450. Apontamento
Brasilino Godinho
29/Junho/2020
ESTOU CIENTE QUE TENHO RAZÃO
MELHOR SERIA QUE NÃO TIVESSE
01. Os dados explícitos
Sobre a dramática situação da nação portuguesa no
que concerne de consequências nefastas da proliferação do vírus corona, não
estão em cima ou por debaixo da mesa do estúdio de TV onde se costumam sentar
as duas senhoras da portuguesa Saúde mal-amanhada. E a razão de tal
circunstância é simples e de fácil enunciação.
É que tais dados - tendo a caracterização de muitíssimo reportarem
os efeitos contagiosos e mortíferos do “inteligente” vírus, de bastante documentarem
as declarações, contradições, desorientações e inaptidões, das duas criaturas
vedetas da TV que tanto têm vacilado na luta burocrática que desenvolvem,
ligeiramente aparentada com a sabedoria científica - têm sido expostos na
montra pública da fachada da DGS e dessa exposição os jornais, rádios e
televisões dão notícias e fornecem reportagens. Daí que se possa dizer que os
portugueses dispõem de algum conhecimento do que se passa em Portugal no domínio
do estado sanitário do país, concernente ao surto da Covid-19.
Escrevemos que os portugueses têm algum
conhecimento. Não o completo, verdadeiro estado calamitoso em que nos
encontramos. No que concerne aos números de infectados e de mortos, não fazemos
ideia exacta; visto que em Portugal, como em todos os países do Mundo, o
Governo não apresenta números confiáveis; sempre a pretexto de não provocar
grande alarme público ou porque os serviços mais preocupados com as tarefas de
atendimento dos enfermos, naturalmente descuram o apuramento dos dados
estatísticos.
Por isso digo que estamos longe de apreender a
gravidade da situação.
E ela não só consequência do desacerto, inoperância
e impreparação, da autoridade sanitária que tem comandado a luta contra a
Covid-19; mas, também, da deseducação de franjas da população que não cumprem
elementares normas de salvaguarda de saúde quer no plano individual do
indivíduo, quer no âmbito do colectivo dos cidadãos.
A triste e preocupante realidade é que também temos
intramuros uma terrível e devastadora epidemia: a do vírus da deseducação.
Tome-se consciência que a pandemia veio
proporcionar a visão abrangente da imensa deseducação, da prevalecente
indisciplina e da detestável, consentida, anarquia, existentes na nação
portuguesa.
Todos os negativos factores, ora aqui enunciados,
conjugam danos irreparáveis que se objectivam em pessoas e bens materiais e
concitam o agravamento dos males e das desgraças nos próximos meses.
A pandemia alastrou a Portugal, no transacto mês de
Fevereiro. Nesta altura são contados seis meses de continuada luta que muito
tem cansado até à exaustão, médicos, enfermeiros e outros profissionais dos
serviços hospitalares. No entanto, os casos de contagiados e de mortos
sucedem-se à cadência de centenas por dia.
País da periferia da Europa, como se não bastasse a
sua cada vez mais insignificante posição no continente, é no presente aquele
que, em comparativos termos de percentagens das populações, é o mais atingido
pela Covid-19 – segundo os dados fornecidos por entidades internacionais.
Da área governamental e face a tão negro quadro
sanitário, a toda a hora vem a informação: tudo está a decorrer normalmente.
Uma normalidade inserida no arrepiante contexto da
portuguesa anormalidade pandémica.
02. “Ó
freguês: Vai umas castanhinhas, quentes e boas?”
Os leitores me desculpem o atrevimento de aqui
reproduzir o pregão da simpática vendedora de castanhas assadas que todos os
anos, na época própria, nas proximidades da Praça General Humberto Delgado, em
Aveiro, mas vende de vez em quando, sempre que me apetece ter o regalo de as
comer.
O atrevimento me foi induzido por associação de
ideias à circunstância de hoje ter sido um dia em que, inesperadamente, me
estalaram as castanhas na boca, face às quatro notícias que passo a transmitir.
Primeira: “Covid-19: Líder do PSD
acusa DGS de não estar à "altura do problema".
Segunda: As senhoras da Saúde
mal-amanhada declararam que os Hospitais de Lisboa têm capacidade para
enfrentar hipotéticos agravamentos da pandemia.
Terceira: Presidente Medina, da
Câmara Municipal de Lisboa, “exige” substituição das dirigentes do sector da
Saúde e as acusa de serem responsáveis pelo fracasso da luta contra o vírus.
Quarta: Bastonário da Ordem dos
Médicos disse aos jornalistas que os Hospitais de Lisboa não têm capacidade,
para se ocuparem no tratamento de infectados do vírus corona.
Comento:
Desde de Março que venho batendo
na tecla: o sistemático e deplorável desnorte, das duas senhoras (directora-geral
e ministra) na orientação e programação das medidas para levar de vencida o
maldito vírus. E sugerindo a bondade de alguém responsável as libertar de um
tão pesado encargo incomportável para as suas debilidades funcionais,
amplamente demonstradas ao compasso do tempo.
Vão decorridos seis meses desde
que a Covid-19 entrou em Portugal, não à sorrelfa, pela porta do cavalo do Casino
do Estoril, mas pelos aeroportos que lhe estenderam a passadeira vermelha e,
pasme-se! só agora é que o líder do PSD e o presidente da Câmara Municipal de
Lisboa se aperceberam que a senhorama que tem o encargo de bem conduzir a luta
contra o mortífero vírus “não está à altura do problema” ou que sendo
responsável pelos fracos resultados que tem alcançado, se torna urgente ser substituída.
Por outro lado, o próprio chefe
do Governo há dias, no Infarmed, quando ministra falava, bradou-lhe: É mentira!
(o que ela estava dizendo). Violento puxão de orelhas dado em público que
desacreditou ministra e desqualificou o chefe do Governo.
Quanto à afirmação do Bastonário
da Ordem dos Médicos repare-se que ela nega estarem os hospitais de Lisboa em
condições de tratarem infectados que a eles acorram.
Também hoje foi dada informação
pública de que, nas últimas 24 horas, houve transferências de doentes para
estabelecimento hospitalares localizados fora do perímetro da capital.
Tudo o que fica relatado
evidencia que havia razão de, em tempo oportuno, ter logo sugerido que as duas
senhoras da Saúde mal-amanhada deviam ser substituídas. Talvez se tivessem
poupado muitas vidas. Porém, certamente, não teriam ocorrido muitas cenas
tristes e repreensíveis em que elas muito mal ficaram nas fotografias das
intervenções televisivas. E outras patéticas como a citada da autoria do
primeiro-ministro.
Uma nota quero acrescentar: as
intervenções do líder do PSD e do presidente da autarquia lisboeta, não as
considero providas de qualquer rasgo de apoio às minhas posições assumidas relativamente
á delicada questão em apreço nesta crónica. Não as tinha que esperar e, de todo,
as dispenso. Basta-me ter consciência de que estou em sintonia com o interesse
nacional e o zelo que cumpre cuidar em defesa de um povo tão maltratado pela
desgovernação do País.
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