A MINHA CELEBRAÇÃO DE NATAL:
IR AO ENCONTRO
DE EU MESMO
Brasilino
Godinho
07/Janeiro/2020
TOMO X
COM EMOÇÃO E
DELEITE
PERCORRENDO OS
ESCANINHOS DA IDADE ADULTA
Minha estadia nos Açores decorreu no período de dois
anos contados entre 12 de Maio de 1954 e meados de Maio de 1956. O regresso foi
por via marítima, no paquete Carvalho Araújo. Viagem muito incómoda, e
repetição do mal-estar da viagem de ida, no paquete Lima. Nunca mais efectuei
viagens de barco de longo curso. Mesmo as poucas realizadas na travessia do
Tejo, em Lisboa, me deixavam um pouco estonteado. Seguramente, que nem servia
para marinheiro de água doce.
Para Brasilino Godinho a temporada vivida na cidade de
Ponta Delgada foi muitíssimo importante sobre os mais diversos aspectos.
Gostei bastante da cidade. Apreciei, sobremodo, ter
desfrutado da oportunidade de aprofundar prática e competência profissional na
área de engenharia rodoviária e urbanismo.
Mas, sobretudo maravilhoso e gratificante, foi conhecer
a minha futura mulher que, cabal e amorosamente, preencheu a minha
multifacetada vivência de cidadão responsável e chefe de família durante
dezenas de anos.
Inesquecíveis os momentos passados na companhia da
Luisinha; em trajectos amorosos de namoro pelas ruas e avenidas de Ponta
Delgada, com pausas tidas nos jardins, ambos sentados num banco.
Recordo com o maior aprazimento as vezes que no Jardim
do Colégio, sentados no banco encostado ao monumento de Antero de Quental, conversávamos
despreocupadamente sobre os mais diversos assuntos com enlevo e sem nos darmos
conta do fluir do tempo.
Escrevi aprazimento, Também pelo simbolismo e estranha
coincidência de nesse jardim estarmos junto do extraordinário poeta Antero de
Quental; o qual, marcando presença espiritual, terá sido confidente dos nossos
diálogos. Naqueles momentos, provavelmente, se terá registado o premonitório
encaminhamento do espírito anteriano para o distante espaço temporal de 2013 ao
encontro da alma brasiliana; esta, então, em rota de doutoramento da criatura
Basilino Godinho que a acolhe no seu ser.
Este um caso extra-sensorial bastante estranho e que
me sobressalta o espírito; dado que eu sendo pessoa que tem boa memória de
todos os factos mais relevantes do seu percurso de vida, não consigo lembrar-me
como me surgiu a ideia da tese doutoral ser sobre a figura e a obra de Antero de
Quental, nem das circunstâncias em que tomei a decisão sobre o tema anteriano da
referida tese.
Também o facto de, ultimada a defesa da tese, ter
proposto publicamente o nome de Antero de Quental para designação da
Universidade dos Açores terá sido, sem qualquer dúvida, uma retribuição do
Brasilino Godinho; afinal, o reencontro dos espíritos brasiliano e anteriano,
no quadro de um acto académico de exaltação do grande poeta açoriano; uma das glórias
da História Literária de Portugal e figura destacada da Literatura Universal.
Uma observação peremptória posso formular: naquele ano
de 1956 quem diria que o meu Doutoramento e a respetiva tese sobre Antero de
Quental se concretizariam em 05 de Julho de 2017 e na cidade de Aveiro?
Decerto, que nem o famoso bruxo de Fafe…
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