura… A saber: Concerto de Abrunhosa. Dado a solo. No Coliseu. Em Fevereiro, época de Carnaval. Jantar. Com o artista. Na casa dele. Companhia de Miguel Veiga.

Cheio de sorte, o professor ficou encantado. De tão contente até se assume como publicitário dos concertos do cantor nortenho.

A malta rejubila com a felicidade de Seixa e a valia das oito interessantes novas. Igualmente, celebra com entusiasmo a atenção e o zelo do professor para com o artista.

Pormenor não despiciendo: o professor vai jantar a casa do cantor Abrunhosa na companhia de Miguel Veiga. É de prever que esteja desperto o apetite. De um dos participantes? Qual? De dois? Quais? Dos três? É pena que o professor não tenha aprofundado este tema que, certamente, lhe dava oportunidade para desenvolver mais uma das suas habituais, brilhantes, dissertações. Assim, devido a este deplorável lapso, teremos que ter paciência e aguardar uma próxima notinha a dar-nos notícia do meio ambiente, da ementa e das formas de activar a tarefa cultural associada à deglutição do bolo alimentar, exercitadas por cada um dos comensais durante o encontro aprazado. Também com enorme expectativa se esperam as respectivas classificações atribuídas pelo Prof. Seixa aos desempenhos de Abrunhosa e Miguel Veiga; sem o examinador se esquecer de se classificar a si mesmo. Aqui radicada a curiosidade que vai tirando o sono de muitos leitores do professor… Alicerçada na presunção de que com acontecimentos desta natureza se valorizam o folclore e a animação artística da nossa melhor sociedade… com eventual reflexo no progresso da indústria de restauração localizada na Ribeira do Porto.

Terveira notinha

“AFILHADO Já 35 anos do Zé Germano (filho do ex-bastonário dos médicos, Germano Rego de Sousa). No Hotel Baía. Ainda me lembro dele, com 8 e 9 anos, a jogar hóquei em patins, no terraço da minha casa, com os filhos Nuno e Sofia. Parece que foi anteontem”.

Outra boa lembrança do professor. Era urgente dá-la a conhecer ao público.

O que seria do País, do Estado e da Nação, se o Prof. Seixa não tivesse destas lembranças e nem fizesse a mercê de as transmitir ao respeitável público? Todos temos a indeclinável obrigação moral de lhe estarmos gratos: o professor a si próprio, o público, o Zé Germano, o respectivo papá Germano Rego de Sousa e os filhos do divulgador do aniversário: o Nuno e a Sofia… Ah! Já nos esquecíamos do Hotel Baía. Este também deve agradecer. Pelo menos, por não ter sido esquecido…

No entanto, inquieta-nos a dúvida quanto à referência ao Hotel Baía. Parece que este estabelecimento hoteleiro caiu de pára-quedas no meio daquela confusão toda de nomes, de idades, de jogos de hóquei em patins, de terraço, de casa. Uma complexidade de se lhe tirar o chapéu… Espera-se que com a “queda” não se tenham registado muitos estragos…

Quarta notinha

“SOFIA Jantar com a filha Sofia. A capacidade ilimitada de amar a vida. Demais? Nunca é demais”.

Para não variar, outra boa novidade: o professor no dia 1 de Novembro, do corrente ano, jantou com a filha Sofia.

Quem, por essa Lisboa das sete colinas, não rejubilará de saber que o Prof. Seixa jantou com a filha. Que a menina se chama Sofia. E que ela, filha ou ele, pai, se contemplam na “capacidade ilimitada de amar a vida”. Há que felicitar o professor e a Sofia. Pela “descoberta” da capacidade ilimitada de amar a vida e por lhes estar arredada a hipótese de serem possuídos da capacidade limitada de amar a vida. Se assim fora era uma chatice de todo o tamanho. Safa!

Tal afirmação do professor suscita-nos a oportunidade de, nesta crónica, citarmos a nossa capacidade ilimitada de odiar a morte. Fica este registo pessoal do Godinho para que não se diga que só o Prof. Seixa tem ideias brilhantes… Permitam-nos que, a título excepcional, tomemos um pouquinho de vaidade; embora sem o lenitivo da água benta que, regularmente, acompanha o professor…

Podemos descansar. O professor assevera que a “ilimitada” veio para ficar como o Toyota… Ele disse: “Nunca é demais”. Está dito. Resta-nos acreditar…

Quinta notinha

“FICOU António Salvador ficou na presidência do Sporting de Braga. Ironias do destino: antes da saída de Jorge Costa e dos 3-0 do Leixões, a minha alegria seria eufórica. Agora, depois do sucedido, sinto-me apenas vagamente satisfeito”.

Mais boas notícias de arregalar o olho do gentio ligado ao futebol.

Deduz-se que ao professor qualquer pequena coisa respeitante à bola o deixa em estado eufórico.

Nota enternecedora: Todo o mundo se rebola de gozo com a circunstância de, às vezes, o professor se sentir “vagamente satisfeito”.

Concluindo: Ditosa Pátria e felizarda Nação que se podem dar à ambição, ao luxo, ao prazer e á euforia, de desfrutarem das oportunas, inebriantes, prestimosas e culturais, notinhas do Prof. Seixa - o famoso alfacinha, reputado mestre de Direito.

Fim