493. Apontamento
Brasilino Godinho
01/Setembro/2020
PORTUGAL, COLÓNIA INGLESA?
Penso que, de facto que não de Direito e muito ao jeito de torto, há por aí dispersos demónios à solta que, afincadamente, estão diligenciando tornar esta nossa Pátria a terceira colónia da Europa, acrescentando-a ao rol das outras duas: colónia espanhola de Olivença e colónia inglesa de Gibraltar.
Portugal, segunda colónia europeia do Reino Unido – o que para a gente inglesa se apresentará como muito atraente e compensador do que está sendo o desaire dos prejuízos decorrentes do Brexit.
Urge saber o que resta neste país: de brio, de dignidade, de sensatez, de pujança em termos de suficiência e operosidade capaz de se opor vigorosamente a tão indecoroso propósito de amesquinhamento da nação portuguesa.
A trilha de tal rumo teve início com o casamento de D. Filipa de Lencastre e D. João I, prosseguiu com a regência do marechal Beresford e tomou desenvolvimento com a inglesa ocupação turística do Algarve no século passado, a habituação das ementas dos restaurantes inscritas em língua inglesa e os hasteamentos da bandeira inglesa a dar a indicação simbólica de ocupação do território.
Já no século XXI o uso do idioma inglês tornou-se chique a ponto extremo de os governantes e os intelectuais das lisboetas “Avenidas Novas” pretenderem dar-se ares de poliglotas para embasbacar a malta saloia da alfacinha capital do reino da bicharada em que o país está convertido.
E a pretextos vários, mormente o de o inglês ser de uso na linguagem científica há em Lisboa uma Faculdade de Economia que praticamente baniu o português. Enquanto nas universidades portuguesas se vai generalizando a prática de designar programas, teses, estudos, serviços e matérias várias, na língua inglesa.
Por outro lado, crescem como cogumelos na zona de Trás-os-Montes, os estabelecimentos comerciais, os espectáculos, as músicas, os livros e os textos inseridos na imprensa e nas televisões, com nomes ingleses.
Como se tudo isto fosse pouco de contribuição para inglesar a sociedade portuguesa e dando sugestão de que há intuito de acelerar a descaracterização da portuguesa sociedade, o chefe da governação veio hoje, à hora do almoço, anunciar com aparato publicitário que o governo acaba de criar um serviço de aplicação referenciado ao coronavírus conferindo-lhe a denominação de STAY AWAY COVID.
Não sendo a Língua Portuguesa desprovida de riquíssimo léxico, o qual deveria ser aplicado com persistência, firme determinação e a mais ampla abrangência, há que relativamente a este grotesco e absurdo expediente de inglesar o que quer que seja, ficarem os portugueses cientes de que mais uma vez, a nível governamental, se desprezou a língua materna, subalternizando-a com a maior ligeireza e despudor. Direi mesmo: ser ela per se uma atitude indecente e condenável!
Prosseguindo esta política de abastardamento nacional e de afrontamento grosseiro ao idioma português, não tardará muito que mal nos entendamos em português. Visto que o ensino de português está relegado a um plano secundário (residual, nalguns estabelecimentos de ensino), enquanto prosseguem incentivos ao uso corrente da linguagem inglesa e se intensificam aprendizagens de inglês e de chinês nas escolas e universidades portuguesas.
Parece, assim, desenvolverem-se condições propícias para que, a breve trecho, Portugal seja transvertido numa colónia inglesa.
O que nalgumas mentes monárquicas lusitanas se julga facilitado pela existência de um pretensioso, configurado fidalgo Duarte (de sua graça), que, inconsolável e frustrado pretendente ao trono português, estaria naturalmente indicado para ser delegado de Sua Majestade Rainha Isabel II, do Reino Unido, desfrutando do pomposo título de Governador-Geral de Portugal… (dir-se-ia ser um prémio de consolação… embora representasse uma desconsolação para o seu ego).
Mas considerando que não se deve dar crédito a devaneios antipatrióticos, nem facilitar-lhes a nefasta prossecução, impõe-se que os portugueses repudiem - com veemente firmeza de ânimo - tal fatídico desígnio de Portugal transformado em colónia inglesa, tido por gente que se mostra predisposta a renegar a Pátria. E que prosseguem nesse intento, tendo começado por desprezar a língua materna.
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