Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

quinta-feira, abril 23, 2020



A BRASILIANA CRIATURA FACE AO
MAGNIFICENTE ETERNO FEMININO
(Continuação)

Parte II
  
Por Brasilino Godinho

Dos “machos latinos” que se mostram muito afeiçoados às pessoas do sexo feminino e afeitos a diversas aventuras amorosas e dessas exibições e hábito fazem alarde grotesco e presunçoso, é costume dizer-se que têm um “fraquinho por mulheres”. 

Sem partilhar a patética e extravagante expressão da pretensa viril condição de latinidade e do exibicionismo de tal espécie animalesca, devo informar que não tenho um fraquinho por mulheres. Pela simples e determinante razão de ter, sim, um abrangente fortíssimo por mulheres… 
E com elas desde a infância fui convivendo e apreendendo o potencial de capacidades múltiplas que lhes é próprio e que tão valioso se demonstrou na formação da personalidade brasiliana.

Logo nos tempos de meninice fui beneficiando dos carinhos da mãe, das avós e tias e de mimos das senhoras que me iam conhecendo ou cruzando-se comigo Também tendo agrado do companheirismo das vizinhas parceiras de brincadeiras infantis, E logo nesses tempos em mim se foi radicando paulatinamente um sentimento de afeição e de admiração, mesmo de respeito, para com as meninas, das quais apercebía subtis diferenças comportamentais e de sensibilidade relativamente aos meninos.

O ter partilhado convívio fraterno durante a infância e a adolescência com a minha irmã Carmen (dois anos mais velha) foi gratificante e enraizou os sentimentos latentes desde a infância relativamente à pessoa feminina.
Desse relacionamento intrafamiliar, só tenho uma razão de queixa; da qual, conservo residual lembrança reportada aos desagradáveis acompanhamentos de minha irmã sempre que ela ia à cabeleireira D. Júlia Faria, cujo salão se situava no 1.º andar de um edifício onde no r/c existia a loja de fazendas Valério, na Rua Infantaria 15, da cidade de Tomar.   

Digo: sem culpa formada por parte da minha irmã; porque ela não era tida, nem achada em tais circunstâncias.
Os meus pais obrigavam-me a acompanhá-la na ida e a buscá-la no regresso. Era uma grande estopada. Pois que na altura do regresso acontecia ter de esperar largo tempo – chateado que nem um peru, especado à porta de entrada - que ela descesse as escadas do salão, visto que a “permanente” demorava sempre mais tempo a fazer do que tinha sido previsto na ida.

Nos tempos da frequência da Escola Industrial e Comercial Jácome Ratton, em Tomar, tive interessantes relacionamentos com colegas e o privilégio de, na condição de aluno adolescente, aí com dezassete anos de idade, dispensar culto de veneração a uma lindíssima professora de Português, com quem tive um desaguisado decorrente de uma redacção por ela indicada como trabalho de casa e tendo por tema a apreciação do aluno sobre a personalidade da própria professora.

De que ela se havia de lembrar! E não é que o Brasilino elabora uma redacção que, embora formulada em termos respeitosos, exalta a corporal beleza física, os lindos olhos, emoldurando um belo rosto, encimado por uma cabeça bem modelada onde resplandece uma farta cabeleira loira, o fascinante altar-mor, o requebro do andar pausado e imponente, o tom de voz suave e cativante, sem esquecer a capacidade de transmitir conhecimentos e bem leccionar a matéria concernente à disciplina de Português. 

Um texto atrevido, pleno de ironia, qual ramalhete especial que, inequivocamente, retratava o esplendor da pessoa e suscitava a admiração de quem (Brasilino Godinho) preza a Beleza em toda a sua pujança, fortaleza e magnitude.

Porém, a professora não esperando tal atrevimento do adolescente Brasilimo, não gostou do que leu e… “vingou-se”! Chumbou o Brasilino! Ficou mal configurada na fotografia. Não fiquei minimamente agastado, Tinha sido solicitado a escrever sobre ela. Limitei-me a cumprir! Expondo em letra de forma as impressões que tinha recolhido sobre a professora. Traduzi o que sentia, consciente de que a reacção da professora talvez fosse aquela que veio a expressar. 

Outrossim, assumindo a responsabilidade do acto em consonância com a norma, já então por mim praticada no pessoal viver quotidiano, de sempre ser igual a mim mesmo – jamais usando máscaras de encobrimento e de fingimento. 

Devo esclarecer que não se me ocorreram então – e nos longos anos que conto de vida - quaisquer ressentimentos pela professoral atitude e pela reprovação da disciplina.
Até por que me revejo, com aprazimento, no teor e na significação da referida peça escrita que acabou por ser a minha primeira exultante apologia manuscrita daquilo que designo por eterno feminino. 

Sem dúvida que tal redacção é um inesquecível marco histórico na longa vida escolar/académica e no historial literário de Brasilino Godinho.

Legenda da foto:
Peru chateado que nem Brasilino Godinho... em 1947, em Tomar, especado, nalgumas ocasiões.