A DRAMÁTICA IRONIA: A “REVOLUÇÃO DOS CRAVOS”
SER COMEMORADA POR QUEM MUITO A TEM TRAÍDO
Brasilino Godinho
21 de Abril d 2020
01. Na manhã do dia 25 de Abril de 1974, rejubilei
quando soube que estava decorrendo a Revolução.
Depois ao tomar conhecimento do programa
revolucionário fiquei muito satisfeito. A liberdade que, finalmente, se
vislumbrava, a instauração de uma justa, equilibrada, sociedade, o
desenvolvimento do País e as risonhas perspectivas de melhores condições de vida
para os portugueses, constituíam fascinante horizonte que se deparava ser um
atraente sonho que se iria concretizando ao compasso do tempo.
E no ano seguinte tive uma agradável sensação ao
votar nas primeiras eleições livres de Portugal.
Por entretanto e a breve trecho se irem operando benéficas
transformações na sociedade portuguesa beneficiei de uma muito ansiada decisão
administrativa pela qual me foi anulada uma injustiça praticada durante alguns anos;
a qual, bastante me prejudicou e a minha família. Esta afirmação aqui formulada
para acentuar que tenho uma dívida de gratidão para com a” Revolução dos Cravos”
pela qual mantenho elevado apreço.
02. Estou à-vontade para dizer que considero a Revolução
de 25 de Abril de 1974, uma revolução traída. E assinalo: traída, exactamente,
por quantos partidos e políticos oportunistas e sectários, sem ética, sem moral
e notoriamente sem apego à POLÍTICA e sua atinente dimensão ética, porque
destituídos da imprescindível formação conectada com ela na sua intrínseca natureza
de arte/ciência de bem zelar e administrar a Nação.
Um procedimento traiçoeiro que ocorre diariamente e
que tem sede operacional nos sectores vitais e organizativos do Estado.
03. Um estado a que chegámos de desorientação, de
violação de direitos, de degradação cívica e institucional, de exploração, empobrecimento,
miséria, sofrimento e mortandade de cidadãos, de intensa desagregação social e
de desprestígio do país que perdeu a sua soberania e é hoje refém do capital
internacional e dos grandes grupos económicos/financeiros, com primazia dos
chineses.
04. Portanto tem completo sentido que aqui expresse
a realidade que os visados pretendem encobrir ardilosamente:
A DRAMÁTICA IRONIA: A “REVOLUÇÃO DOS CRAVOS”
SER COMEMORADA POR QUEM MUITO A TEM TRAÍDO.
Quer por actos, quer por atitudes, quer por
palavras, quer pelos maus exemplos dos seus comportamentos ilegais.
Essa gente se apropriou abusivamente da Revolução
em proveito próprio.
05. Pelo que me cumpre exteriorizar num contexto de
civismo, por obrigação de me respeitar a mim mesmo, por honrar a memória de
tantos portugueses mortos pela Covid-19, por enorme apreço e grande
reconhecimento pelos médicos e enfermeiros que a todos os minutos das suas
vidas as estão arriscando nos tratamentos dos infectados pelo vírus corona e,
ainda, por repúdio da hipocrisia que ao cerimonial da Assembleia da República lhe
está subjacente; eu respeitando, escrupulosamente, a determinação oficial de
isolamento e distanciamento social, vou distanciar-me da celebração da
Assembleia da República pretensamente rotulada de comemoração do 25 de Abril,
fechando o aparelho de televisão durante o horário da respectiva transmissão e,
recolhido durante alguns minutos, vou ficando ocupado a evocar a pureza do
ideal da memorável data.
Estou crente de que muitos portugueses que estão
imbuídos do genuíno espírito do 25 de Abril me vão imitar.
Nota
suplementar: Tal como aconteceu com as Câmaras Municipais e outras
instituições, a Assembleia da República, logo no início da pandemia, devia ter
encerrado e cumprido a determinação oficial. Deu um mau exemplo! Aliás,
conforme é de sua prática.
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